CORRESPONDENTE / NOVA YORK
Darren Whiteside/Reuters
Discurso. Em Hebron, palestinos assistem pronunciamento de Abbas transmitido pela TV
Apesar da oposição de EUA e Israel, a Autoridade Palestina buscará a admissão do Estado palestino como membro pleno da ONU na próxima sexta-feira, durante a Assembleia-Geral em Nova York. A iniciativa não conta com o apoio do Hamas e foi anunciada pelo presidente Mahmoud Abbas em Ramallah (Cisjordânia).
A decisão põe os palestinos em rota de choque com Washington. Para ser um membro pleno da ONU, é preciso a aprovação do Conselho de Segurança e de dois terços dos votos dos 193 países da Assembleia-Geral. O problema é que a Autoridade Palestina não conseguirá passar da etapa do conselho, onde os americanos usarão o poder de veto, conforme anunciado pelo presidente Barack Obama.
Nesse caso, os palestinos pedirão um reconhecimento como Estado não membro na assembleia, pois, para tal status, não há necessidade de aprovação no CS. Por isso, analistas dizem que o objetivo da Autoridade Palestina seria ter uma vitória simbólica, mostrando ter o apoio da comunidade internacional, isolando EUA e Israel. Além disso, seria possível tentar processar os israelenses por crimes na justiça internacional.
"Precisamos ser membros plenos da ONU. Precisamos de um Estado, de um assento nas Nações Unidas. É um direito legítimo", disse Abbas, acrescentando que o objetivo não será isolar Israel, mas para enfatizar a questão "da ocupação da Cisjordânia" e aumentar o poder de negociação dos palestinos. "Será de Estado para Estado a partir de agora", disse. No discurso, Abbas defendeu um Estado tendo como base as fronteiras pré-1967 e Jerusalém Oriental como capital. Ele não falou da questão dos refugiados.
O Departamento de Estado dos EUA disse ainda estar tentando encontrar uma saída para evitar uma crise. O veto deve prejudicar a imagem americana nos países árabes num momento considerado crítico. "Estamos concentrados em levar os dois lados de volta às negociações, nas quais possam discutir o status final e assinar um acordo de paz que resulte em dois Estados vivendo lado a lado", afirmou o porta-voz Mark Toner. A União Europeia, ainda dividida sobre que rumo tomar, também tenta encontrar uma solução para evitar a ida dos palestinos para o conselho.
O gabinete do premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, divulgou comunicado dizendo que a "paz apenas pode ser alcançada por meio de negociações". "Quando a Autoridade Palestina abandonar essas medidas fúteis de ir unilateralmente à ONU, encontrará Israel como um parceiro para as negociações de paz", acrescenta o texto publicado depois do discurso de Abbas.
Até agora, mais de cem países, incluindo Brasil, Rússia, Turquia e toda a Liga Árabe, se manifestaram em favor do reconhecimento. A avaliação é a de que, mesmo sem o apoio de todos os países da União Europeia, os palestinos conseguirão os dois terços dos votos na assembleia. "Votar em favor da Palestina não é uma opção, mas uma obrigação", disse o premiê da Turquia, Recep Tayyp Erdogan.
Posição
MAHMOUD ABBAS
PRESIDENTE PALESTINO
PRESIDENTE PALESTINO
"A partir de agora, as negociações de paz, não importa o quão difícilelas sejam, ocorrerão em igualdade de condições, entre um Estado e outro Estado"
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