Por Caio do Valle
Menos de um mês depois de o Metrô bater o recorde de passageiros transportados, a malha de trens urbanos de São Paulo também atingiu o maior número histórico de usuários em apenas um dia: 2.509.522. A quantidade (registrada na terça-feira, dia 6) é 15% superior à média diária de dezembro do ano passado. A crescente lotação das seis linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) se explica pela ampliação metroviária e, de acordo com o governo do Estado, pela modernização da rede.
Contudo, quem depende dos trens sofre com a superlotação do sistema, agravada por intervalos excessivos entre as composições, inclusive nos horários de maior movimento. Na Linha 7-Rubi, que liga a Estação Luz, no centro, a Jundiaí, no interior, as pessoas precisam se espremer nos vagões para seguir viagem durante o pico da manhã. Ali, há, em média, 8,4 pessoas por metro quadrado – o ideal, considerado confortável, é de até 6 usuários.
O aumento de usuários é explicada por novas conexões com o Metrô, como, por exemplo, a que passou a existir em junho com abertura da transferência entre as estações Pinheiros da Linha 4-Amarela e da CPTM.
Outro dado que ilustra bem esse fenômeno é o grande aumento de conexões feitas na Estação Santo Amaro, que liga a rede de trens à de metrô na zona sul. Em média, o número diário de passageiros baldeando ali em agosto foi 44% maior do que no mesmo mês do ano passado. Atualmente, são 66,2 mil transferências por dia.
Isso aconteceu porque naquela estação, o passageiro da Linha 5-Lilás pode fazer a transferência para a Linha 9-Esmeralda da CPTM e, posteriormente, chegar à Linha 4 (na Estação Pinheiros), acessando assim o resto da rede metroviária.
Segundo a CPTM, o número de pessoas que usam conexões com o metrô crescerá a partir de quinta-feira, quando serão entregues as estações República e Luz da Linha 4, inclusive com uma nova interligação com a CPTM, na Luz. Desta forma, 100 mil pessoas serão beneficiadas, disse a estatal.
“É natural que, com a ampliação da rede, mais pessoas passem a usar o sistema sobre trilhos, independente se é metrô ou CPTM”, diz Horácio Augusto Figueira, consultor em engenharia de transportes. Porém, ele explica que paralelamente à criação de novas conexões, a rede de trens deve passar a oferecer intervalos menores entre as composições, para absorver o fluxo de passageiros.
Na linha com o maior número absoluto de passageiros por dia, a 11-Coral, da Luz a Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, os usuários dizem esperar até três trens para embarcar no rush. “Às 17h fica difícil entrar, porque o trem chega lotado”, diz a autônoma Elizabeth Oliveira, de 54 anos. “Não adianta ter ar-condicionado se os trens andam abarrotados”, diz a educadora Amanda Lovato, de 28, que vai de Itaquera ao Brás.
Com 568 mil passageiros/dia, a linha tem duas vezes mais usuários do que a Linha 5 do Metrô. A CPTM informou que as seis linhas passam por modernização e que, neste ano, os investimentos são de R$ 1 bilhão
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