25 gangues agridem gays e negros em SP
Folha de S.Paulo
Eles são jovens, com idades entre 16 e 28 anos. Têm ensino fundamental e
médio. Pertencem em sua maioria às classes C e D. Usam coturnos com biqueiras de
aço ou tênis de cano alto. Jeans e camisetas. São brancos e pardos --negros,
não. Cultuam Hitler, suásticas e o número 88.
Consomem álcool. As outras drogas têm uso apenas marginal. Têm tatuagens
enormes em que se leem "Ódio", "Hate [odeio, em inglês]", ou "Ame odiar". Odeiam
gays e negros. São de direita. Gostam de bater muito. E de brigar.
O perfil dessa turma, autodenominada skinheads por influência do movimento
surgido na Inglaterra durante os anos 1960, quem traçou foi a Decradi (Delegacia
de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), da Polícia Civil do Estado de São
Paulo.
No total, a Decradi já identificou 200 membros de 25 gangues com nomes como
Combate RAC (Rock Against Communism --rock contra o comunismo, em português) e
Front 88 (sempre o 88).
São integrantes desses grupos que aparecem com mais frequência como
agressores de negros ou gays, e em pancadarias entre torcidas organizadas,
quando encarnam a faceta "hooligan".
Preconceito
Também a exemplo do que ocorre na Europa, skinheads são especialistas em
quebra-quebra entre torcedores.
A delegada Margarette Correia Barreto, titular da Decradi, é quem lidera o
esforço de identificação dessas gangues. Atualmente, na delegacia, há 130
inquéritos envolvendo os "crimes de ódio"--motivados por preconceito contra um
grupo social.
"O alcance e a repercussão desses ataques, entretanto, é muito maior do que
em um crime comum. Se um homossexual é atingido, todo o grupo sente-se
atingido", exemplifica a delegada do Decradi. "É uma comoção."
Pelo levantamento da polícia, o foco dos crimes de ódio é a região da
avenida Paulista e da rua Augusta, na região central da cidade. Segundo a
delegada, ali é "a nossa Faixa de Gaza" --zona de conflito entre palestinos e
israelenses.
O motivo é que a área tem a maior concentração de bares frequentados por
gays e por skinheads. "Eles acabam se encontrando pela rua", diz a delegada.
02/04/2011
Ruas da zona norte ficam às escuras
Ana Paula Campos
do Agora
O aposentado Stelio Luiz Souza Stackmann, 57 anos, da Vila Mazei (zona
norte), afirma que, no começo de março, a rua Visconde de Sucena ficou sem
iluminação e que a prefeitura não tomou as providências necessárias dentro do
prazo prometido.
"A rua Guatambus, onde mora a minha filha, é paralela à minha rua e teve os
mesmos problemas", conta o leitor.
Segundo Stackmann, o Ilume (Departamento de Iluminação Pública) informou
que, em quatro dias, seria feito o reparo e forneceu o número do protocolo da
solicitação.
Por achar excessivo o prazo para o conserto, Stackmann diz que buscou
atendimento, novamente, dois dias após a primeira reclamação.
"No entanto, quando liguei para o Ilume, fui informado de que aquele
protocolo não existia e que não havia queixa referente à minha rua."
O mesmo problema se repetiu com a filha de Stackmann, Renata. "A minha
solicitação também não havia sido registrada", disse ela.
O aposentado afirma que, na terceira vez que recorreu ao atendimento da
empresa, sofreu com grosserias por parte de um dos atendentes. "Fiquei indignado
com o pouco caso que fizeram da minha reclamação."
Ligue Luz
Tel.: 0800-7220156 Igreja afasta padre que defende camisinha
Fabiana Cambricoli
do Agora
Defensor público da camisinha, o padre italiano Valeriano Paitoni, 61 anos,
que trabalha há 33 anos em uma paróquia na zona norte da capital, será obrigado
a voltar para o seu país por decisão do Instituto Missões Consolata, congregação
da Igreja Católica à qual o religioso pertence.
Para os fiéis da paróquia Nossa Senhora de Fátima do Imirim e para o padre,
a ordem seria uma espécie de retaliação da instituição.
Paitoni defende abertamente, desde o ano 2000, o uso de preservativo para a
prevenção da Aids --opondo-se às orientações do Vaticano. "Meu argumento é a
defesa da vida", afirma ele, ao Agora, sobre a questão
Painel: ( Só para lembrar: Geraldo Alckmin já arrecadou R4 850
milhões a mais em 2 meses...)
