Espera por atendimento demora mais de 10 horas em PS de Sorocaba, SP


Nesta manhã apenas um médico atendia na Santa Casa de Misericórdia.

Provedor afirma que problema será resolvido ainda nesta semana.

Mayco GerettiDo G1 Sorocaba e Jundiaí

Saguão do pronto-socorro ficou lotado de pessoas que não recebiam nem atendimento, nem satisfação.  (Foto: Mayco Geretti/ G1)Saguão do PS ficou lotado de pessoas que não recebiam atendimento ou informações. (Foto: Mayco Geretti/ G1)
Nesta segunda-feira (5) Marli Aparecida Marques, 41 anos, chegou ao pronto-socorro da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba às 6h30 à procura de atendimento e às 15h30 abandonou a fila sem ter conseguido sequer falar com um médico. No saguão da unidade, dezenas de pessoas aguardavam - algumas por mais de 10 horas - por atendimento, mas apenas um médico trabalhava durante a manhã. A falta de médicos e o aumento da demanda de pacientes estão por trás do problema, segundo a diretoria da unidade.
Sem ser atendida, Marli abandonou a unidade após 9 horas de espera. (Foto: Mayco Geretti/ G1)Sem ser atendida, Marli abandonou a unidade após 9
horas de espera. (Foto: Mayco Geretti/ G1)
"É uma pouca vergonha. Crianças, idosos, gente sem comer há horas e ninguém recebe atendimento. Desrespeito total com a população", disse Marli, que antes de deixar o PS pediu uma declaração para apresentar no trabalho. "Se eu não levar, meu chefe não vai acreditar que passei nove horas em um hospital. E o pior: saí sem atendimento", afirmou.
O laboratorista Benedito de Andrade, 79, foi ao PS queixando-se de dores na região do abdome. Mesmo após quase oito horas de espera, ele dizia que aguardaria até ser atendido. "Na minha idade, prefiro não abusar. Essa dor apareceu do nada e não quero ir embora com a dúvida. Estou exausto, mas vou ficar."
Funcionários da Santa Casa que conversaram com a reportagem disseram que a demora no atendimento começou no sábado.
Sentindo dores, Benedito disse que aguardaria por atendimento o quanto fosse preciso. (Foto: Mayco Geretti/ G1)Com dores, Benedito disse que aguardaria por atendimento
o quanto fosse preciso. (Foto: Mayco Geretti/ G1)
Aumento da demandaO provedor da Santa Casa de Misericórdia, José Antônio Fasiaben, afirma que o volume de pessoas que procura o pronto-socorro da unidade aumentou subitamente desde a semana passada, quando cerca de 50 médicos do Conjunto Hospitalar de Sorocaba pediram demissão. "Na falta de atendimento no CHS, muitas pessoas estão vindo para cá. Somado a isso, também enfrentamos nossos próprios problemas em relação a médicos."
Segundo Fasiaben, em razão do aumento de trabalho os médicos da Santa Casa estariam reivindicando reajuste salarial. Atualmente eles recebem R$ 70 por cada hora de trabalho. Os plantões são de 12 horas e cada médico pode participar de até três plantões por semana. "Os médicos estão usando a situação para nos pressionar. Para isso, alguns deixam de trabalhar. É isso que está acontecendo nesta segunda-feira", afirma.
Segundo o provedor, parte da sobrecarga sofrida pelo pronto-socorro também se deve aos casos de menor gravidade, que deveriam ser tratados na rede básica municipal. "No PS devem ser atendidas apenas urgências e emergências, no entanto as pessoas vem aqui para se consultar. Muitos casos de pouca gravidade nem deveriam chegar até aqui. Esses casos ajudam a entupir a unidade", afirma. "Estamos dando prioridade para as emergências, mas o que precisamos é reverter essa cultura do brasileiro de procurar o pronto-socorro diante de qualquer problema de saúde. O que não é urgente, não é caso de pronto-socorro."
Fasiaben disse que na tarde desta segunda-feira se reuniria com médicos para discutir uma solução para o problema. "O que está certo é que teremos de contratar mais médicos. É a única saída e estamos trabalhando para sanar o problema ainda nesta semana."

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