Diretor nega que tenha havido falha e afirma que relato à polícia é infundado
Marcelo Roma
A
falta de socorro imediato a uma paciente do Hospital Mental Sorocaba
que sofreu paradas cardíacas e insuficiência respiratória virou caso de
polícia e deve ser apurado. A paciente sobreviveu e ontem permanecia
internada no Hospital Regional. Uma equipe do Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (Samu) foi chamada com urgência no sábado de manhã e o
médico Décio Luís Portella de Campos conseguiu estabilizar o quadro
clínico da mulher.
Depois disso, o médico do Samu registrou na delegacia do plantão
sul um boletim de ocorrência de omissão de socorro, crime previsto no
artigo 135 do Código Penal. O diretor do Hospital Mental, David Haddad,
negou falha no socorro à paciente. Ele foi ouvido ontem pela reportagem e
afirmou que a denúncia é infundada.
Conforme informações de Portella, que constam no boletim de
ocorrência número 5.035/2011, sua equipe foi acionada para uma paciente
com parada cardíaca no Hospital Mental e chegou às 11h35. A mulher
estava na enfermaria sem acompanhamento médico. Segundo Portella, a
enfermeira disse a ele que naquele momento o médico de plantão Jaime
Antônio Patton Vargas, atendia em outro lugar do hospital, mas antes
havia feito trabalho de reanimação na paciente.
De acordo com o médico do Samu, o plantonista do hospital chegou
após 40 minutos e disse que tinha saído para almoçar sem saber que o
estado da paciente havia piorado. A equipe do Samu estabilizou as
funções vitais da mulher e a transferiu para o Hospital Regional, com
diagnóstico de pneumonia. Conforme Portella, no Hospital Mental ninguém
forneceu o prontuário médico dela nem assinaram a ficha de atendimento.
Ele também pediu a escala de plantão médico, que não lhe deram.
O diretor do Hospital Mental rebateu a denúncia de omissão de
socorro. Segundo ele, por ser um hospital psiquiátrico o hospital
referência para atendimento a pacientes que requerem cuidados especiais é
a Santa Casa. Em relação à mulher em questão, ela apresentou parada
cardíaca súbita, senão seria transferida antes para a Santa Casa,
explica Haddad. "O procedimento nesses casos é acionar o Samu. Se o
médico de plantão, que é psiquiatra, estivesse junto à paciente, ele
também teria chamado o Samu", diz o diretor do Hospital Mental.
Haddad conversou com o médico de plantão e ele lhe disse que chegou
à enfermaria 10 ou 15 minutos após o Samu, e não 40 minutos como
mencionado no boletim de ocorrência. O Hospital Mental tem 330 pacientes
e o médico plantonista tem que ver os pacientes que estão doentes ou
precisam de cuidados, além de acompanhar os de estado mais grave, na
enfermaria, observa o diretor.
Quanto à negativa em fornecer o prontuário, Haddad avisa que pode
ser mostrado, mas não levado do hospital. Segundo ele, a paciente não
precisou ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital
Regional, seu quadro é estável e deve ter alta esta semana, retornando
para o Hospital Mental.
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