Toga justa 1 Cobrado publicamente pela OAB e por
desembargadores no evento que abriu o Ano Judiciário, Geraldo Alckmin fez chegar
ao TJ-SP a notícia de que fará repasses além dos previstos no Orçamento ano tão
logo a arrecadação aumente e que ouvirá as reivindicações dos servidores para
evitar uma paralisação no setor.
Toga justa 2 Além da fatia orçamentária maior, os magistrados insistem numa reivindicação histórica: as remessas das custas processuais arrecadadas no âmbito do tribunal, a exemplo do que vale em outros Estados. Princípios Com o presidente Barros Munhoz (PSDB) envolvido em denúncias de fraude em licitações e após dobrar a cota de assessores parlamentares como primeira medida da nova legislatura, a Assembleia paulista começou a discutir projeto que cria o "programa de resgate de valores morais, sociais, éticos e espirituais" do Estado de SP. O texto é de Vinícius Camarinha (PSB). http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po0304201101.htm
Consumo cresce mais na periferia de
SP
Enquanto os gastos aumentaram 23% na região central, nos bairros mais distantes cresceram 62%, diz estudo Aumento da renda e crédito faz empresas migrarem atividades para regiões mais distantes do centro CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO Com o aumento do poder de compra e do consumo nos bairros mais distantes, empresas e empreendedores expandem seus negócios, migram para áreas afastadas da região central de São Paulo e chegam a uma conclusão: a periferia dá lucro. Em cinco anos o consumo da população da região central de São Paulo cresceu 22,9%. Passou de R$ 55,383 bilhões em 2005 para R$ 68,081 bilhões em 2010. Na periferia, os gastos aumentaram em ritmo maior. Há cinco anos R$ 89,170 bilhões foram destinados ao consumo. Em 2010, o montante chegou a R$ 144,122 bilhões (incremento de 61,6%). Parte do aumento de gastos na periferia se explica pelo aumento populacional: enquanto ali a população cresceu 4,1%, no centro houve queda de 4,3%. Mas o que justifica o crescimento tão expressivo do consumo é o ganho da renda das famílias da nova classe média e a oferta de crédito. Os números constam de estudo do Data Popular, feito a partir de dados da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), do IBGE, e de projeções da consultoria. MUDANÇAS Com a percepção de que o faturamento podia melhorar se migrasse para a periferia, o cabeleireiro Jorge Bispo de Souza fechou as portas do salão em Moema e migrou para o Jardim Novo Santo Amaro -na região do M'Boi Mirim. "O volume de clientes é maior. E quem entra no salão tem dinheiro no bolso. Em Moema, a clientela era menor e muitos pediam para parcelar ou pendurar." Um corte de cabelo no "Cenário da Beleza", hoje instalado na periferia, custa R$ 20 -antes era R$ 70. "O lucro agora vem da quantidade", diz Souza, que deixou a profissão de segurança e seguiu a do avô, que foi barbeiro. Os gastos com higiene e cuidados pessoais são os que mais crescem nos bairros mais distantes do centro -aumentaram 116,7% na comparação de 2005 com 2010. Na centro, a expansão foi mais modesta (57,1%). A periferia também gasta mais para comer fora. A loja do McDonald's de Itaquera, por exemplo, é uma das com maior crescimento da empresa no mundo, segundo disse Mauro Multedo, vice-presidente da rede, em congresso realizado em novembro. "A classe C [renda familiar de 3 a 10 salários mínimos] come Big Mac e gosta de Big Mac. A gente tem de fazer com que ela perceba, agora, outras opções. E tem que fazer com que a classe D [1 a 3] coma Big Mac", disse. "Alguns empresários já se conscientizaram que o dinheiro mudou de mãos e encontram na periferia uma forma de direcionar esse poder de consumo para os seus negócios", afirma Renato Meirelles, sócio e diretor do instituto Data Popular. "Quem não olhar para a periferia no atual momento é cego." Karina Macedo mudou a lan house de frente do shopping Boa Vista (Santo Amaro) para uma rua mais afastada. "Hoje, tenho o dobro de clientes. Faturava R$ 120 por dia; agora, R$ 350." http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0304201106.htm O centro do consumo está nas regiões de baixa renda UM PRODUTO DESENVOLVIDO PARA A BASE DA PIRÂMIDE DEVE DIALOGAR MUITO MELHOR COM AS PECULIARIDADES E CULTURA LOCAIS EDGARD BARKI ESPECIAL PARA A FOLHA Já há alguns