'Quebra de ordem' obrigou a PM a agir; lixeiras foram incendiadas pelos ambulantes, que tentaram atear fogo em um ônibus e quiseram romper bloqueio feito pelos policiais
Pedro da Rocha e Ricardo Valota, do estadão.com.br
SÃO PAULO - O início desta manhã de quarta-feira, 26, na região do Brás, no centro da capital paulista, é mais uma vez palco de confronto entre a Polícia Militar e camelôs, que ontem também resistiram à ação dos policiais. Os ambulantes reuniram-se nesta madrugada, a maioria na Rua Oriente, onde, por volta das 5h45, balas de borracha e bombas de efeito moral foram utilizadas pelos policiais para dispersar os camelôs, que realizam uma passeata.
Às 7h22, os camelôs interditaram a Avenida do Estado, o grupo colocou pneus e colchões e sentaram na via, bloqueando a avenida na região do Brás. Os motoristas devem evitar trafegar pela região das Ruas Oriente e São Caetano.
Os policiais militares voltaram a usar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os vendedores ambulantes que bloqueavam a Avenida do Estado junto à Rua João Teodoro.
A tropa de choque chegou ao local pelo outro sentido da via e foi recebida com pedras jogadas pelos manifestantes.
Às 6h10, a situação já estava mais calma novamente. Segundo a PM, houve "uma quebra de ordem" por parte dos camelôs, que tentaram romper a barreira feita pelos policiais, atearam fogo em algumas lixeiras, uma delas na Rua Henrique Dias, e tentaram fazer o mesmo em um ônibus. "Os manifestantes jogaram garrafas contra os policiais em dois pontos, na Rua Henrique Dias e na esquina da Rua São Caetano com a Monsenhor Andrade e tentaram jogar um coquetel molotov dentro de um ônibus de uma empresa particular, em frente à igreja do Pari. Por dois momentos, também tentaram bloquear novamente a Avenida do Estado", relatou o major Marcelo Pignatari, comandante do 11º Batalhão, que coordena a ação da PM na região.
Nesta madrugada, em um maior número em relação a ontem, eles iniciaram uma caminhada até a Avenida do Estado, gritando algumas frases, entre elas: "Queremos trabalhar", e utilizaram apitos para chamar a atenção. À 1h20, algumas bombas, não se sabe se do lado da PM ou dos manifestantes, foram detonadas. Eram cerca de 350 ambulantes. Para a Prefeitura, eles estão irregulares, pois não têm licença para trabalhar no local. No bolsão criado pela Prefeitura, não há mais espaço. Os ambulantes "clandestinos" reivindicam um espaço nas ruas da região para poderem montar a tradicional "feirinha da madrugada".
A Avenida do Estado foi fechada pelos ambulantes entre a 1h30 e as 2 horas. Após bloquearem a avenida, os ambulantes andaram até a entrada principal do bolsão - espaço reservado para os vendedores legalizados - na Rua Monsenhor de Andrade. Alguns dos ambulantes que realizam desde ontem o protesto na região chegaram a hostilizar colegas legalizados que entravam na área criada pela Prefeitura.
Ambulantes de origem oriental, no momento em que chegavam ao bolsão, ouviram frases como "Volta para a China". Apesar do clima ter esquentado, não houve agressões entre as partes. Policiais militares do batalhão de área, das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar e da Tropa de Choque foram distribuídos para várias ruas da região do Brás, o que intimidou um protesto mais violento por parte dos ambulantes que pretendiam montar a feirinha da madrugada a partir das 3 horas.
Em uma reunião na Rua Oriente, os líderes dos ambulantes, às 3h10 desta madrugada, prometeram que não iriam deixar os comerciantes das lojas da região abrirem as portas a partir das 7 horas.
Quanto a feira da madrugada, na região do Brás, o espaço está funcionando normalmente nesta manhã, mesmo com as manifestações dos vendedores ambulantes na região. Os consumidores estão entrando pela porta da Rua Monsenhor Andrade, onde há um paredão formado por policiais militares protegendo a entrada e que fazem a revista das pessoas. As outras entradas da feirinha, localizadas na Avenida do Estado, Rua Oriente e Rua São Caetano, estão fechadas
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