Terminou nesta sexta-feira (11), o Fórum Social Mundial (FSM) que
se desenvolvia em Dacar, no Senegal, localizado no continente africano. Após
seis dias repletos de atividades autogestionadas, marcha, assembleias de
convergência e mobilizações, os participantes de mais de 120 países se
despediram do evento que, desde 2001, reúne grandes contingentes de ativistas
sociais para concretizar a construção de ‘outro mundo possível'.
Reunidos na Assembleia dos Movimentos Sociais, os membros das
organizações participantes divulgaram a declaração, fruto de vários momentos de
debate, troca de experiências e aprendizado. Muitas das demandas presentes no
documento já estão na pauta dos movimentos desde o primeiro fórum, realizado em Porto Alegre. A
intenção é mostrar que os povos continuam preparados e motivados para a luta
por uma civilização humana livre até que ela se concretize verdadeiramente.
A realização do FSM em Dacar foi uma oportunidade de reafirmar o
apoio à luta dos povos da África e do Costa do Marfim por democracia soberana e
participativa. O direito à autodeterminação dos povos de Tunes, na Tunísia, do
Egito e do mundo árabe também foi lembrado, já que recentemente estas nações
despertaram e iniciaram uma luta pela democracia real e pela construção do poder
popular.
Em sua declaração, os movimentos ressaltam que a luta contra o
capitalismo continuará sendo priorizada. Por consequência, também segue firme a
batalha contra as transnacionais que "sustentam o sistema capitalista,
privatizam a vida, os serviços públicos e os bens comuns como a água, o ar, a
terra, as sementes e os recursos naturais”.
"Exigimos a soberania dos povos na definição de nosso modo de
vida. Exigimos políticas que protejam as produções locais que dignifiquem as
práticas no campo e conservem os valores ancestrais da vida. Denunciamos os
tratados neoliberais de livre comércio e exigimos a livre circulação de seres
humanos”, manifestam.
Desde já, os movimentos sociais chamam a uma união e mobilização
especialmente do continente africano durante a Conferência do Clima das Nações
Unidas - COP 17 em Durban, na África do Sul e na conferência Rio +20, no
próximo ano, para que se possa exigir mais uma vez respeito aos direitos da Mãe
Terra e o fim do acordo de Cancun, considerado ilegítimo. Desde a Cúpula dos
Povos Contra as Mudanças Climáticas e pelos Direitos da Mãe Terra, os acordos
firmados em Cochabamba, na Bolívia, são considerados a melhor saída para
desacelerar o aquecimento global e garantir a justiça climática e a soberania
alimentar.
Dentro da agenda unificada de lutas, a violência contra a mulher
também é citada como um mal que deve ser combatido para garantir o
desenvolvimento integral dos povos e nações. Ainda hoje, mulheres e meninas são
abusadas em territórios ocupados militarmente e criminalizadas quando
participam de lutas sociais. Com o mesmo intuito de defesa, os movimentos
manifestam que também defendem a diversidade sexual e repudiam a violência
sexista.
Deste FSM também saiu fortalecida a luta contra a criminalização
do protesto social, as ocupações militares e em prol de uma comunicação livre,
alternativa e democrática. E por tudo isso, desde já, todos e todas são
chamados a fazer do dia 20 de março um dia mundial de solidariedade com o
levantamento do povo árabe e africano, assim como fortalecer o 12 de outubro
como dia de ação global contra o capitalismo.
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