20/08/2011

Câmara Municipal de Campinas cassa o mandato do prefeito Dr. Hélio


Tatiana Fávaro, de O Estado de S.Paulo, e Jair Stangler, do Estadão.com.br
A Câmara Municipal de Campinas cassou o mandato do prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), no final da madrugada deste sábado, 20, após mais de 44 horas ininterruptas de julgamento. Dr. Hélio foi cassado por 32  votos a 1 – o único voto contrário foi do vereador Sérgio Benassi (PCdoB). O julgamento começou às 9h da manhã da quinta-feira, 18. Às 10h foi iniciada a leitura do processo, que tinha mais de mil páginas. Até pouco depois da meia noite deste sábado, os vereadores se revezaram na leitura do processo.
 
Até pouco depois da 1h, foi feita a leitura do relatório final, recomendando a cassação do prefeito. Entre 1h22 e 4h55, os vereadores revezaram-se na tribuna, para justificar seus votos. Depois, a Mesa concedeu 15 minutos para que o prefeito ou seu representante fizesse sua defesa. De acordo com o regimento, ele teria direito a duas horas para se defender.
 
Passado esse período, os vereadores votaram o pedido de impeachment do prefeito. A votação da primeira acusação aconteceu às 5h20, e isso já bastaria para cassar o mandato do prefeito. Cinco minutos depois, também pelo placar de 32 a 1, o prefeito era condenado pelas outras duas acusações.
O relatório final da Comissão Processante apresentado na terça-feira, 16, apontava as seguintes acusações contra o Dr. Hélio: omissão do prefeito em relação às infrações político-administrativas e atos de corrupção praticados por integrantes do primeiro escalão da administração na Sanasa, irresponsabilidade legal e política de Santos na defesa de bens no caso de parcelamento de solo e comportamento incompatível com a dignidade e decoro de seu cargo ao ignorar tráfico de influência na liberação de alvarás para instalação de antenas de celulares. A defesa do Dr. Hélio deve levar o caso à Justiça.
Com a queda do Dr. Hélio, quem assume é o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), acusado de ter recebido propina de empresários investigados pelo Ministério Público. Vilagra chegou a ser preso. O petista nega as acusações feitas contra ele.
Veja como foi a sessão que cassou o mandato do Dr. Hélio:
5h27 – A Câmara Municipal de Campinas decreta cassado o mandato do prefeito. Os manifestantes presentes comemoram: “O povo unido jamais será vencido!”
5h25 – Nas outras duas acusações, irresponsabilidade legal e política de Santos na defesa de bens no caso de parcelamento de solo e comportamento incompatível com a dignidade e decoro de seu cargo ao ignorar tráfico de influência na liberação de alvarás para instalação de antenas de celulares, o placar foi o mesmo: 32 a 1.
5h20 – Prefeito Dr. Hélio é cassado na primeira infração político-administrativa, omissão de responsabilidade no caso de corrupção na Sanasa, por 32 votos a 1. Os vereadores votam agora as outras acusações.
5h13 – Os vereadores vão votar. Serafim pede que os vereadores permaneçam sentados e votem. Serão três votações, para cada uma das acusações. Mas basta que o prefeito seja cassado em apenas uma das acusações. O presidente da Mesa pede para registrar em ata que o prefeito não compareceu nem mandou representante.
5h10 – Os manifestantes do movimento Fora Hélio, que não pararam de cantar durante o prazo dado para que o prefeito se apresentasse, fazem uma contagem regressiva, e ao final do prazo, começam a cantar o Hino Nacional, sendo acompanhados por alguns vereadores.
4h58 – É realmente impressionante o pique dos manifestantes que pedem a cassação do prefeito. Às cinco da manhã, eles cantam: “Aiaiaiai, está chegando a hora, o dia já vem raiando meu bem, e o Hélio já vai embora.”
4h50 – Rafa Zimbaldi (PP), presidente da Comissão Processante, agradece à população, “presente às cinco da manhã” ao julgamento. O presidente da Mesa, Pedro Serafim (PDT) dá 15 minutos para que o prefeito ou seu procurador se apresentetm para fazer a defesa.
4h47 – Deputado Valdir Terrazan (PSDB) agradece a mobilização da população nas ruas e nas mídias sociais.
