20/05/2011

Pesquisas internacionais ajudam o jornalismo



Paulo Machado
Ouvidor da Agência Brasil
Uma pesquisa internacional realizada anualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ajuda o jornalismo a cumprir com sua função de verificar e informar sobre a eficácia de políticas públicas de saúde praticada por cada um dos 193 países membros.
O estudo (*) denominado Estatísticas de Saúde Mundiais 2011, divulgado essa semana, em Genebra, na Suíça, alertou para o “duplo ônus da combinação nefasta, em uma quantidade crescente de países, das doenças típicas dos paises pobres com as doenças típicas dos países ricos”.
Outro destaque importante, na pesquisa que recolheu e analisou dados de mais de cem indicadores de saúde pública diferenciando países ricos de países pobres, refere-se aos resultados obtidos sobre a mortalidade materna por ocasião da gravidez e do parto: “O risco de uma mulher de um país em desenvolvimento morrer de uma causa relacionada à gravidez no decorrer da vida é aproximadamente 36 vezes maior do que para uma mulher que mora em um país desenvolvido.”
A Agência Brasil tratou do assunto na matéria Doenças não transmissíveis matam dois terços da população por ano, mas não enfocou esses dois aspectos destacados pelos cientistas da OMS.
O equivoco do título, repetido no primeiro parágrafo da referida matéria, foi prontamente corrigido pela ABr logo após ter sido alertada pelo leitor Henrique Cortez que escreveu: “É preciso cuidado na tradução de textos, porque a incompreensão do texto e do contexto pode causar equívocos sérios e comprometer a informação. É o caso do título e da matéria ‘Doenças não transmissíveis matam dois terços da população por ano’. Não existe uma mortalidade de 2/3 da população ao ano, ou nossa espécie
já estaria extinta há muito tempo.”
A Agência Brasil respondeu: “Agradecemos o alerta do leitor. A correção da matéria  cujo título era ‘Doenças não transmissíveis matam dois terços da população por ano’ foi alterado. Publicamos um erramos com as correções necessárias’. O ‘Erramos’ está disponível no seguinte link: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-05-13/agencia-brasil-errou-0
A “incompreensão do contexto”, também citada pelo leitor, refere-se ao fato da notícia confundir fatores de risco, agravantes que levam às doenças, com as próprias doenças: “...os especialistas advertem que, além das doenças crônicas e contagiosas, há também fatores de risco que contribuem para aumentar o número de mortes no mundo.”
Para saber como anda a situação das políticas públicas de saúde no Brasil em comparação com o resto do mundo o leitor tem, a partir de agora, à sua disposição um novo site Global Health Observatory (Observatório Global da Saúde) lançado pela OMS, no qual os dados completos da pesquisa são disponibilizados de maneira didática e interativa. Mas o seu endereço não consta da matéria da ABr.
A questão da mortalidade materna foi citada na notícia embora faltando dizer que as metas para sua redução fazem parte do acordo internacional assinado pelo Brasil que trata dos Objetivos do Milênio a serem atingidos até 2015. Neles o país se comprometeu a diminuir em 75% essas mortes no decorrer do período que se iniciou em 1990.
Para que as políticas públicas de saúde consigam realizar a meta estabelecida é necessário que sua eficácia obtenha uma redução da ordem de 5,5% ao ano, mas, segundo os dados observados até o momento, caminhamos a uma taxa média anual de apenas 3,3% de redução.
O desenvolvimento dessas políticas no Brasil é analisado em outra matéria da ABr publicada dois dias antes da divulgação do relatório da OMS: Brasil precisa avançar na redução da mortalidade materna, dizem especialistas. Mas essa notícia não foi vinculada à outra.

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