Vencedor da
maratona até sambou depois de vencer a prova em Guadalajara. “A coleta do
Brasil é ouro hoje”
Marcel Rizzo,
enviado iG a Guadalajara
O vencedor da
maratona Solonei Rocha correu mais de 42 km e duas horas sob sol, e ainda teve gás para sambar.
Com uma bandeira do Brasil sobre os ombros, o paulista de 29 anos parou na
frente da torcida, que fazia um batuque, e festejou o último ouro brasileiro
nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, o
48°. Com uma história única no esporte,
o brasileiro fez questão de na primeira resposta lembrar os amigos que deixou
no Brasil, que trabalhavam com ele pouco mais de dois anos atrás.
“Não tenho vergonha
de dizer que fui lixeiro. Pessoal da coleta do Brasil, esse ouro é de vocês.
Hoje todos os lixeiros e garis do Brasil são medalha de ouro. Estamos juntos”,
disse Rocha, empolgado
com seu primeiro grande triunfo na maratona, esporte que começou a praticar
profissionalmente apenas dois anos atrás.
De gari à seleção em dois anos, Solonei Rocha é emblema de superação
De gari à seleção em dois anos, Solonei Rocha é emblema de superação
Correr atrás do
caminhão de lixo o ajudou a se tornar um fenômeno do esporte. Segundo seu
treinador, Clodoaldo Carmo, Rocha corria 25 km por dia. “Ele folgava um dia e trabalhava o outro. Imagina
o cara correndo 25 km por dia, atrás de um caminhão, subindo no caminhão,
descendo para pegar os sacos de lixo. Isso deu a ela uma condição de não
começar do zero profissionalmente. Não sei se já podemos chamá-lo de fenômeno,
mas é claro que em dois anos conseguir condicionamento é raro. Geneticamente
ele é bem dotado”, disse Carmo.
Ajuda
Rocha começou a se dedicar à corrida em outubro de 2009. Para largar a profissão de lixeiro precisou da ajuda financeira uma família de médicos da cidade de Penápolis, no interior de São Paulo, que bancou salário e equipamentos quando ele foi treinar em um centro de excelência de atletismo na cidade de Bragança Paulista. “Tenho que agradecer muito à família Moreira. Sem eles eu não estaria aqui, acreditaram em mim quando eu precisei parar de trabalhar apenas para treinar.” Tá” aqui, é ouro”.
Veja como ficou o Brasil no quadro de medalhas do Pan
Rocha começou a se dedicar à corrida em outubro de 2009. Para largar a profissão de lixeiro precisou da ajuda financeira uma família de médicos da cidade de Penápolis, no interior de São Paulo, que bancou salário e equipamentos quando ele foi treinar em um centro de excelência de atletismo na cidade de Bragança Paulista. “Tenho que agradecer muito à família Moreira. Sem eles eu não estaria aqui, acreditaram em mim quando eu precisei parar de trabalhar apenas para treinar.” Tá” aqui, é ouro”.
Veja como ficou o Brasil no quadro de medalhas do Pan
Rocha fez questão, depois da sambadinha, de abraçar o outro brasileiro que
completou a prova, Jean da Silva, o nono colocado. “A história do Solonei, de
superação, é algo que nos anima a continuar treinando. É um cara que não tem
tempo feio, que sempre está de bom humor, apesar de ter tido uma vida sofrida”.
O campeão da
maratona no Pan concluiu o ensino
médio somente este ano, fazendo um supletivo – pretende agora entrar na
faculdade de educação física. “Não tinha tempo de estudar, precisei trabalhar
cedo. Preguiça eu nunca tive, nunca tive medo de trabalho e de treinar agora.
Quero ir para Londres e trazer outro ouro para o Brasil”, disse.
Rocha terá duas oportunidades de conseguir o índice: no final do ano, na
maratona de Fukuoka, no Japão, e em abril, em Londres, na maratona pré
Olimpíada. O índice A para Londres é de 2h15min, e em Guadalajara,
numa altitude de 1.500 m (que desgasta mais o atleta), Rocha fez 2h16min37.
“Vamos fazer alguns exames nele quando voltarmos ao Brasil, para saber como o
corpo reagiu a essa prova, a essas condições, para avaliarmos como será o
trabalho para essas duas provas e conseguir o índice.”, disse Clodoaldo Carmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário