17/09/2011

Vitor Lippi não vê crise no PSDB


 Jornal Cruzeiro do Sul
O prefeito Vitor Lippi (PSDB) descartou ontem, no dia em que perdeu seu 14.º secretário ao longo de seu segundo mandato, sendo que dois deles, num prazo de uma semana, que haja uma crise instalada em seu governo e tão pouco no partido da qual faz parte, o PSDB, por conta divergências políticas em torno da escolha do pré-candidato a ser definido para sucedê-lo. Lippi reconheceu que as baixas causam certo desgaste político, mas que em nada inviabilizam o andamento da administração, pois os postos já foram ocupados interinamente por outros secretários. O prefeito, que concedeu entrevista exclusiva ao Cruzeiro do Sul, no início da noite de ontem, em seu gabinete. Veja Abaixo a íntegra da entrevista:

Cruzeiro do Sul - A saída de Carlos Laino da Secretaria de Parcerias o surpreendeu, ou já era esperada? Por quê?

Vitor Lippi
 - Não! Me surpreendeu a saída do Rodrigo Moreno. Sinceramente eu não esperava a saída dele. Nunca imaginei que ele fosse deixar o governo, já que era uma pessoa da minha confiança. Sempre tivemos um ótimo relacionamento. No entanto, mais recentemente, ele vinha alegando que ele tinha afinidade política por um dos pré-candidatos (o ex-prefeito Flávio Chaves) e que ele entendia que tinha que ter uma coerência de seguir essa afinidade política. Mas quanto ele saiu eu, em algumas de nossas conversas, pude ver que ele estava alinhado com o secretário Laino. Então, a saída dele já era prevista, pois tinha os mesmos discursos que o Moreno, em torno de apoio a um dos pré-candidatos.

CS - Como o senhor avalia a tomada de decisão do ex-secretário Rodrigo Moreno, que era tido seu braço direito. O senhor acha que ele teria sido influenciado por pessoas que o cercam, sobretudo diante do fato de seu nome ter sido ventilado como possível vice numa chapa do PSDB e que acabou por ficar distante?

Lippi -
 Não sei. Sempre tive um relacionamento muito bom com o Rodrigo. Um dos secretários que eu mais tinha contato, quase que diariamente. Estava numa secretária das mais importantes e estratégicas. Eu o nomeei porque tinha por ele como pessoa da minha mais absoluta confiança. Foi uma decisão pessoal dele. Não consigo entender nenhuma motivação maior, que o teria influenciado. 

CS - Essa troca de secretários não atrapalha a administração da cidade? Não há risco de as ações necessárias -como o programa de coleta seletiva, que tem data para ser implantado em 100% dos lares - serem atrasadas e prejudicadas, ou os secretários não são tão importantes assim?

Lippi -
 Eu diria que não ajuda, mas não inviabiliza; faz com que a gente tenha que trabalhar ainda mais. E nós vamos trabalhar. Nós estamos muito acostumados às adversidades. Eu aprendi a trabalhar com as adversidades e de todos os tamanhos. Há pressões do Legislativo, de funcionários, de sindicatos... Isso é normal em qualquer administração.
CS - O senhor já passou por diversas crises ao longo de seus dois mandatos. Agora perdeu mais dois secretários no período de uma semana. Já se comenta que o senhor vive uma nova crise em seu governo.

Lippi - Não, não vejo como crise. É uma questão política. Eu já tive momentos em que vários secretários deixaram o governo; muitas vezes por questões políticas, outras por motivações diversas que independeram de mim. Isso é normal num grupo de 22 pessoas. Nós estamos habituados. Isso é um clima de normalidade.

CS -
 O Rodrigo tinha a função de ser um articulador político em seu governo e agora, quem deve assumir essa função?
Lippi - Estamos desenvolvendo as habilidades dentro da equipe. Todos estão contribuindo de certa forma, quando há alguma dificuldade momentânea.

CS - E o PSDB está em crise, falta coesão?

Lippi -
 Não vejo que o PSDB está em crise. Não há nenhum partido no mundo que tenha várias lideranças, que o ambiente é ideal o tempo todo. Nós abrimos a possibilidade, por uma questão democrática, que os pré-candidatos pudessem apresentar e construir seus projetos para, num segundo momento, o partido pudesse ajudar nessa escolha. Isso está acontecendo... 

CS - O ex-prefeito e pré-candidato pelo PMDB Renato Amary já colocou a campanha nas ruas, com negociações em torno de apoios de partidos pequenos e médios. Isso muda de alguma maneira sua estratégia? O PSDB tem feito articulações com outros partidos? Há apoios, pois a impressão que se tem é que o partido não tem dado importância à questão de visibilidade? 

