13/09/2011

Caso Restaurante ALESP: ‘Agente’ de empresa é assessor fantasma




FABIO SERAPIÃO
O representante legal da empresa que opera o restaurante da Assembleia Legislativa é funcionário fantasma da Casa. Lotado há quatro anos na 3ª Secretaria por indicação do deputado e atual secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Edson Giriboni (PV), José Antônio Rolim de Souza admite, em entrevista gravada ao Jornal da Tarde não desempenhar sua função há “um tempo”, embora o chefe de gabinete do departamento diga que ele presta serviços de “assessoria técnica na área de água” e recebe salário.
Rolim foi nomeado assessor técnico de gabinete da 3ª secretaria, comandada pelo PV – sigla de Giriboni – em 29 de março de 2007, com salário aproximado de R$ 10 mil. Até ontem, sua exoneração não havia sido publicada no Diário Oficial do Legislativo. O chefe de gabinete do departamento, Marcelo Ergesse, nega que ele seja funcionário fantasma. Na semana passada, o JT procurou Rolim duas vezes na 3ª Secretaria, mas dois funcionários que estavam no local informaram não conhecê-lo.
Conforme o JT revelou na segunda-feira (12), o assessor é representante da SL Brasil Comércio e Publicidade Ltda, empresa criada por Sandra Leonel Brasil Giriboni, mulher do secretário, que detém a concessão de uso do restaurante da Assembleia, inaugurado em fevereiro deste ano. Hoje, a firma está em nome de Álvaro Cipriano de Souza Júnior e Julia Fogaça Rolim de Souza, filha de Rolim. Giriboni afirma que sua família não mantém mais qualquer vínculo ou participação na empresa.
Foi Rolim quem assinou em 2010 ata da comissão de licitação que resultou na concessão de uso do restaurante à SL Brasil por dez anos e cinco meses. Natural de Itapetininga, base eleitoral de Giriboni, ele é amigo do deputado, para quem atuou nas campanhas de 2006 e 2010. Em 2007, assim que o secretário assumiu o primeiro mandato, tornou-se assessor.
Contradição
Em conversa gravada por telefone, na última quinta, Rolim assumiu não frequentar mais o prédio da Assembleia e tampouco desempenhar qualquer função dentro da 3° Secretaria. “Eu tive no passado ligação com a Assembleia, sim. Mas isso faz tanto tempo que não sei precisar a época”. Questionado se sabia dizer quando deixou de trabalhar na Casa, Rolim desconversou e disse que estava pescando em Presidente Epitácio, interior paulista.
Sobre quem seria o responsável por sua indicação, ele contradisse Giriboni, que afirmou tê-lo indicado. “Não, não. Essa é uma outra história”, disse, ao citar a amizade que manteve com o ex-secretário da Casa Civil no governo José Serra (PSDB) e atual senador tucano Aloysio Nunes como motivo da indicação. O senador confirma que o conheceu, mas nega a indicação.
Após ser confrontado com a informação de que seu nome não constava como exonerado no Diário Oficial, Rolim contradisse até o que havia dito anteriormente. “Eu preciso ver com o pessoal do Aloysio como ficou minha situação. Entendeu? Preciso dar uma olhada pra ver como ficou minha situação”.
Outro lado
Por meio da assessoria de imprensa, Giriboni informou que a indicação de Rolim como assessor na Assembleia foi resultado de um acordo da bancada do PV em 2007, mas afirmou desconhecer se ele ainda exerce suas funções na Assembleia.
Também por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente da Casa, deputado Barros Munhoz (PSDB), afirmou ser de responsabilidade da 3ª secretaria, onde Rolim está lotado, a fiscalização sobre o trabalho desenvolvido pelo funcionário.
Procurado, o chefe de gabinete da 3ª secretaria, Marcelo Ergesse, negou que Rolim seja funcionário fantasma. Em conversa por telefone, ele garantiu que o funcionário ainda frequenta a Casa e, quando não desempenha funções internas, presta serviços externos de “assessoria técnica na área de água”.
Ainda segundo o chefe de gabinete, mensalmente o salário referente ao cargo é depositado em uma conta bancária aberta em nome de Rolim. “Sou eu o responsável por assinar sua presença mensalmente”, ressaltou.
Citado por Rolim como responsável pela sua indicação, Aloysio Nunes negou o fato e disse que conheceu Rolim em 1997 durante um evento de sua campanha organizado por Giriboni em Itapetininga.
Segundo o senador, a última conversa entre os dois se deu há três anos, quando Rolim pediu ajuda para renovar os contratos que a SL Brasil mantinha com a CPTM. “Sei que ele continua ligado ao Giriboni, um amigo me disse que ele trabalhava por ele”, completou Aloysio.

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