anos é voz corrente que as classes C e D aumentaram seu poder de consumo. A chamada base da pirâmide econômica tem sido objeto de estudos acadêmicos, sociológicos e, principalmente, foco de atenção do mercado e das empresas. Esse é um fenômeno mundial e já aceito como realidade pelo mercado. A questão é o que muda? Quais as novas possibilidades que essas classes emergentes geram e quais as mudanças nos modelos de negócios das empresas? Um dos aspectos mais interessantes desse fenômeno é a alteração do mapa de consumo. O mercado de mais alta renda é muito mais globalizado. As diferenças existentes na base da pirâmide são significativas. Lojas de luxo localizadas na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil ou na Índia não são muito diferentes. No entanto, um produto desenvolvido para a base da pirâmide deve dialogar muito melhor com as peculiaridades e a cultura locais. Além disso, a baixa renda tem valores próprios, constituintes de uma identidade própria, e muitas vezes não é bem compreendida pelos mercados que associam equivocadamente sucesso de vendas com preços baixos, em ações padronizadas e com pequenas adaptações. Some-se que, mais dispersa territorialmente, acessar essa faixa da população é um fator crítico de sucesso. E as empresas têm que estar mais próximas do consumidor. Por isso surgem novos modelos de avanço para a periferia, onde estão as regiões que mais crescem e que têm uma concentração das classes mais baixas. Aqui se verificam dois fenômenos: o primeiro é o aumento do número de shopping centers com foco nas classes emergentes, principalmente os ligados a estações de metrô. O segundo é a relevância dos polos comerciais de rua. Os maiores polos comerciais de São Paulo estão na periferia. São Miguel, São Mateus, Sapopemba são alguns bairros com importantes centros comerciais e, muitas vezes, têm uma venda superior aos shopping centers. Além de sua relevância para diversas empresas com foco na baixa renda, os polos de rua são mais democráticos, valorizam a região onde estão inseridos e facilitam o desenvolvimento de pequenas redes de lojas especializadas na base da pirâmide. GRANDES EMPRESAS As grandes empresas buscam também desenvolver novos modelos para competir com a pequena empresa local. Temos diversos exemplos, como as Casas Bahia, que abriram uma loja na favela de Paraisópolis, a Nestlé com a venda porta a porta, parcerias como da TAM e das Casas Bahia ou projetos de inclusão como é o caso do Coletivo da Coca-Cola, que forma jovens da periferia para o mercado de trabalho. Em suma, a base da pirâmide é uma realidade importante para as empresas que estão se movimentando e indo ao encontro desses consumidores. Nos próximos anos, veremos uma movimentação muito maior das empresas buscando novos modelos de negócios e se aproximando da base da pirâmide, indo onde ela está.
EDGARD BARKI é professor de marketing da FGV-EAESP e
pesquisador do Centro de Excelência em Varejo
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0304201107.htm Chineses investem na soja brasileira Maior importador mundial, país asiático eleva presença na cadeia produtiva do grão para garantir seu fornecimento Iniciativas incluem investimentos em indústrias e portos; há contatos em andamento em ao menos 6 Estados
Comitiva chinesa da área agrícola da província de Hebei
visita
campos de pesquisade soja, milho e algodão em Goiás FABIANO MAISONNAVE DE PEQUIM ESTELITA HASS CARAZZAI DE SÃO PAULO Maior importador mundial de soja, a China promove uma ofensiva no Brasil para aumentar a presença na cadeia produtiva do grão por meio de acordos de exportação com agricultores locais, compras de terra e investimentos em indústrias. Levantamento da Folha mostra que empresários chineses estão em contato com cooperativas e governos de ao menos seis Estados: Bahia, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Tocantins e Mato Grosso. Desses, três têm projetos em andamento. O caso mais recente é o da estatal Chongqing Grain, na Bahia. Anunciado na China como um dos principais projetos de soja do país no ex- terior, prevê investimentos de R$ 4 bilhões para uma fábrica de beneficiamento, além de um porto seco e de silos para armazenar soja, que será comprada de produtores locais. Outro grande acordo é o de Goiás. A estatal Sanhe Hopefull planeja