Condutores de ônibus definirão nesta terça-feira (31) em
assembleia se iniciarão greve na madrugada desta quarta-feira. Se proposta
feita por donos de empresas for recusada, quem depende do transporte público
estará por conta própria e quem tem carro ou moto enfrentará um trânsito ainda
mais complicado
Gilson Hanashiro/Agência BOM DIADesde sexta-feira motoristas estão em estado de greve e mantém os
faróis dos ônibus acesos, mesmo durante o dia, como forma de pressionar os
donos de empresas a negociar o atendimento de suas reivindicações.
Otimistas /Para
o presidente do Sindicato dos Condutores, Paulo João Estausia, a proposta
oferecida pelos donos de empresas de ônibus tem grandes chances de ser aceita
em assembleia. “Caberá aos motoristas bater o martelo. Se eles optarem pela
greve, cumpriremos, mas acredito que a proposta é boa.”
André Luís Abi Chedid, dono da empresa
Jundiá, afirma que nesse ano as negociações caminharam melhor que em 2010,
quando a empresa teve de entrar na Justiça solicitando que o Tribunal Regional
do Trabalho arbitrasse o valor do dissídio para os motoristas. “Desta vez me
parece que o bom senso das partes está prevalecendo.”
A principal reivindicação dos
motoristas diz respeito ao reajuste salarial da categoria. Enquanto eles
exigem aumento de 10,6%, até a semana passada os donos de empresas de
ônibus ofereciam 7,3%. Nesta segunda-feira (30), no entanto, a nova proposta
atingiu o patamar dos 9% de reajuste. A proposta também contempla R$ 700 de
participação nos lucros e resultados (contra R$ 800 reivindicados) e ticket
refeição de R$ 14 (atualmente são R$ 13 e os motoristas pediam R$ 15).
Outra exigência do sindicato é a
contratação de 100 agentes de bordo, que têm como função auxiliar a população e
evitar a evasão através da ação dos pula-catracas. Os donos de empresas
propuseram a contratação de metade, entre janeiro e março do próximo ano.
Menos usuários
Segundo a Urbes - Trânsito e Transportes, entre 1997 e 2010 o sistema público de transporte em Sorocaba acumulou queda de 11% no número de usuários. No ano passado 4,4 milhões de pessoas foram transportadas. Esse número leva em conta o número de viagens, ou seja, se uma pessoa vai e volta do trabalho, são contadas duas viagens. Segundo a Urbes, não há como contabilizar o percentual da população que utiliza o transporte público diariamente.
Segundo a Urbes - Trânsito e Transportes, entre 1997 e 2010 o sistema público de transporte em Sorocaba acumulou queda de 11% no número de usuários. No ano passado 4,4 milhões de pessoas foram transportadas. Esse número leva em conta o número de viagens, ou seja, se uma pessoa vai e volta do trabalho, são contadas duas viagens. Segundo a Urbes, não há como contabilizar o percentual da população que utiliza o transporte público diariamente.
À sombra da greve, Joice pensa no pior
Dependente dos coletivos, dona de casa afirma estar “sofrendo de véspera” só pelo fato de se lembrar de paralisações dos últimos anos
Dependente dos coletivos, dona de casa afirma estar “sofrendo de véspera” só pelo fato de se lembrar de paralisações dos últimos anos
“Quando o transporte falta é que nos
damos conta do quanto somos dependentes dele. Fico em casa, sem conseguir ir ao
banco, levar minha filha ao médico, presa”. O relato é da dona de casa Joice
Correa Ferreira, 24 anos, que nesta segunda-feira (30) carregava a filha de
quatro anos no colo após deixar o Terminal Santo Antônio. Assim como as demais
pessoas que dependem do transporte público, ela fica assustada com a mera
possibilidade de paralisação.
O temor, quase sempre, vem acompanhado
de indignação: “Não é possível que os motoristas não sejam sensíveis à
realidade do cidadão que não possui outra condução. A vida de quem fica
sem ônibus vira de pernas para o ar”, relata a faxineira Vanusa Mendes, 42.
O presidente do Sindicato dos
Condutores, Paulo João Estausia, afirma que caso a greve chegue a acontecer,
30% da frota deverá ser mantida nas ruas. “Com os dias, no entanto, o movimento
poderia evoluir para uma paralisação total.”
Veículos nas ruas /Em
2009, quando motoristas das empresas TCS e STU pararam, o trânsito de Sorocaba
tornou-se mais caótico que o normal. Sem ônibus, usuários do transporte
coletivo urbano que possuem veículos tiraram seus carros e motos da garagem,
reduzindo a fluidez do tráfego na cidade como um todo mesmo fora dos horários
de pico. Se a situação se repetir, a parcela da frota total de 300 mil veículos
que passa alguns dias da semana na garagem ganhará as ruas como opção de
locomoção.
O pintor Jeferson Mendonça, 43, tem um
carro, mas só o utiliza aos finais de semana. “Normalmente uso bicicleta, mas
sem ônibus, tenho de guiar o carro para levar os filhos para a escola, uma vez
que minha esposa não sabe dirigir.”
A comerciária Maria de Fátima
Ildefonso, 40, relembra que em uma das greves teve de andar em lotações
clandestinas para conseguir chegar ao trabalho. “Meu chefe não aceita a greve
como justificativa para atrasos e faltas. Paguei do meu bolso para manter o
emprego.”
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