Lippi -
 Nós não estamos, realmente, dando visibilidade aos pontos fortes do governo. A oposição só tem uma coisa para fazer: demonstrar força. Foi buscar uma aliança com vários partidos. Mas isso não quer dizer que eles não tenhas as suas dificuldades internas. Eu diria que isso cria uma sensação de fragilidade que não é real. 

CS - Mas e as articulações com outras legendas?

Lippi -
 Nós temos feito articulações sim, mas não precisamos dar publicidade disso, de forma escancarada como alguns estão fazendo. Temos hoje quatro partidos que estão alinhados, com contratos frequentes. São partidos consolidados, estruturados, e é isso que nos interessa. Não interessa número, nos interessa qualidade. Conversamos muito com o PMN, PTdoB, PV, PRP. Como o vereador Crespo, do DEM, nós tivemos uma reunião, a pedido do vereador Martinez. E foram produtivas, mas estamos em fase de discussão. Foi uma conversa franca.

CS - O presidente do PSDB, Benedito Carlos Pascoal, quando assumiu o cargo, em março deste ano, chegou pregar a política da "sequela zero", referindo-se às divergências internas, sobretudo em relação ao então ex-prefeito Renato Amary, que havia deixado o ninho poucos dias antes da convenção. Mas os caminhos parecem ter ido pelo lado oposto e as sequelas parecem ter ficados mais expostas nos últimos dias. Como o senhor vê isso?

Lippi -
 Com a saída do Renato, o ambiente ficou muito mais tranquilo. No entanto, com essa discussão pré-eleitoral, nós vimos que um dos pré-candidatos (referindo-se a Flávio Chaves), não sentindo confortável com essa situação se manifestou. Nós não tivemos muitas reuniões; eu tive muitos encontros com lideranças de partidos, mas não para fortalecer candidatos, mas sim o PSDB. Eu tenho uma postura partidária. A gente tem que consolidar o nome, com pesquisas, ouvindo a população, discutindo democraticamente. O partido estar bem não significa que todos podem estar bem.

CS - Quando o senhor acredita que o PSDB deve anunciar o nome de seu candidato. Quando que o senhor acha que será momento ideal? 

Lippi -
 Estamos estudando para definir o melhor momento. E esse momento deve estar quando tivermos o alinhamento da grande maioria dos integrantes da legenda. As verdadeiras alianças serão definidas no próximo ano, pouco antes das convenções. Estamos atuando de forma silenciosa pois é uma estratégia que exige muita habilidade, contatos e diálogo. 

CS - Tanto Rodrigo Moreno como Carlos Laino deixaram o governo sob críticas de da forma como tem sido feita a condução política adotada pelo partido e pelo senhor, diante da possível escolha de Pannunzio como pré-candidato. Ambos defendem a pré-candidatura de Flávio Chaves. Há de se destacar que Pannunzio foi decisivo para que o PSDB fechassem em torno de seu nome, na última eleição. Existiu um acordo de apoio recíproco com o ex-deputado, tendo em vista a eleição de 2012? Sua preferência por ele de alguma forma pode ser uma manifestação de gratidão pelo apoio que ele deu ao senhor em 2008?

Lippi -
 O PSDB tem três pré-candidatos: Maria Lúcia Amary, Flávio Chaves e Pannunzio. Agora a decisão não cabe a mim, tem que se discutir de forma democrática com todos os líderes; análise de pesquisas. Não há acordo nenhum. Ele, na época, gostaria apenas de indicar o vice-prefeito, que foi o José Aílton. Volto a dizer, logo estaremos convergindo para aquele candidato que tiver a melhor condição de representar o PSDB nas próximas eleições.

CS - O sr. acha que as alianças já firmadas por Amary é consequência da falta de diálogo e não cumprimento de acordos com partidos e pessoas que apoiaram sua candidatura na ultima eleição?

Lippi -
 Não. Algumas dessas siglas eu nem conheço. São partidos que nem estavam atuantes na cidade e que houve uma costura em Brasília, em São Paulo, que nada tem haver com as condições da cidade.

CS - O sr. e o candidato Amary foram ambos prefeitos pelo PSDB, e ambos tiveram boa avaliação do eleitorado, tanto é que se reelegeram. Diante disso, acredita que disputará os mesmos eleitores com o ex-prefeito? O senhor acredita que conseguiu fidelizar os eleitores de Amary que migraram para o senhor em 2004?

Lippi -
 Não sei. Quero crer que o resultado de 2008, com quase 80% dos votos foi uma coisa muito bonita. Eu tenho procurado fazer o melhor para cidade, com muito desprendimento. Além disso, vamos mostrar nossas inúmeras ações, o apoio do governo do Estado. Quero dizer que nós temos um partido forte, com um governo muito bem avaliado pela população e que vai caminhar de uma forma muito organizada para dar continuidade desse governo.

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