investir R$ 12,2 bilhões nos próximos dez anos em agricultura e infraestrutura do Estado para garantir a compra direta de 6 milhões de toneladas de soja por ano -o equivalente a toda a produção local atual. COMPRA DE TERRAS Os dois casos não envolvem compra de fazendas. Com o endurecimento das regras para venda de terras a estrangeiros, no ano passado, os acordos de exportação surgem como uma alternativa para os chineses. Antes da nova legislação, os chineses compraram áreas de plantio. Em 2007, a empresa Zhejiang Fu Di formou uma subsidiária brasileira -a Sol Agrícola- e adquiriu 16 mil hectares no Tocantins e outros mil hectares no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, outro grupo chinês planeja investir R$ 200 milhões no porto de São Francisco do Sul, para facilitar a exportação de soja. A parceria com produtores locais também é negociada. Procurado, o Ministério da Agricultura, por meio do secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto, informou que considera os acordos "importantes e louváveis". Assim como nos investimentos bilionários em petróleo e minério de ferro feitos no Brasil em 2010, o objetivo da China é diminuir a vulnerabilidade a flutuações internacionais do preço da soja. Trata-se dos três produtos mais exportados para a China -juntos, representam 92,9% do total vendido ao gigante asiático em 2010. Soja e óleo de soja somam 25,7%. Por escrito, o Ministério do Comércio chinês disse que o objetivo dos investimentos na cadeia da soja é romper a intermediação de empresas americanas. "Se isso ocorrer, é favorável para o Brasil e para a China", diz a nota. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0304201102.htm Empresas "descobrem" os imóveis tombados Antes consideradas "dor de cabeça", casas abrigam comércio em São Paulo Capital paulista tem cerca de 2.000 imóveis tombados, e muitos deles estão fechados ou ainda degradados VANESSA CORREA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Imóveis tombados não podem passar por modificação sem autorização do patrimônio histórico e muitos perdem valor de mercado pela impossibilidade de darem lugar a condomínios. Embora as restrições assustem proprietários e levem muitos casarões e prédios à degradação, não faltam casos bem-sucedidos de aproveitamento de bens tombados na cidade de São Paulo. "Queria comprar uma casa que tivesse história", diz Luiz Alves Júnior, diretor e dono das editoras Gaia e Global. A empresa foi instalada no casarão de estilo neoclássico francês de 1891, a antiga residência do arquiteto Ramos de Azevedo (1851-1928), na Liberdade, no centro. A reforma começou anos antes da mudança, em 1995, e durou dez anos. "A burocracia é grande. Foi muito difícil", afirma Alves Júnior. Ronaldo Silva Rego, empresário e dono de uma casa em estilo colonial português construída no início do século passado, se considera uma "vítima do tombamento". Há dez anos o Conpresp (órgão do patrimônio) analisa se deve tombar seu imóvel. "Se já fosse tombado, eu poderia ao menos pedir isenção de IPTU para reformar." Mesmo com todas as restrições, o imóvel da Bela Vista (centro) virou em 2008 sede da Funeral Home, empresa que oferece "uma atmosfera charmosa e tranquila" para a realização de velórios. Antes disso, o casarão ficou um ano no mercado até ser alugado. "Queriam fazer um rabinato. Quando souberam do processo de tombamento, ficaram com medo." CENTENÁRIA Continuar com a função original do imóvel é outra possibilidade, como na Casa da Boia, na rua Florêncio de Abreu, no centro da cidade. O imóvel foi concebido para abrigar uma fábrica de materiais hidráulicos nos fundos, a casa do imigrante sírio e empresário Riskallah Jorge Tahan em cima e na frente, a loja- que desde 1909 está lá. Mário Roberto Riskallah, neto do fundador da empresa, ficou sabendo do tombamento quando foi pedir autorização para fazer uma obra. Ele se beneficiou da legislação municipal que estabelece, em alguns casos, isenção do IPTU para o restauro. São Paulo tem hoje cerca de 2.000 imóveis tombados. Muitos estão fechados e degradados, como alguns casarões da av. Brigadeiro Luís Antônio, no centro. Na esquina com a rua Santa Madalena, um casarão está desocupado há três anos, à espera de um interessado que desembolse R$ 1,7 milhão. FOLHA.com Veja imagens em folha.com.br/fg2548 