Político de Sorocaba é detido sob suspeita 'lavar' dinheiro



O advogado de Carlos Dias Chaves diz que o inquérito policial provará a inocência dele

Leandro Nogueira 
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Adriane Mendes
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A prisão preventiva do presidente regional do Partido Humanista da Solidariedade (PHS), microempresário e até então tesoureiro da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), Carlos Dias Chaves, 65 anos, foi prorrogada ontem pela Justiça Federal por mais 15 dias, de acordo com o advogado de defesa, Claudinei Fernando Machado. Segundo Machado, Carlos Chaves é acusado por crime de lavagem de dinheiro, contra o sistema financeiro nacional e formação de bando ou quadrilha, mas está confiante que o inquérito da própria polícia provará a inocência dele. 

O advogado declara ter sido informado que Chaves divide uma cela com outros nove homens, no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba, no bairro Aparecidinha. Ele foi detido em Sorocaba, no dia 4 de agosto pela Polícia Federal (PF), na operação "Paraíso Fiscal", que prendeu outras sete pessoas, uma delas em Itapetininga e os demais em Osasco e Barueri. A maioria é de auditores fiscais acusados de provocar supostos prejuízos de até R$ 3 milhões em impostos, por meio de fraudes na Receita Federal. A Justiça ainda determinou a quebra do sigilo bancário e o bloqueio de contas de Chaves.

A prisão de Chaves foi motivada por indícios que ele atuaria no mercado de câmbio ilegal. Dois mandados, um de prisão e outro de busca e apreensão contra o político e microempresário de Sorocaba e seus pertences como computador e mídias (CDs) foram expedidos na 2ª Vara Federal Criminal Especializada em Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional e Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores, pelo juiz federal substituto, Marcio Ferro Catapani. O jornal Cruzeiro do Sul obteve informações que a PF considera que Carlos Chaves e o auditor fiscal José Geraldo Martins Ferreira atuariam em aparente parceria na operacionalização de compra e venda de moeda estrangeira e na evasão de divisas. O auditor Ferreira ocupava o cargo de chefe da equipe de fiscalização e foi detido em Itapetininga. Ele é pai do secretário municipal de Trabalho e Desenvolvimento de Itapetininga, Geraldo Minoru Tamura Martins.

O advogado Claudinei Fernando Machado declara que Carlos Chaves foi detido porque uma das empresas que possui, a de fomento mercantil (factoring) mantinha negócios com uma franquia de escola particular instalada na cidade de Indaiatuba, cuja propriedade é de um familiar do auditor Ferreira. Segundo o advogado, o auditor teria intermediado o contato entre a escola e a factoring de Chaves. "(...) por conta desse negócio (entre a escola e a factoring) os contatos foram investigados por meio de grampo. Muitas vezes, sem nada a ver com o peixe, acaba caindo no grampo também"", disse Machado a respeito do cliente Chaves. O advogado de defesa acrescentou que no momento da prisão, Chaves declarou aos policiais federais que sequer conhece os demais auditores. E enfatizou que a lavagem de dinheiro só existe quando a origem do recurso é produto de crime, situação diferente das transações de factoring realizadas por Chaves.
 
Estratégia da defesa 
A estratégia da defesa de Carlos Chaves é aguardar a conclusão do inquérito policial que está sendo feito pela PF e torce que isso ocorra em menos de 15 dias. Informa que pedirá à Justiça para que Carlos Chaves seja solto para responder em liberdade assim que o inquérito da PF for concluído. "Uma vez concluídas as investigações, cessa-se também o motivo da prisão cautelar", argumenta o advogado de defesa. Quanto à suspeita de que agiria como doleiro, a versão da defesa para descartar tal prática é a de que Chaves trocava dólares para facilitar a vida dos clientes da agência de viagens que possui e a moeda era adquirida em bancos oficiais e com declarações.

Machado afirma que, como as transações entre a escola do familiar de Ferreira e a empresa de factoring de Chaves eram absolutamente lícitas, a principal prova do não envolvimento com os auditores suspeitos será exatamente a investigação da PF. "Confiamos na conclusão séria, sem nenhum tipo de sensacionalismo ou tendência no sentido de comprovar o não envolvimento do senhor Carlos Chaves com os motivos determinantes dos desvios de conduta dos auditores da Receita (Federal)", declara o advogado. Chaves autorizou o contador a fornecer todas as declarações de renda e bens para a investigação porque, segundo o advogado, o suspeito está absolutamente confiante na própria inocência.
 
Associação Comercial 
O presidente da Associação Comercial de Sorocaba, Nilton da Silva César, o Nilton 13, disse que o cargo de tesoureiro foi preenchido interinamente na semana passada, tendo em vista o não comparecimento do empresário Chaves por dias seguidos. Na quarta-feira, quando falou com o Cruzeiro do Sul, Nilton 13 disse surpreso com a notícia da prisão, afirmando ter ficado sabendo pela reportagem. O presidente não acredita que a prisão do tesoureiro possa denegrir a imagem da entidade, pois entende que "ele preenchia todos requisitos quando assumiu o cargo, e não temos bola de cristal para saber o que vai acontecer no futuro."

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