Ao prender médicos e trazer à tona lado obscuro da saúde, autoridades
locais promovem revolução estadual e passam a receber denúncias feitas por
pessoas que sabem de fraudes em outros estados e pedem por ajuda
Assis Cavalcante/Agência BOM DIA
MP e polícia estão
no foco da mídia desde que a operação foi deflagrada
Mayco Geretti
Agência BOM DIA
Agência BOM DIA
Desde 16 de junho o nome de Sorocaba é levado a todo o país pela mídia,
que montou acampamento na cidade para divulgar cada novo desdobramento sobre a
investigação que apura plantões fictícios de médicos e enfermeiros no Conjunto
Hospitalar, além de fraudes em licitações. Desde então, chegam diariamente às
autoridades locais denúncias de outras cidades e até estados, em uma clara
demonstração de que o que começou local, está proporcionando mudanças muito
além dos domínios sorocabanos.
As fraudes descobertas em Sorocaba fizeram com que o governador Geraldo
Alckmin determinasse o prazo de 90 dias para que todos os hospitais ligados à
Secretaria de Estado da Saúde implementem pontos eletrônicos que dificultem as
fraudes em plantões. Hoje somente 30% das unidades do Estado possuem o
dispositivo.
Numa outra clara repercussão do capítulo local, o governo do Estado anunciou que realizará auditoria em todos os hospitais sob seu comando. E a medida é cabível e necessária, já que numa das conversas grampeadas pela polícia, o ex-coordenador de Serviços de Saúde, Ricardo Tardelli, fala a outro acusado que os plantões com médicos fantasmas não seriam “exclusividade” do Conjunto Hospitalar de Sorocaba. Tardelli pediu demissão do cargo, posição que foi aceita pelo governador.
Numa outra clara repercussão do capítulo local, o governo do Estado anunciou que realizará auditoria em todos os hospitais sob seu comando. E a medida é cabível e necessária, já que numa das conversas grampeadas pela polícia, o ex-coordenador de Serviços de Saúde, Ricardo Tardelli, fala a outro acusado que os plantões com médicos fantasmas não seriam “exclusividade” do Conjunto Hospitalar de Sorocaba. Tardelli pediu demissão do cargo, posição que foi aceita pelo governador.
Pedido de socorro/O sentimento
popular predominante externado nas ruas de Sorocaba é de que com as prisões dos
acusados, policiais e promotores fizeram justiça e, de alguma forma, vingaram a
população prejudicada. Caberá à Justiça ratificar o trabalho condenando os
acusados caso seus envolvimentos fiquem provados.
Segundo o promotor Wellington Veloso, do Gaeco (Grupo Especial de
Repressão contra o Crime Organizado), as autoridades locais estão recebendo
diariamente, desde as prisões, ligações feitas a partir de outras regiões do
Brasil. A cada telefonema, nova denúncia.
“Acreditamos que essas informações são passadas por funcionários de
outras unidades hospitalares que conhecem o golpe dos médicos fantasmas e
querem que uma providência seja tomada”, diz. “Talvez pelo fato de o escândalo
de Sorocaba ter ganhado repercussão, esses denunciantes querem que
intervenhamos em outras localidades do Estado e do país.”
Para Veloso, a maior contribuição já dada pela operação é trazer o
problema ao conhecimento público. “Cabe ao governo assumir o comando da
situação e desenvolver políticas que previnam que novas fraudes sejam
realizadas.”
O delegado Wilson Negrão, titular do Grupo Antissequestro de Sorocaba,
que coordenou a operação que culminou na prisão de 12 pessoas (entre elas três
ex-diretores do Conjunto Hospitalar de Sorocaba), afirma que hoje é difícil
definir o alcance dos tentáculos das fraudes na saúde.
“Após o esquema ser escancarado em Sorocaba, indícios começam a surgir
em diversas unidades em todo o Estado e Brasil”, diz. “A prática parece
estar muito mais disseminada do que imaginávamos quando começamos a investigar
as denúncias feitas em âmbito local.”
Mudança começa aqui / A reforma da saúde começará a partir de onde as fraudes foram
levantadas. Nesta quarta-feira (22), o interventor nomeado para administrar o
CHS, Luis Cláudio de Azevedo Silva, visitou a unidade pela primeira vez. Ele
fará um diagnóstico dos problemas no CHS e terá o foco de apresentar, dentro de
90 dias, um plano de ação para que o atendimento disponibilizado a pacientes de
Sorocaba e 48 cidades da região seja melhorado.
Baixas /As prisões em 16 de
junho marcaram o começo de uma série de quedas. Primeiro com a demissão do
ex-secretário estadual de Esportes, Lazer e Juventude, Jorge Pagura, que teria
recebido por plantões do CHS os quais ele jamais atuou. Logo depois veio a
segunda baixa, com a saída do coordenador Ricardo Tardelli.
Médico plantonista, só na folha de
pagamento
A investigação promovida pelos promotores do Gaeco e policiais do Grupo Antissequestro de Sorocaba apurou que no Conjunto Hospitalar médicos, enfermeiros e outros funcionários ganhavam por plantões não realizados. Em uma das conversas grampeadas uma médica que já havia recebido deixa claro que nem sequer sabe onde fica o hospital.
A investigação promovida pelos promotores do Gaeco e policiais do Grupo Antissequestro de Sorocaba apurou que no Conjunto Hospitalar médicos, enfermeiros e outros funcionários ganhavam por plantões não realizados. Em uma das conversas grampeadas uma médica que já havia recebido deixa claro que nem sequer sabe onde fica o hospital.
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é o número aproximado de profissionais da saúde que teriam recebido por plantões não executados. Numa segunda etapa da investigação eles também terão de depor e poderão ser indiciados
é o número aproximado de profissionais da saúde que teriam recebido por plantões não executados. Numa segunda etapa da investigação eles também terão de depor e poderão ser indiciados
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