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0304201111.htm Utilização é a melhor forma de preservar o patrimônio CARLOS FAGGIN ESPECIAL PARA A FOLHA O que há em comum entre a Casa da Boia, Editora Global, Shopping Light, Casa das Rosas, estação da Luz? Todos são imóveis de valor histórico para a cidade. Tombados ou não, mantêm suas características originais. Por isso, são edifícios especiais. Seu valor não está apenas no preço do terreno ou em sua localização. Está principalmente na qualidade da sua arquitetura e no significado que essa arquitetura tem para a compreensão da história de São Paulo. A melhor ferramenta para a preservação do patrimônio histórico paulistano é o uso, seja cultural, comercial ou de serviços. Esses edifícios são um exemplo eloquente disso. O uso permanente é importante porque a falta dele convida à deterioração. Falta de uso quer dizer abandono. Esse abandono destrói qualquer imóvel ou até qualquer objeto: se não os usamos, eles viram poeira. O ideal é que a maior parte desses imóveis tenha um uso ativo, e não apenas contemplativo, como é o caso dos museus. O uso ativo incorpora a esses patrimônios a dinâmica social. Usar um imóvel é uma maneira de estabelecer uma relação quase de afeto com ele. Passamos a fiscalizar sua conservação, sua manutenção. Reclamamos quando as coisas não estão boas e exigimos melhorias. Monumentos e igrejas são patrimônios excepcionais, mas não são os únicos com valor histórico. Nossas próprias casas, das quais somos responsáveis diretos pela manutenção, também são um patrimônio histórico. Não é preciso que eles sejam tombados para que seus proprietários decidam mantê-los, prolongar a sua existência e comunicar esse valor à sociedade. Não há duvida, porém, que o tombamento é uma obrigação e onera os proprietários que não podem fazer alterações de nenhuma natureza sem antes consultar os conselhos de preservação, que podem ser municipais, estaduais ou federal. O resultado desse esforço é, no entanto, muito bom. Logo haverá linhas de financiamento para o restauro e a conservação desses bens, para que a sociedade possa dividir com os proprietários essa obrigação. Será uma forma de reconhecimento pelo esforço que eles fizeram para mantê-los até aqui.
CARLOS FAGGIN é arquiteto e professor de história da
arquitetura da FAU/USP. Foi conselheiro do Condephaat/SP por seis
mandatoshttp://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0304201112.htm
‘Delegacias chegaram a um ponto crítico’
ELVIS PEREIRA
O atendimento à população nas delegacias paulistas chegou a um ponto
crítico. A avaliação é do delegado-geral Marcos Carneiro Lima. Aos 54 anos e
prestes a completar três meses à frente da Polícia Civil (no dia 7), ele tenta
dar nova vida aos distritos e à carreira dos policiais civis. Na quinta-feira,
em entrevista concedida na sua sala, no prédio da Secretaria de Segurança
Pública, ele anunciou que este será o seu último cargo na polícia, prometeu ir
atrás dos foragidos mais procurados, como o policial militar aposentado Mizael
Bispo, e disse que a maioria das investigações contra policias é por fatos
pequenos. “Quem faz serviço de faxina, acaba se sujando.”
Como surgiu o convite para assumir a Polícia
Civil?Partiu do secretário de Segurança Pública (Antônio Ferreira
Pinto). Aceitei, mas adiantei: é meu último cargo na Polícia Civil.
Por quê?O cargo tem de ser valorizado, a última
oportunidade de fazer algo positivo para a sociedade. E a função da Civil é
prender criminosos. Quando verifiquei que na Divisão de Capturas havia 12
policiais em final de carreira e desmotivados subi para quase 50 (o número de
policiais na divisão). Temos quase 100 mil mandados de prisão…
Não são mais de 150 mil?Estamos fazendo um
levantamento. Há mandado de prisão em que o autor do crime nasceu em 1906.
Alguma coisa está errada. São Paulo concentra mandados do País inteiro e muitos
dizem que o foragido está em ‘Lins’. Só que ‘Lins’ é sigla para Local Incerto e
Não Sabido e há uma cidade chamada Lins. Hoje, focamos os mais procurados;
depois vamos procurar prender acusados de latrocínio (roubo seguido de
morte).
Essa lista inclui o Roger Abdelmassih, o Mizael
Bispo…A polícia está focada neles. É para deixar claro que não é
por alto poder aquisitivo que a pessoa vai escapar da ação da Justiça.
