RENATO MACHADO
Os motoristas que não pararem nas faixas de pedestres vão começar a ser multados a partir de hoje na região central de São Paulo. E, ao que tudo indica, os bloquinhos dos marronzinhos vão ficar cheios de anotações. Um levantamento da própria Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostra que 90,3% dos condutores dos veículos continuam não parando nas faixas – mesmo após três meses de campanhas educativas.
Esse último dado, o terceiro feito pela CET em quatro cruzamentos, mostra como o índice piorou. O primeiro foi antes das campanhas educativas (que começaram em 11 de maio) e mostrou que 89,6% desrespeitam os pedestres. O índice caiu um pouco depois de os “mãozinhas” irem para as ruas (86,1%) – orientadores que usam um cabo com o formato de uma mão na ponta, indicando que os motoristas devem parar.
Mas às vésperas do início da fiscalização o desrespeito voltou a aumentar. “É grande a quantidade de pessoas que já sabem que precisam dar a preferência ao pedestre. Mas enquanto não vier a fiscalização, a aplicação mais forte de multas, os motoristas não vão aderir. É mais ou menos o que aconteceu com o cinto de segurança e com o rodízio”, disse a superintendente de educação e segurança da CET, Nancy Schneider.
O maior índice de desrespeito foi registrado no cruzamento das ruas Álvaro de Carvalho, João Adolfo e Alfredo Gagliotti, no centro: 92,9%. O número chama a atenção por ser justamente ali que ocorreu a maior redução do levantamento após o início da campanha (de 90,2% para 70,7%), um indício de que os motoristas estariam mais conscientes.
Os pedestres também sofrem no cruzamento das ruas Haddock Lobo e Luís Coelho, na região da Avenida Paulista. Nos três levantamentos, o índice de desrespeito esteve acima de 90% (o último foi 92,6%). A reportagem flagrou na tarde de sexta-feira veículos avançando sobre a faixa até mesmo quando o semáforo estava vermelho. “Não percebi diferença no comportamento (dos motoristas). As motos ainda vêm para cima e precisamos parar, mesmo que esteja aberto o semáforo para a gente”, disse a analista de marketing Ana Cláudia Fernandes, de 33 anos.
O problema caiu apenas no cruzamento das ruas Dona Maria Paula com a Francisca Miquelina (de 90,4% para 83,8%). No discurso, no entanto, os motoristas seguem com um comportamento exemplar: 92,8% dos entrevistados no levantamento da CET dizem que dão a preferência aos pedestres durante a travessia sobre a faixa.
O mesmo levantamento da CET apontou que quatro em cada dez veículos não dão a seta ao fazer uma conversão, principalmente para indicar aos pedestres o movimento. O menor índice de desrespeito foi registrado no cruzamento das ruas Dona Maria Paula com a Francisca Miquelina (com 6,7% do total não sinalizando).
O levantamento da CET analisou o comportamento de 3.575 veículos em quatro dias: 971 em relação ao desrespeito à faixa e 2.604 sobre deixar ou não de dar a seta nos cruzamentos. Também foram entrevistados 403 motoristas e 402 pedestres.
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