28/11/2011

Espanha descobre fraude contábil no Santander


Espanha descobre fraude contábil no Santander Foto: Wilson Dias/ABr

Banco deixou de contabilizar uma perda de R$ 720 milhões em ações da Iberdrola, que é também muito atuante no Brasil; jornal El Pais denuncia ainda manobra para pagar menos impostos; presidente Dilma, que ontem esteve com Emilio Botín, já vê com apreensão situação dos bancos estrangeiros

24 de Novembro de 2011 às 07:10
247 – A maré de más notícias que atinge o banco Santander, maior banco da Espanha e a terceira maior instituição financeira privada do Brasil, é cada dia maior. Ontem, as ações do banco na BM&FBovespa caíram 6,07%, diante das evidências de que os espanhóis decidiram vender participações acionárias em vários países para drenar recursos para a matriz espanhola, em crise aguda. Hoje, o assunto é ainda mais grave. Segundo reportagem publicada no jornal El Pais, o mais importante da Espanha, o Santander maquiou seus balanços em 2010. De acordo com o periódico, o banco deixou de contabilizar pelo valor correto sua participação acionária na empresa de energia Iberdrola, que possui várias operações no Brasil. Esta participação, avaliada pelo Santander em 672 milhões de euros, deveria estar registrada em 31 de dezembro de 2010 por 299 milhões de euros a menos, em função da queda dos papeis no mercado acionário. Isso significa uma fraude contábil de mais de R$ 720 milhões.
Os dados foram descobertos num levantamento interno da CNVM, a Comisión Nacional del Mercado de Valores, órgão semelhante à CVM no Brasil. De acordo com o banco de Emílio Botín, que passa férias no Brasil e se reuniu ontem com a presidente Dilma Rousseff, essas participações não foram contabilizadas pelo valor real porque a queda seria fruto da crise econômica internacional – e, a despeito dela, a Iberdrola continuaria apresentando uma posição econômica sólida. Ocorre, porém, que o grupo de Botín, também possui ações da Iberdrola e de outras companhias em fundos de investimento. Estes fundos ficam fora do balanço do banco e, nesses casos, as participações foram registradas pelo valor real em bolsa – e não por um valor hipotético – o que geraria, segundo o El Pais, até um benefício fiscal para o grupo de Botín. No caso do banco, ao contrário, as participações estariam sobrevalorizadas para inflar o patrimônio do banco e reduzir a necessidade de capitalização.
Apreensão na equipe econômica
Essa necessidade de capitalização dos bancos internacionais tem sido vista pela equipe econômica brasileira como um possível fator de contágio da crise internacional.
Instituições financeiras internacionais que antes traziam linhas de financiamento para o Brasil em momentos de crise hoje utilizam a liquidez do mercado brasileiro para socorrer suas matrizes, enxugando o crédito interno.
No Banco do Brasil, há um comitê formado que já acompanha de perto as movimentações dos bancos internacionais no País – em especial do Santander e do HSBC.

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