Achou muitos problemas?É um desafio enorme, mas sempre
tive a tranquilidade de que contaria com uma equipe muito boa. A grande maioria
dos policiais é correta. Como trabalhei na Corregedoria, posso afirmar: não
existe banda podre, e sim policiais podres. Existe o policial escondido atrás do
distintivo para cometer crime. Isso no mundo inteiro. Por isso nossa briga por
um padrão salarial bom na base, que vai estar na rua prendendo bandido. Essa
base tem de ser formada por jovens com impulso de fazer algo além. Num projeto
de reestruturação (da Polícia Civil), o total de carreiras cai de 14 para 7 e
cargos de chefia são eliminados. Vamos procurar valorizar a atividade da Polícia
Civil: investigar e prender criminosos.
A reestruturação das delegacias e das carreiras significa que o
senhor andava incomodado com a estrutura da polícia?
A sociedade muda na velocidade de um Fórmula 1 e o Estado, na de um carro mil. Esse descompasso não é má vontade, mas o Estado tem mecanismos de controle necessários que não podem mudar do dia para a noite. Vamos mudar algumas coisas simbólicas para mostrar que não se pode ter mentalidade do século 19, de se resolver crime no cartório. Esse policial se preocupa com a formalidade e quer que a pessoa vá à delegacia. E nós queremos que a polícia trabalhe em campo e o cidadão só vá em último recurso: quando for testemunha, disposto a colaborar. Caso contrário, é punir o cidadão.
Qual era sua avaliação do atendimento nas
delegacias?Eu já tinha notado que o atendimento chegou a um ponto
crítico, porque além da população reclamar, o público interno reclama. Teve
investigador que foi fazer BO com a irmã que foi roubada e o delegado o tratou
mal. Algo que eu escutava de forma corriqueira. Quando assumi, falei: a
responsabilidade é da administração. Estamos procurando que a delegacia tenha
funções separadas. Se for vítima de roubo, com os autores presos, vai ser
atendido por um delegado e uma equipe. Se for carro furtado, tem uma
outra.
O episódio da escrivã despida ainda é muito comentado. Esse fato já
foi superado?Isso foi uma tragédia. Quem se envolveu na ocorrência
foi por culpa da administração. Eram delegados jovens. Houve despreparo e falha
no comando. Gerou desgaste. Mas isso tem de ser apurado porque a Corregedoria
tem de ser valorizada. Não é esse fato que vai denegrir o trabalho da
Corregedoria.
A Corregedoria tem de estar mesmo vinculada à SSP?A
saída da Corregedoria foi uma questão estratégica, de política de governo. Mas
temos perfeita concepção de que os policiais da Corregedoria estão vinculados à
secretaria, mas são policiais civis. Para muitos policiais, ficou um sentimento
de injustiça. Para a maioria, se vai tirar da Civil, que tirasse também da
Militar. Mas entendemos que foi num momento político. Que era importante
sinalizar para a sociedade que a Corregedoria tem de ser forte. Estamos
tranquilos porque (a vinculação à Delegacia-Geral) será feito quando a Polícia
Civil mostrar capacidade profissional e respeito às leis.
E hoje, a Civil tem capacidade para receber a
Corregedoria?É uma análise de governo. Mas creio que a polícia está
capacitada. Erros passados não podem comprometer a atuação hoje.
A Polícia Civil tem a pecha de corrupta. Quantos policiais são
investigados e por quê?A grande maioria é por fatos menores. Batida
de viatura, atraso de inquérito ou outro problema. E como o policial está
constantemente no meio da confusão, acaba respingado. Quem faz faxina, acaba se
sujando
MP pede informações ao TCE sobre contratosRepresentação protocolada pelo PT pede investigação
Notícia
publicada na edição de 03/04/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 007 do
caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente
após as 12h.
Marcelo Andrade
O Ministério
Público (MP) irá solicitar ao Tribunal de Contas (TCE) de São Paulo cópias das
decisões do órgão em relação às licitações e contratos para instalação e
manutenção de radares em Sorocaba, celebrados nas últimas administrações entre a
Prefeitura e empresas do setor que operaram e operaram esse equipamentos na
cidade. Os documentos deverão instruir a abertura de inquérito civil que poderá
ser apresentado para apurar novas denúncias de um suposto esquema de corrupção
que envolve duas empresas ligadas historicamente a instalação e operação de
radares no município.
