Parlamentares evangélicos direcionaram mais de R$ 5 milhões para redutos políticos de Barbiere no interior paulista, com a maior fatia para Birigui, onde ele obteve mais de 50% dos votos
Chico Siqueira, Daniel Bramatti, Fernando Gallo e Iuri Pitta / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo
Disputas por redutos eleitorais no interior paulista, acirradas pelo uso de repasses de verba estadual e também federal, estão entre os principais motivos que trouxeram à tona o escândalo das emendas na Assembleia Legislativa de São Paulo. Parlamentares da bancada evangélica em Brasília e do Legislativo paulista direcionaram mais de R$ 5 milhões para a base eleitoral do deputado estadual Roque Barbiere (PTB). A maior fatia foi para Birigui, onde ele obteve mais de 50% dos votos em 2010, mas foi derrotado na disputa pela prefeitura em 2008.
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A amigos, Barbiere disse que a “invasão” dos evangélicos em seus redutos eleitorais estaria entre os motivos que o levaram a denunciar o emendoduto. O reforço de verba federal também teria desagradado ao deputado.
As emendas analisadas pelo Estado foram apresentadas a partir de 2009. Um ano antes, o deputado perdeu a disputa em Birigui para o reeleito Wilson Borini (PMDB), “inimigo” do parlamentar que quer vê-lo “morto”, como o próprio Barbiere definiu a um site de Araçatuba, em agosto. A publicação do teor dessa entrevista pelo Estado, em setembro, deu início às investigações do emendoduto.
Em 2009, os deputados federais Antonio Bulhões e Roberto Alves, ambos do PRB, propuseram emendas ao Orçamento da União de 2010 de R$ 2 milhões cada para Birigui, ambas liberadas pelo governo. Nenhum deles tem base eleitoral na cidade.
Bulhões, ex-apresentador do Fala que Eu Te Escuto, da Rede Record, recebeu 472 de seus 162.667 votos em Birigui. Ele propôs emenda para “apoio a projetos de infraestrutura turística” em Birigui, cidade que, como o Estado revelou, recebeu quatro vezes mais verba do Turismo que o Rio de Janeiro.
Ex-metalúrgico no Vale do Paraíba, o pastor Roberto Alves recebeu 2 votos em Birigui em 2006 , quando foi eleito suplente – ele não tentou a reeleição em 2010. O pastor destinou R$ 2 milhões para “ações de infraestrutura urbana” na cidade de Barbiere.
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