Polícia Federal investiga onda de ataques virtuais


Ação de hackers começou na quarta e atingiu portais da Presidência, Receita e ministérios; ontem, o alvo foi o IBGE, cujo portal exibiu 'mensagem de alerta'



Lisandra Paraguassu e Alessandra Saraiva - O Estado de S.Paulo
A Polícia Federal abriu ontem investigação sobre os ataques de hackers a sites do governo federal, do Senado e de autarquias ligadas à União. A iniciativa de investigar partiu da própria PF, encarregada de apurar crimes cibernéticos federais. Desde a quinta-feira, a PF reúne informações para monitorar a ação dos hackers. Ontem, a investigação foi oficialmente aberta, mas nenhum dado foi divulgado para não atrapalhar a apuração.
A onda de ataques começou quarta-feira e atingiu os portais da Presidência; do Senado, do Ministério do Esporte, da Receita, da Petrobrás, culminando ontem com a invasão ao portal do IBGE, e aos ministérios da Cultura e do Esporte (pela segunda vez). Na quarta-feira, hackers do LulzSecBrazil, braço brasileiro do grupo internacional Lulz Security, que promove ataques cibernéticos contra CIA e o FBI, foram responsabilizados pela invasão ao site da Petrobrás.
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) informou que está estudando os ataques, mas ainda não foi recomendada nenhuma ação extra de segurança. A avaliação do Planalto é que a intenção dos hackers é chamar a atenção, já que até agora a ação principal foi derrubar páginas oficiais ou, no caso do IBGE, fazer "pichações", como são chamados os recados deixados por grupos de hackers em páginas invadidas. Por isso, a Presidência prefere não comentar as ações.
Na quinta-feira, informações pessoais atribuídas à presidente Dilma Rousseff, ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ao ministro da Educação, Fernando Haddad, e ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, foram distribuídas pela internet. Entre elas, e-mails, números de documentos e datas de aniversário. Nenhum dos envolvidos confirmou se os dados eram verídicos.
Ontem pela manhã o site do Ministério do Esporte ficou fora do ar. No final da tarde, em nota técnica, o órgão confirmou a invasão, mas garantiu que não houve acesso a dados confidenciais, senhas ou logins, como chegaram a divulgar os hackers.
"Como medida de prevenção, senhas criptografas de usuários externos que circularam na mídia foram canceladas", informou o ministério. O órgão diz ainda que os detalhes de repasse de verbas a Estados divulgados não são verdadeiros.
A Infraero retirou o seu portal do ar ontem. De acordo com a empresa, não houve acesso de hackers, mas foi tomada a decisão de reforçar a segurança.
O Ministério da Cultura apresentou instabilidade, aparentemente pelo excesso de acessos por um único usuário, o que configura o ataque de hackers. O ministério não confirmou ter sido alvo de uma ação. O site voltou ao ar logo após as tentativas de acesso terem sido neutralizadas.
O portal do IBGE permaneceu fora do ar durante boa parte do dia de ontem por conta do ataque virtual que, segundo o instituto, ocorreu por volta das 4 horas da madrugada. Autodenominado "Fail Shell" ou "FIREH4CK3R", o responsável deixou uma mensagem na página do IBGE, afirmando que este mês o governo será alvo do "maior número de ataques de natureza virtual na sua história". O IBGE informou que, apesar do ataque, o banco de dados não foi afetado. A Petrobrás negou que sua página tenha sido invadida ontem. 

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