4h21 – O presidente da Mesa, Pedro Serafim (PDT) passa um sermão nos manifestantes, que pedem que o vereador Canário (PT) encerre sua fala. De um modo geral, os vereadores ignoram o pedido feito pelo presidente da Mesa no início dos discursos, para que as falas fossem abreviadas.
3h42 – O líder do PT na Casa, Angelo Barreto, anuncia que os vereadores irão esperar duas horas para que o prefeito apresente sua defesa. O presidente da Mesa, Pedro Serafim, interrompeu o parlamentar e acabou com a tensão no plenário: a espera será de apenas 15 minutos. Se, após 15 minutos de espera não aparecer nenhum representante do prefeito, a votação será iniciada.
3h30 – Benassi faz um discurso corajoso, sob vaias e gritos de ‘propina! propina!’. “Cada um dos vereadores aqui, que irá votar pela cassação, no fundo de suas consciências, sabe que esse é disparado o melhor governo dos últimos tempos.” Abafado pelos manifestantes, Benassi encerra seu discurso, clamando pela presunção da inocência.
3h22 – Benassi afirma que não há ‘nenhum’ elemento provado contra o prefeito. “O julgamento é político, mas não se deve em nome da política cometer arbitrariedades. Ninguém pode abrir mão do Estado de Direito”, afirma o vereador. Segundo Benassi, nada existe que prove que o prefeito soubesse dos crimes que estavam sendo cometidos. “O relatório afirma em seus momentos de verdade: não temos prova, não temos tempo de buscar prova. O relatório diz que o MP já disse tudo.  Mas oq eu o MP diz é que não há nada contra o prefeito. Tem que cassar o prefeito? Tudo bem. Tem que prender? Tudo bem. Mas que seja com provas. Não se deve confundir a busca da verdade com a ameação ao Estado de Direito e à democracia!”
3h15 – Sérgio Benassi (PCdoB), que deve ser o único vereador a votar a favor do Dr. Hélio, ouve muitos desaforos da plateia: “Eu não sou manso, sou educado.” “Vivi numa época em que o simples pensar e o alinhamento com ideias consideradas irregulares eram pagas com a vida. Por isso sou educado e quero expor minha opinião”, afirma. “A Câmara representa um milhão de habitantes que escolheram alguém”, continua. Segundo ele, foi correto a Casa acatar as denúncias feitas contra o prefeito. “A Casa deve apurar fatos”, afirma. Cita as denúncias feitas. “Estão julgando o prefeito. É preciso avaliar o prefeito na condição de réu. Quais os atos e o envolvimento do prefeito? Aquelas denúncias e atos do prefeito que possam justificar a cassação? Porque essa é a natureza do julgamento?”, questiona. “Há algum ato contra o prefeito que apurou o Ministério Público?”, insiste, enquanto ouvem-se manifestantes contrariados pelo discurso do vereador.
3h08 – Vereador Peterson Prado (PPS) explica a relação entre o Dr. Hélio e a primeira-dama e chefe de governo do prefeito, Rosely Nassim: “Era um jogo muito bem combinado, em que ele era o bom e ela era a má. Ela ficava com o não. E esse jogo rendeu lucros eleitorais e, como descobrimos nos últimos meses, materiais.”
2h47 – Enquanto o vereador Josias Lech (PT) discursava, a plateia começou a vaiar e pedir o fim da fala do vereador. A luz caiu e agora os vereadores aguardam que o sinal da TV Câmara volte a ser transmitido. Segundo o presidente da Mesa, Pedro Serafim, diz que o problema foi com os geradores. A sessão foi retomada dez minutos após a interrupção.
2h31 – Dário Saadi (DEM) é o 14º vereador a falar. Ainda faltam 14.
2h22 – Leonice da Paz (PDT) diz ter aplaudido a administração do Dr. Hélio, mas “diante dos fatos levantados pela Comissão Processante” vota pela cassação do prefeito.
2h13 – Gilberto Cardoso, o Vermelho (PSDB), fala. Ele é suplente do vereador Artur Orsi (PSDB), impedido de votar por ser autor do pedido de cassação. “Não posso deixar de falar! Porque está faltando o dinheiro! Gostaria de proferir meu voto para cada um dos bandidos que roubou nosso dinheiro! Mas vou proferir para um só, que é o chefe dessa quadrilha!”
