Obras em áreas de risco ainda estão no papel em São Paulo


Folha de S.Paulo
Quase um mês após o início da temporada de chuvas, que vai de outubro a março, ao menos 62 obras previstas pela Prefeitura de São Paulo em áreas de risco não começaram. Quase todas as intervenções visam resolver problemas conhecidos pelo poder público há pelo menos oito anos, quando foi concluído o primeiro mapeamento de encostas e córregos da capital.
O mapa de áreas de risco foi atualizado em janeiro deste ano pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Das 62 intervenções previstas pela gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), 47 ainda estão em licitação. O restante teve a disputa encerrada em setembro, mas as obras ainda não começaram.
Em 60 delas, os prazos para execução vão de dois a seis meses --parte só estará concluída quando o período de chuvas tiver acabado.
A maioria envolve estabilização de encostas para impedir deslizamentos ou contenção de margens de córregos para evitar solapamentos (afundamentos).
Entre os bairros à espera das obras estão Campo Limpo, Cidade Ademar, M'Boi Mirim (zona sul), Butantã (oeste) e Jaraguá (norte).
Cerca de 536 mil pessoas moram em áreas de risco na cidade --um quarto em áreas R4 (de risco muito alto).
Desabamento
A dona de casa Socorro Souza, 50 anos, que mora no topo de um morro no Jardim Olaria, no distrito de Campo Limpo (área R4), vive em um espaço reduzido do único cômodo que ficou de pé após um deslizamento em 2009. "Fico nervosa a cada chuva mais forte. Tenho medo de ver cair o resto", diz.
O promotor Maurício Ribeiro Lopes, que acompanha um inquérito sobre enchentes em São Paulo desde 2003, diz que vai propor uma ação civil pública nos casos em que as autoridades não executaram as intervenções necessárias.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo disse, por meio de nota, que desde 2005 quadruplicaram os investimentos na prevenção de enchentes em áreas de risco e que a atual gestão tem retirado moradores das áreas consideradas mais críticas.
O governo afirma ainda que, pela primeira vez, a cidade possui um planejamento para obras e remoção de famílias de áreas de risco.
De acordo com o governo municipal, há 50 intervenções em andamento na cidade, além de mais 13 autorizadas, que somam investimentos de R$ 32,5 milhões.

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