Ele acusou a entidade de manipular dados e ter interesses políticos
André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br
O médico legista e psiquiatra José César de Laurentiz contestou, na tarde de ontem, as informações da pesquisa do professor doutor Márcio Garcia, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), que nortearam os estudos do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (Flamas), no que se diz respeito ao número de óbitos ocorridos em hospitais psiquiátricos de Sorocaba e região. De acordo com Laurentiz, a pesquisa realizada pelo professor não teve "metodologia nenhuma" e chegou a questionar a forma com que as médias de mortes foram calculadas, dizendo que a fórmula foi "inventada" e que ela "não existe". A pesquisa foi o que norteou a criação da Comissão Especial que investiga o atendimento nos Hospitais Psiquiátricos na Câmara dos Vereadores. Até agora, a comissão realizou sete oitivas.
O médico utilizou-se de dados disponíveis no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) e do Departamento de Informática do SUS (DataSUS) para afirmar que a situação da Saúde Mental em Sorocaba não apresenta nenhuma preocupação. Ele realizou uma pesquisa extensa sobre a situação da saúde em geral na cidade, sob o pedido da Vigilância Epidemiológica municipal e expôs os resultados durante a oitiva realizada ontem na Câmara. Laurentiz é também formado em Administração de Hospitais e Sistemas de Saúde, pela Fundação Getúlio Vargas e já foi diretor do Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba.
De acordo com o médico, a situação da saúde em geral - incluindo a mental - tem obtido melhorias desde 1997 até o ano atual, afirmando que isso se deve ao projeto de urbanização e melhorias na arquitetura da cidade. Ele chegou a exaltar as políticas públicas realizadas pelo ex-prefeito Renato Amary e o atual Vitor Lippi e disse não ter nenhum vínculo com a Prefeitura. Conforme informações de sua pesquisa, Laurentiz mostra que em um período de oito anos, de 2000 a 2007, a cidade teve 468 óbitos em seus hospitais psiquiátricos, sendo 58 mortes por ano e 5 por mês. No Hospital Psiquiátrico Jardim das Acácias, a média de óbitos registrados por mês é de 0,7; no Vera Cruz, 1,5; no Teixeira Lima, 1,2; no Mental, 1,4; e na ala psiquiátrica do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), 0,1 falecimentos.
Segundo o levantamento do professor da Ufscar e do Flamas, ocorre uma morte a cada cinco dias e meio nos hospitais psiquiátricos da região de Sorocaba. O estudo do Flamas afirma que houve 459 mortes entre 2006 e 2009, nos sete hospitais psiquiátricos da região, resultando em 16,3 falecimentos por 100 leitos. "É gravíssima a elaboração desses indicadores", argumentou Laurentiz. Segundo o ex-diretor do IML, a forma de cálculo da porcentagem de mortes realizada por Garcia foi equivocada, o que causaria em uma contradição com os dados coletados por ele. "É pura manipulação", opina.
O levantamento do Flamas foi bastante criticado pelo médico, que analisou um texto disponibilizado na página da Internet do Fórum (http://flamasorocaba.wordpress.com), e disse que o que foi veiculado levou diversas informações falsas à população. Laurentiz acusou o Flamas de adotar uma "postura anticientífica" por ter divulgado dados antes de terem sido totalmente esclarecidos. "O grupo (o Flamas) disse mentira e perdeu a credibilidade", relata Laurentiz. O médico também levantou a hipótese de o Fórum ter algum tipo de interesse no fim das internações em hospitais psiquiátricos, seja de forma econômica ou política.
Flamas se diz "tranquilo"
A psicóloga Lauren Archilla, que é membro do Flamas, esteve na oitiva da tarde de ontem e alega que o Fórum não publicou inverdades, pois os números utilizados no estudo veiculado são das mesmas fontes de Laurentiz. "Só que a questão é que ele trouxe números específicos da cidade de Sorocaba e nós pesquisamos a região. Então é diferente, nós vamos ter resultados diferentes da estatística, mas isso não tem nada a ver com ser anticientífico, sensacionalista, nós só estamos partindo de pressupostos diferentes", alega.
Sobre as acusações feitas por Laurentiz sobre o Flamas, o membro Lúcio Costa diz que o Fórum vê com "tranquilidade" essa situação e acusa o médico de ser "tendencioso" ao falar diante de todos na Câmara. "Nós fizemos um pedido para que a Câmara possa escutar mais dois pesquisadores, para avaliar a pesquisa, pois, para isso, tem que ter um conhecimento acadêmico. Esse cidadão é medico, mas não tem mestrado nem doutorado, então não tem critério acadêmico para avaliar a pesquisa", ressalta.