2h11 – Flores afirma que os parlamentares de seu partido, que é o mesmo do prefeito, estão peitando a bancada estadual e nacional do PDT para votar a favor da cassação do Dr. Hélio.
2h07 – Antonio Flores (PDT) diz que a bancada vai votar pela cassação: “nossas consciências não estão à venda”.
2h02 – Zé do Gelo (PV) , relator do processo, agradece o apoio de colegas e funcionários da casa para fazer o relatório.
 1h59 – Vereador Élcio Batista (PSB) diz que esta noite é a noite do ‘renascimento de Campinas’. Afirma ainda que tão importante quanto dizer não à corrupção é reaver o dinheiro roubado da cidade. Segundo ele, qualquer pessoa é bem vinda à cidade, desde que ame a cidade.
 1h57 – Alguns poucos simpatizantes do prefeito tentam tumultuar a sessão. Vereador Pedro Serafim (PDT) ameaça parar a sessão.
1h48 – “Se o povo votou mal, deve pensar em votar bem na próxima eleição”, afirma Arly de Lara (PSB). Chama a atenção para o fato de que, quando deputado federal, Dr. Hélio subscreveu projeto da delação premiada. Declarou o voto pela cassação do prefeito: “Hoje vou dormir triste, mas em paz, por poder olhar nos olhos de meus familiares e eleitores”.
1h39 – Antonio Francisco dos Santos, o Politizador do Brasil (PMN) chora ao fazer seu discurso e lamenta que o advogado do prefeito, Alberto Rollo, não esteja presente ao julgamento.
1h30 – “Esta é uma decisão política da qual nós teremos orgulho de, no futuro, olharmos dentro dos olhos de nossos filhos e netos e dizermos eu participei e colaborei para Campinas resgatasse o devido respeito que merece ter em nosso País. As denúncias que pesam sobre o mandatário máximo de nossa cidade são gravíssimas porque envolvem pessoas diretamente ligadas ao prefeito. Ao nomear essas pessoas – mesmo sabendo serem elas detentas de extensa ficha judicial – sem sombra de dúvidas o sr. prefeito assumiu e evocou para si a responsabilidade de todos os atos que esses agentes praticaram em escárnio à população e total deboche de nossa cidade, daí a razão pela qual seu impeachment é medida de rigor que se impõe”, afirma o vereador Sebá Torres (PSB).
1h22 – Falam os vereadores. O primeiro a falar é justamente Aurélio Cláudio (PDT), que teve divulgada conversa em que aparece falando que negociava o apoio ao prefeito em troca de uma dívida de campanha. “Todo esse episódio não alterou em nada” o voto dos vereadores, afirmou. Aurélio Cláudio diz ter certeza que quem armou “esse imbroglio” tem a assinatura embaixo. O vereador pede desculpas aos vereadores e à população. “Não poderia deixar de agora em público pedir a todos vocês”, afirma. “Mandou bem, Aurelião”, gritam pessoas da plateia.
1h17 – Professor Alberto termina a leitura do relatório, que pede a cassação do prefeito do Dr. Hélio. Plateia canta: “Dr. Hélio chora, chora Dr. Hélio, Dr. Hélio chora, já chegou a sua hora.”
1h08 – Segundo o relatório, o prefeito afirmar que nada sabia do escândalo em Campinas ou é ‘menoscabo e deboche de toda a sociedade’, ‘ou mente descaradamente ou, se fala a verdade, deveria ser interditado por insanidade mental.’ Aplausos na plateia.
0h51 – O relatório diz que se o prefeito nada soubesse, como chegou a afirmar, isso equivaleria a um adultério de sua mulher, a quem jurou amar em meios de comunicação. “O denunciado, ao tentar convencer a todos que nada sabia, assume um cinismo tal”, segue o texto do relator Zé do Gelo (PV), tenta convencer, diz ainda, de “uma ingenuidade que hoje nem mesmo as crianças ainda tem.”
0h49 – “O aqui ocorrido não guarda igual a nenhuma outra cidade do País, no que diz respeito ao número de pessoas envolvidas e ao volume de dinheiro desviado”, consta do relatório.
0h46 – Até o momento, 16 vereadores estão inscritos para falar após a leitura do relatório final.
