O número de carros apreendidos nas rodovias estaduais paulistas mais que dobrou desde que a Polícia Rodoviária passou a usar radares que denunciam veículos com licenciamento atrasado. Em 24 rodovias de São Paulo, 42 pontos de sensores inteligentes estão operando desde novembro.
A média mensal de carros apreendidos subiu de 4.490 antes dos radares para 9.750, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). No primeiro mês de funcionamento, em dezembro, foram apreendidos 10.793. Em janeiro, foram 10.113, ante 4.409 de janeiro de 2010.
Os 33 pátios das empresas credenciadas pelo DER para remover e guardar carros apreendidos estão abarrotados. A maioria fica a céu aberto. Apenas cinco empresas são autorizadas a operar os guinchos e a guardar os veículos. Os preços cobrados – fixados pelo próprio DER – assustam.
Para o carro ser retirado do local da apreensão e levado ao pátio mais próximo, o proprietário desembolsa R$ 150,24 pelo reboque, mais R$ 4,89 por km rodado. O pátio ainda cobra diária de R$ 39,08, mesmo que o veículo fique apenas uma hora. Para caminhões e ônibus, os valores quase triplicam. Há ainda a multa por infração de trânsito.
A reportagem acompanhou blitz no km 45 da Rodovia Castelo Branco. Pela placa, o policial acessa o banco de dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e da Secretaria da Fazenda e, em décimos de segundos, sabe se o veículo tem pendências. Em seguida, aponta aos colegas carros que devem ser parados. Na maioria dos casos, o dono não pagou IPVA e multas ou não renovou o licenciamento. O motorista encosta, entrega documentos e nem tem tempo de argumentar. “Seu carro está apreendido por falta de documentação”, avisa o policial.
O guincho da credenciada já está à espera. O dono pode apenas retirar objetos pessoais. O guarda preenche um papel, entrega ao motorista e já se ocupa com o radar. Mais um carro é parado. No veículo estão um casal e duas crianças. Pelo celular, o homem pede ajuda ao irmão. “A viagem já era, venha nos buscar.”
O pátio de Araçariguama fica a apenas três quilômetros, mas a estrada é de terra. Mais de mil carros estão ao relento, cobertos por poeira. O depósito ocupa clareira numa mata densa com nascentes. Quando os radares estão em ação, o local se agita. Guinchos levantam poeira, deixam um carro e fazem meia volta. Minutos depois, chegam com outro.
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