Oitivas continuam
De acordo com o vereador Izídio de Brito Correia (PT), que é presidente da Comissão, as oitivas continuarão amanhã, em que a oitava rodada de depoentes será realizada, a partir das 9h. As informações passadas pelo ex-diretor do IML ainda deverão ser analisadas, para que seja tomada uma decisão conclusiva. Amanhã serão ouvidos o diretor clínico do Hospital Teixeira Lima, Dirceu de Albuquerque Doretto; o diretor clínico do Hospital Jardim das Acácias, Jair Salim; e o diretor administrativo do Hospital Mental, David Neief Haddad. Segundo o vereador Izídio, as duas oitivas serão realizadas na mesma semana devido ao recesso parlamentar, que se inicia no próximo dia 18 e segue até o próximo dia 1º.
andre.moraes@jcruzeiro.com.br
O médico legista e psiquiatra José César de Laurentiz contestou, na tarde de ontem, as informações da pesquisa do professor doutor Márcio Garcia, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), que nortearam os estudos do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (Flamas), no que se diz respeito ao número de óbitos ocorridos em hospitais psiquiátricos de Sorocaba e região. De acordo com Laurentiz, a pesquisa realizada pelo professor não teve "metodologia nenhuma" e chegou a questionar a forma com que as médias de mortes foram calculadas, dizendo que a fórmula foi "inventada" e que ela "não existe". A pesquisa foi o que norteou a criação da Comissão Especial que investiga o atendimento nos Hospitais Psiquiátricos na Câmara dos Vereadores. Até agora, a comissão realizou sete oitivas.
O médico utilizou-se de dados disponíveis no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) e do Departamento de Informática do SUS (DataSUS) para afirmar que a situação da Saúde Mental em Sorocaba não apresenta nenhuma preocupação. Ele realizou uma pesquisa extensa sobre a situação da saúde em geral na cidade, sob o pedido da Vigilância Epidemiológica municipal e expôs os resultados durante a oitiva realizada ontem na Câmara. Laurentiz é também formado em Administração de Hospitais e Sistemas de Saúde, pela Fundação Getúlio Vargas e já foi diretor do Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba.
De acordo com o médico, a situação da saúde em geral - incluindo a mental - tem obtido melhorias desde 1997 até o ano atual, afirmando que isso se deve ao projeto de urbanização e melhorias na arquitetura da cidade. Ele chegou a exaltar as políticas públicas realizadas pelo ex-prefeito Renato Amary e o atual Vitor Lippi e disse não ter nenhum vínculo com a Prefeitura. Conforme informações de sua pesquisa, Laurentiz mostra que em um período de oito anos, de 2000 a 2007, a cidade teve 468 óbitos em seus hospitais psiquiátricos, sendo 58 mortes por ano e 5 por mês. No Hospital Psiquiátrico Jardim das Acácias, a média de óbitos registrados por mês é de 0,7; no Vera Cruz, 1,5; no Teixeira Lima, 1,2; no Mental, 1,4; e na ala psiquiátrica do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), 0,1 falecimentos.
Segundo o levantamento do professor da Ufscar e do Flamas, ocorre uma morte a cada cinco dias e meio nos hospitais psiquiátricos da região de Sorocaba. O estudo do Flamas afirma que houve 459 mortes entre 2006 e 2009, nos sete hospitais psiquiátricos da região, resultando em 16,3 falecimentos por 100 leitos. "É gravíssima a elaboração desses indicadores", argumentou Laurentiz. Segundo o ex-diretor do IML, a forma de cálculo da porcentagem de mortes realizada por Garcia foi equivocada, o que causaria em uma contradição com os dados coletados por ele. "É pura manipulação", opina.
O levantamento do Flamas foi bastante criticado pelo médico, que analisou um texto disponibilizado na página da Internet do Fórum (http://flamasorocaba.wordpress.com), e disse que o que foi veiculado levou diversas informações falsas à população. Laurentiz acusou o Flamas de adotar uma "postura anticientífica" por ter divulgado dados antes de terem sido totalmente esclarecidos. "O grupo (o Flamas) disse mentira e perdeu a credibilidade", relata Laurentiz. O médico também levantou a hipótese de o Fórum ter algum tipo de interesse no fim das internações em hospitais psiquiátricos, seja de forma econômica ou política.
Flamas se diz "tranquilo"
A psicóloga Lauren Archilla, que é membro do Flamas, esteve na oitiva da tarde de ontem e alega que o Fórum não publicou inverdades, pois os números utilizados no estudo veiculado são das mesmas fontes de Laurentiz. "Só que a questão é que ele trouxe números específicos da cidade de Sorocaba e nós pesquisamos a região. Então é diferente, nós vamos ter resultados diferentes da estatística, mas isso não tem nada a ver com ser anticientífico, sensacionalista, nós só estamos partindo de pressupostos diferentes", alega.
Sobre as acusações feitas por Laurentiz sobre o Flamas, o membro Lúcio Costa diz que o Fórum vê com "tranquilidade" essa situação e acusa o médico de ser "tendencioso" ao falar diante de todos na Câmara. "Nós fizemos um pedido para que a Câmara possa escutar mais dois pesquisadores, para avaliar a pesquisa, pois, para isso, tem que ter um conhecimento acadêmico. Esse cidadão é medico, mas não tem mestrado nem doutorado, então não tem critério acadêmico para avaliar a pesquisa", ressalta.
Oitivas continuam
De acordo com o vereador Izídio de Brito Correia (PT), que é presidente da Comissão, as oitivas continuarão amanhã, em que a oitava rodada de depoentes será realizada, a partir das 9h. As informações passadas pelo ex-diretor do IML ainda deverão ser analisadas, para que seja tomada uma decisão conclusiva. Amanhã serão ouvidos o diretor clínico do Hospital Teixeira Lima, Dirceu de Albuquerque Doretto; o diretor clínico do Hospital Jardim das Acácias, Jair Salim; e o diretor administrativo do Hospital Mental, David Neief Haddad. Segundo o vereador Izídio, as duas oitivas serão realizadas na mesma semana devido ao recesso parlamentar, que se inicia no próximo dia 18 e segue até o próximo dia 1º.
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