0h40 – No relatório, são apresentados os argumentos da defesa do prefeito. Nega que tenha havido negligência ou omissão e afirma que foram tomadas medidas para sanar as irregularidades.
0h30 – Vereador Professor Alberto (DEM) inicia a leitura do relatório final. No momento descreve as denúncias contra o prefeito. O auditório, quase sempre com público baixo durante o período da leitura do processo, ganha um bom público no momento. Presentes apenas manifestantes pedindo a cassação do prefeito.
0h28 – O presidente da Mesa, Pedro Serafim (PDT) pediu que, enquanto o vereador Professor Alberto lesse o relatório final, os parlamentares interessados em fazer uso da palavra por até 15 minutos antes da votação do pedido de cassação se inscrevessem. “Eu rogo aos senhores que façam um pronunciamento curto, já que estamos todos física e emocionalmente desgastados”, pediu o pedetista. 



Jair Stangler, do Estadão.com.br
Barreto defendeu que Demétrio tome posse caso a cassação do Dr. Hélio seja confirmada pela Câmara de Campinas na madrugada deste sábado, 20. Para ele, a ameação feita pelo tucano é uma tentativa de antecipar as eleições de 2012. ”Se eles quiserem, a gente antecipa com toda a tranquilidade”, disse em entrevista ao Estadão.com.br. De acordo com Barreto, Demétrio não cometeu nenhum crime político-administrativo.  Afirma ainda que a acusação de propina feita contra o vice-prefeito é improcedente e que não é possível que se queira cassá-lo apenas baseado em sua prisão.
A Câmara de Campinas realiza, desde a manhã da quinta-feira, sessão que deve definir a cassação do prefeito Dr. Hélio. A tendência é que a cassação se confirme em votação a ser realizada na madrugada de sábado. O relatório final da Comissão Processante apresentado na terça-feira, 16, aponta omissão do prefeito em relação às infrações político-administrativas e atos de corrupção praticados por integrantes do primeiro escalão da administração na Sanasa, irresponsabilidade legal e política de Santos na defesa de bens no caso de parcelamento de solo e comportamento incompatível com a dignidade e decoro de seu cargo ao ignorar tráfico de influência na liberação de alvarás para instalação de antenas de celulares.
O senhor vai votar pela cassação?
Sim. Não só eu como todo o partido, é a decisão do partido.
A cassação já é certa?
Pelo que eu estou vendo, pelo clima é praticamente certa.
Tirando o Hélio, assume o Demétrio, que também está com algumas questões, foi acusado de receber propina e chegou a ser preso. O vereador Arthur Orsi (PSDB, autor do pedido de cassação do Dr. Hélio) disse que já está pensando em pedir a cassação do Demétrio. Qual a sua opinião sobre isso?
Se o PSDB quiser antecipar as eleições de 2012… A gente não antecipou ainda não, mas se eles quiserem a gente antecipa com toda a tranquilidade. Primeiro que o Demétrio não cometeu nenhum crime político-administrativo. O Demétrio era vice-prefeito. Segundo, a prisão do Demétrio se deu em função de um telefonema, telefonema claramente forçado do delator, delator para  mim é bandido arrependido, para uma outra pessoa, dizendo para essa pessoa que com a saída dele o Demétrio ficava no lugar. Isso é um absurdo. Então, o Ministério Público pediu a prisão do vice-prefeito por causa desse telefonema. Telefonema igual a esse também foi grampeado com a Sabesp, com os técnicos da Sabesp, com engenheiro da Sabesp, que é ligado ao governo do Estado, e não mandaram prender ele. Então, o Ministério Público precisa mostrar se não está a serviço de algum partido. É preciso tomar cuidado com o que a gente está pensando em fazer. Não tem nenhum crime político-administrativo. Se tem algum crime que Demétrio cometeu que não seja político-administrativo, ele vai ter que responder no Tribunal de Justiça. O Ministério Público entra com uma representação, denuncia ele, ele tem foro privilegiado, a partir do momento que ele assume ele vai explicar no TJ o envolvimento dele, se é que existe. Não existe, em todo o relatório, qualquer coisa do Demétrio que não seja esse telefonema. Existe a acusação de um empresário dizendo que deu R$ 20 mil para ele na campanha. Primeiro que o Demétrio não era candidato. Então, se ele deu R$ 20 mil era para o Demétrio ajudar alguém. O Demétrio nega isso, o filho do empresário negou e nunca fez repasse para o Demétrio, nunca se encontrou com o Demétrio. Numa acareação ele volta atrás. Então isso demonstra claramente que isso pode ter sido uma armação. Então nós vamos investigar. Já estamos investigando isso também. Quem apresentar uma Comissão Processante contra o Demétrio, tem que dizer qual foi o crime político-administrativo que ele cometeu. Se é por causa daquela prisão, é querer antecipar as eleições de 2012. E aí então nós vamos antecipar. Se eles esconderam o Ministério Público até agora, então agora disso, eles não vão mais poder esconder o Ministério Público. Se o PSDB entrar nessa linha, eles não vão esconder mais o Ministério Público. Por que aí o que eles vão dizer? Temos que cassar o prefeito porque ele foi preso por causa de um telefonema? Se é que o Ministério Público vai apresentar denúncias contra ele.
