Estado de abandono de área gera riscos aos moradores vizinhos


Telma Silvério 
telma.silverio@jcruzeiro.com.br 

A paralisação das obras de readequação do primeiro Centro de Educação Infantil (CEI-01) de Sorocaba gera problemas que incomodam moradores e comerciantes vizinhos. O local deve abrigar uma unidade da Casa do Cidadão e um terminal de transferência de transporte. A paralisação dos serviços foi decidida por conta de recomendação do Ministério Público, que investiga e analisa documentos que comprovem se houve autorização necessária para o corte de quase 40 árvores, assim como a demolição do antigo prédio que sediava o CEI-01 "Antônio Carlos de Barros", na Vila Hortênsia. O problema é que enquanto não há uma definição para o impasse, o local continua aberto e é invadido por pessoas, o que gera situações de insegurança e incômodo aos moradores e comerciantes vizinhos. E a Prefeitura não providencia esquema de segurança para impedir os transtornos. 

Nas imediações onde está situado o imóvel, na rua Coronel Nogueira Padilha, alguns comerciantes e moradores próximos se dizem temerosos pelo estado de abandono do local. Além de abrigar andarilhos e usuários de drogas, a área pode ter focos do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue. "Demore o tempo que for (investigação do MP) a responsabilidade de manter é da Prefeitura. Nem que tenha que assentar tijolos e cimento nas portas e janelas de novo", cobra a moradora Miriam Gutierrez Peres, 46 anos. 

Algumas imagens feitas há alguns dias pela reportagem confirmam a utilização interna dos prédios como moradia, inclusive com colchões, cobertores e objetos pessoais espalhados. Para coibir o mau uso do espaço que permanece aberto, a Secretaria de Segurança Comunitária (Sesco), por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), diz ter intensificado a fiscalização e a ronda da Guarda Civil Municipal (GCM). 

Revisão do projeto 

Miriam Peres é uma das moradoras a defender a preservação da área que abrigou o "parquinho infantil". "Não gosto nem de passar por lá. É muito triste." Ela tem a esperança de que nesse tempo a Prefeitura reavalie o projeto. "No caso das árvores é irreversível. As que forem plantadas vão demorar anos para crescer, mas a obra ainda pode ser revista." "Pode ser criada uma praça reaproveitando os prédios", propõe. Para Miriam, os bairros que melhor se beneficiariam com os terminais seriam as vilas Zacarias e João Romão, mais isolados da região central. "Poderiam construir lá", sugere. 

O morador e comerciante Antonio Leme, 40, questiona a atitude da Prefeitura, que não lacrou devidamente o espaço e retirou somente as telhas do prédio mais antigo. "Parece um tipo de pressão." Ele explica que a compensação pelas cerca de 40 árvores derrubadas na área mostra que não houve planejamento por parte da 

Obra e abandono 

"Depois que cortaram árvores, arrebentaram alambrado, demoliram e destelharam o prédio vão parar as obras?", critica a comerciante Maria José do Nascimento. A preocupação dela e de vários outros é com as condições em que se encontra a área. Embora a invasão de desocupados ocorra desde a desativação da escolinha, os reclamantes chamam a atenção para o acesso fácil após a interrupção das obras. Há cerca de uma semana o serviço está praticamente parado, no entanto, o número de andarilhos na área tem aumentado. Após a retirada das telhas o local passou a oferecer risco de ter focos do mosquito da dengue. 

A comerciante Maria José conta que até ratazanas são vistas saindo de manilhas e redes de esgoto do imóvel. Seu marido, o comerciante José Jesus do Nascimento, trabalha no bairro há 35 anos, dos quais, pelo menos 16 deles vizinho ao CEI. Para ele, o local não comportava mais a escolinha devido ao aumento no fluxo de veículos e falta de estacionamento. As próprias árvores estavam "doentes" por falta de cuidados. 

MP investiga 

As obras para a construção da Casa do Cidadão e de uma Área de Transferência foram interrompidas por recomendação do promotor Jorge Alberto de Oliveira Marun. Ele esclarece que não foi um embargo oficial. Há cerca de duas semanas disse ter sido comunicado por moradores sobre a retomada das obras, então acionou a Prefeitura. "Espero que desta vez tenham acatado." A intenção é apurar o valor histórico do bem, se houve a devida autorização para o corte das árvores e demolição do prédio, destaca. O promotor informa que tem 60 dias para concluir o trabalho e definir se abre inquérito ou arquiva o caso.

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