Guerra cobra fim de racha interno no PSDB
O presidente
nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), abriu a reunião com os oito
governadores tucanos hoje, em Belo Horizonte, com um alerta: "Não podemos
disputar a eleição presidencial daqui a quatro anos com o partido debilitado
como está". Candidato único à sua própria reeleição, Guerra aproveitou a reunião
dos comandantes do PSDB nos Estados para cobrar o fim do racha interno que, a
seu ver, imobiliza a legenda. "Chamo a atenção dos governadores porque
precisamos de mobilidade do partido que, neste momento, infelizmente, está sem
unidade".
À despeito da boa avaliação obtida pela presidente Dilma Rousseff na pesquisa CNI/Ibope desta semana, com 73% de aprovação pessoal, o presidente do PSDB disse que daria nota mediana ao governo. "Um glorioso 5". Ele destacou que a presidente tem adotado um discurso que agrada a oposição, por ter "subscrito capítulos" do discurso do adversário tucano José Serra, no que se refere à política externa e à preocupação com a gestão. "Mas uma coisa são palavras e outra é a ação", destacou, desfiando um rosário de críticas ao governo que "promoveu cortes orçamentários sem fixar prioridades, aumentou seu poder de arbítrio para controlar o Congresso e opera com um ministério muito fraco". Tanto é assim, completou, que a inflação "está voltando como Serra disse na campanha". Outro sinal claro de que a boa performance da presidente Dilma neste início de governo não intimidará o tucanato foi dado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que ficou fora da reunião, mas participou do almoço com os governadores. Ele já chegou ao encontro dizendo que não se intimida com essas primeiras avaliações e elevou o tom das críticas ao governo. Antecipou, assim, a linha do primeiro grande discurso de oposição ao governo que fará da tribuna do Senado na quarta-feira, para "dar uma sinalização às bases tucanas, unificando o discurso, e potencializar o que ficou acertado com os governadores", Lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve a responsabilidade de manter a política macroeconômica do governo anterior, o que foi fundamental para que seu governo obtivesse avanço, e que a presidente Dilma vai na mesma direção. Em seguida, observou que do ponto de vista estrutural não houve avanço nenhum na administração atual. "Como se pode falar em gestão de qualidade com 40 ministérios, onde a composição do governo segue a mesma e perversa lógica da ocupação compartimentada dos aliados, dos feudos partidários para que se tenha os votos no Congresso"?, indagou Aécio. Ele entende que a concepção e a máquina do PT não permitem que se faça uma gestão profissional, porque o partido promove o aparelhamento da estrutura pública. E lembrou que a expectativa de que com a nova presidente o governo seria mais enxuto caiu por terra, quando em vez de reduzir os 37 ministérios, ela criou mais dois. E também citou o risco inflacionário que o PSDB, a partir do governo Itamar Franco, "domou com muito vigor". A seu ver, a ameaça da inflação retorna agora como um fantasma a pairar sobre o Brasil, diante do aumento abusivo dos gastos públicos. Antes de a reunião começar, o presidente do PSDB deixou clara, em entrevista, sua convicção de que o partido só se fortalecerá se conseguir montar uma executiva nacional unitária e com força política real para administrar os problemas nos Estados, Indagado sobre a avaliação predominante entre os mineiros de que sua reeleição seria o primeiro passo para a candidatura Aécio Neves a presidente em 2014, Guerra disse que o mandato da próxima direção tem que ser dedicado à reestruturação do partido e, para não deixar dúvida de seu empenho pela unidade, enfatizou que "não há PSDB sem que o Serra esteja junto". "Quem for presidente tem que ter força para quebrar estruturas que impedem o partido de crescer abrir o partido à comunicação e construir um partido que possa enfrentar uma campanha presidencial. Esta não é a preocupação desta executiva, mas deverá ser a da próxima", afirmou. Ele entende que em algumas áreas o partido está fraco e precisa ser reestruturado, "refundado" mesmo, como propôs Aécio. Na fala aos governadores, citou especialmente o Nordeste. Lembrou que a única vitória do partido na reunião - a reeleição do governador de Alagoas Teotônio Vilela - deu-se graças ao bom governo que ele havia feito, pois a campanha revelou-se um "verdadeiro massacre" sobre a oposição. |
03/04/2011
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