Há também o caso da compra de carne de avestruz…
A compra de carne de avestruz que esses caras estão falando é porque os filhos deles comem bem e filho de pobre não pode comer bem. A carne de avestruz que ele está mencionando, o contrato foi considerado legal pelo Tribunal de Contas. Primeiro, que quando compraram a carne de avestruz e pagaram R$ 27 o quilo, o quilo do contrafilé estava R$ 39. Eles não falam isso. Então eles ficam querendo inventar história. E aí daqui para a frente não vai ter conversa. Ou a gente é sério ou a gente vai tentar se aproveitar de alguma coisa. Se o Ministério Público quiser apresentar denúncias que envolvem o vice-prefeito em licitações, em contratos superfaturados é outra discussão. Mas precisa apresentar. Por tudo isso que aconteceu não tem como o Demétrio ser cassado. Eu vou falar com toda a tranquilidade. Se ele cometeu o mesmo crime do prefeito Hélio tem que ser cassado também. Mas é preciso ter seriedade.
Mas o prefeito cometeu crime?
Crime político-administrativo. A Câmara julga crime político-administrativo. Não julga crime eleitoral ou outro tipo de crime. A Câmara diante de todas as denúncias do Ministério Público que envolveram o primeiro escalão do governo Hélio. Todas as evidências mostram que o prefeito no mínimo prevaricou. Não é possível que ele não tinha conhecimento da situação dos seus comissionados, dos seus secretários, do passado, da vida pregressa dos seus comissionados. Não era possível que ele não sabia o que acontecia com a esposa dele uma vez que ela sempre estava junto com ele e ele junto com ela. Então isso daí ficou muito claro para a sociedade que é muito difícil para a Câmara segurar uma cassação dessa. Se isso aconteceu com o vice-prefeito Demétrio também vai ser difícil segurar. Mas é preciso mostrar. Esse negócio de querer especular é querer antecipar as eleições de 2012, isso não dá. Aí a gente vai antecipar tudo. Aí nós vamos buscar tudo o que tiver que buscar. Nós vamos mostrar para essa cidade quando essa cidade começou a ser enterrada e que o Ministério Público nunca investigou.
Resolvido o problema com o Dr. Hélio, assume o Demétrio e a cidade pode retomar a normalidade administrativa?
Ela tem que retomar. Esse é o trabalho que a Câmara tem que fazer, ela tem que retomar essa situação toda na cidade. A Câmara não pode ser responsabilizada por não deixar a cidade andar.
O PT fez parte do governo do Dr. Hélio. Quando se deu essa avaliação de que era preciso abandonar o barco?
Em 2004, o PT tinha candidatura própria, que era o Zica. Disputamos as eleições, a gente vinha de um governo da Isalene, quase fomos para o segundo turno, ficou faltando 5 mil votos para o Zica ir para o segundo turno. Ficou no segundo turno o Carlos Sampaio e o Dr. Hélio, o PT se reuniu e optou por sugerir o voto ao Dr. Hélio. Significava o quê? Havia uma disputa na cidade entre o projeto da direita, do PSDB, e o projeto da esquerda que era o projeto que o Dr. Hélio encabeçava. Nós, militantes do PT, achamos por bem sugerir que os militantes do PT votassem no prefeito Hélio. O prefeito ganhou essa eleição. Ele sempre foi solidário ao apoio que o PT deu naquelas eleições. O que aconteceu ali? Alguns setores do PT vieram a convite do prefeito Hélio para compor o governo, como por exemplo o secretário de Transportes, o Gerson Bittencourt. Durante quatro anos de mandato, o PT acompanhou o trabalho que o Dr. Hélio fez na cidade, houve muitos investimentos na cidade de Campinas, vindos do PAC, do governo federal, do PAC da Saúde e o projeto Minha Casa Minha Vida, e nós acompanhamos essa situação toda. Em 2007 o PT tirou uma resolução onde o PT aprovava os nomes dos companheiros que já faziam parte do governo Hélio.
