Nesta manhã apenas um médico atendia na Santa Casa de Misericórdia.
Provedor afirma que problema será resolvido ainda nesta semana.
Nesta segunda-feira (5) Marli Aparecida Marques, 41 anos, chegou ao pronto-socorro da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba às 6h30 à procura de atendimento e às 15h30 abandonou a fila sem ter conseguido sequer falar com um médico. No saguão da unidade, dezenas de pessoas aguardavam - algumas por mais de 10 horas - por atendimento, mas apenas um médico trabalhava durante a manhã. A falta de médicos e o aumento da demanda de pacientes estão por trás do problema, segundo a diretoria da unidade.
"É uma pouca vergonha. Crianças, idosos, gente sem comer há horas e ninguém recebe atendimento. Desrespeito total com a população", disse Marli, que antes de deixar o PS pediu uma declaração para apresentar no trabalho. "Se eu não levar, meu chefe não vai acreditar que passei nove horas em um hospital. E o pior: saí sem atendimento", afirmou.
O laboratorista Benedito de Andrade, 79, foi ao PS queixando-se de dores na região do abdome. Mesmo após quase oito horas de espera, ele dizia que aguardaria até ser atendido. "Na minha idade, prefiro não abusar. Essa dor apareceu do nada e não quero ir embora com a dúvida. Estou exausto, mas vou ficar."
Funcionários da Santa Casa que conversaram com a reportagem disseram que a demora no atendimento começou no sábado.
Aumento da demandaO provedor da Santa Casa de Misericórdia, José Antônio Fasiaben, afirma que o volume de pessoas que procura o pronto-socorro da unidade aumentou subitamente desde a semana passada, quando cerca de 50 médicos do Conjunto Hospitalar de Sorocaba pediram demissão. "Na falta de atendimento no CHS, muitas pessoas estão vindo para cá. Somado a isso, também enfrentamos nossos próprios problemas em relação a médicos."
Segundo Fasiaben, em razão do aumento de trabalho os médicos da Santa Casa estariam reivindicando reajuste salarial. Atualmente eles recebem R$ 70 por cada hora de trabalho. Os plantões são de 12 horas e cada médico pode participar de até três plantões por semana. "Os médicos estão usando a situação para nos pressionar. Para isso, alguns deixam de trabalhar. É isso que está acontecendo nesta segunda-feira", afirma.
Segundo o provedor, parte da sobrecarga sofrida pelo pronto-socorro também se deve aos casos de menor gravidade, que deveriam ser tratados na rede básica municipal. "No PS devem ser atendidas apenas urgências e emergências, no entanto as pessoas vem aqui para se consultar. Muitos casos de pouca gravidade nem deveriam chegar até aqui. Esses casos ajudam a entupir a unidade", afirma. "Estamos dando prioridade para as emergências, mas o que precisamos é reverter essa cultura do brasileiro de procurar o pronto-socorro diante de qualquer problema de saúde. O que não é urgente, não é caso de pronto-socorro."
Fasiaben disse que na tarde desta segunda-feira se reuniria com médicos para discutir uma solução para o problema. "O que está certo é que teremos de contratar mais médicos. É a única saída e estamos trabalhando para sanar o problema ainda nesta semana."
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