10/05/2011

Cresce 11% incidência de raios em cidades grandes



Paulo Saldaña
Cidades com mais de 200 mil habitantes registraram crescimento de 11% no número de raios no biênio 2009-2010, na comparação com o período anterior. Os dados mostram uma relação clara entre a urbanização e a intensidade de descargas atmosféricas. A cidade de São Paulo registrou densidade de 14,8 raios por quilômetro quadrado – um aumento de 42%.
A capital paulista registrou 22.596 raios a cada ano, de acordo com levantamento do último biênio. Os dados são do Ranking de Incidência de Raios do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo levou em conta 3.180 municípios das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste – exceto o Mato Grosso.
Desses, 95 têm mais de 200 mil habitantes e registraram as maiores variações. Essas cidades são cobertas pela Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas.
O coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior, explica que, quanto maior o aumento de temperatura provocado pelo adensamento das áreas urbanas, mais chances de tempestades e, em consequência, de incidência de raios. “À medida que as cidades vão crescendo, com aumento de população, carros e poluição, há o processo de ilhas de calor. E isso se reflete diretamente na incidência de tempestades, que têm relação direta com raios que atingem o solo.”
Das 20 cidades que lideram o ranking, dez estão na Região Metropolitana de São Paulo – incluindo pequenas, como Rio Grande da Serra, de 44 mil habitantes. “Tempestades não conhecem fronteiras dos municípios”, diz Pinto Junior.
No Estado, a cidade com maior incidência foi São Caetano do Sul, no ABC – densidade de 22 raios por km² ao ano, ou 346 raios por ano – em pouco mais de 15 km². No levantamento anterior, São Caetano era a de maior incidência, mas perdeu posição para Porto Real, no Estado do Rio.
Com 16,5 mil habitantes em 50 km², Porto Real recebeu 27 raios a cada km² por ano – a maior proporção do País.
A explicação está nas características do relevo. “As Serras do Mar e Mantiqueira formam um funil próximo à fronteira do Rio. Ali o ar acelera e se choca com força com o ar parado sobre as cidades, provocando tempestades”, diz Pinto Junior.
Quando analisadas todas as cidades do País, a incidência de raios permaneceu estável.

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