Esses nomes é o pessoal que veio lá do Mato Grosso do Sul?
Não, não… De São Paulo. Não tem ninguém do Mato Grosso que veio do PT. Estou falando da Secretaria de Transportes e de outras secretarias menores. Não temos nada a ver com esse povo do Mato Grosso que veio, nada contra os matogrossenses, mas não temos nada a ver. Estou falando dessa situação. Em 2008 teve um grande debate da militância do PT que foi se o PT tinha candidatura própria ou não. Chegou-se à conclusão em função do apoio que o Hélio recebia do Lula. O apoio que o Hélio recebeu em 2004 foi no segundo turno, alguém tenta dizer que o Lula não apoiou o Zica, isso não é verdade. Tanto apoiou que a gente quase foi para o segundo turno. No segundo turno é que o Lula apoiou também o Hélio porque o PT apoiou o Hélio. Em 2008 a militância do PT aprovou que o PT faria uma chapa com o Hélio na qual o candidato a prefeito seria o Hélio e o PT teria a vice. Diante de uma situação dessa o PT é governo na cidade. Não existe um abandono do barco. O PT nunca abandonou e não está abandonando o barco. Porque o PT é governo. O que está acontecendo hoje é que há um problema na cidade, vai acontecer a cassação do prefeito, e ao acontecer a cassação do prefeito, o vice assume. E quando o vice assume, o governo continua. O governo do Dr. Hélio é o governo do PT. O governo continua. E as mudanças que vão acontecer certamente serão as mudanças que terão que ser feitas que, possivelmente o Dr. Hélio poderia fazer. As mudanças que houverem são mudanças naturais de um processo de governo. O PT não abandonou e não vai abandonar o barco. Nós temos um encontro dia 27 que nós vamos discutir essas mudanças. E o PT continua sendo governo. Vamos trabalhar essa questão do PAC, todo o dinheiro que já está programado para a cidade Campinas para 2011 e 2012. A Câmara Municipal tem que ter essa responsabilidade. A Câmara Municipal não pode incorrer no risco de parar a cidade. Toma posse o vice-prefeito, é preciso que a Câmara olhe para a cidade. A cidade tem que andar. Se você criar um mecanismo de antecipar as eleições de 2012, a Câmara Municipal pode ser responsabilizada por parar a cidade. Você imagina se tiver a possibilidade, porque existe essa possibilidade, de escolher o novo prefeito por eleição indireta, de os 33 vereadores escolherem o novo prefeito. Isso está sendo discutido juridicamente. A Câmara com seus 33 vereadores vai virar alvo da população se a cidade parar. Qualquer lugar que o vereador for o cidadão vai dizer: ‘olha, a cidade está parada porque o senhor escolheu aquele prefeito, eu queria eleger o prefeito, o senhor elegeu aquele prefeito, aquela prefeita’. Todos os vereadores vão querer ser reeleitos e para serem reeeleitos, a cidade também tem que andar.
Se o PSDB pedir a cassação do Demétrio, o PT vai para a briga?
O PSDB vai estar no papel dele. Afinal de contas, faz de 16 a 20 anos que o PSDB não governa esta cidade. Agora o PSDB tem que saber que já governou essa cidade. Então nós vamos abrir a mala de ferramenta. Abrir o caixão. E aí o que vai sair de lá de dentro todo mundo vai ser responsabilizado. O PT não vai aceitar que um partido político, seja qual for, tente antecipar as eleições 2012. Propor a cassação do Demétrio sem nenhum crime político é querer antecipar as eleições de 2012. A gente vai fazer o debate porque é isso que o PT sabe fazer. Mas não vai se curvar de forma nenhuma. 

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