16/11/2011

Vereador se retrata após dizer que 'ser humano é corrupto por natureza'


GABRIELA YAMADA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Após atacar uma pesquisa, que expressou a rejeição da população ao aumento no número de vereadores em Ribeirão Preto (SP), um parlamentar decidiu se retratar publicamente.
Na semana passada, o vereador Maurílio Romano (PP) afirmou, em entrevista ao jornal "A Cidade", que "pesquisa é feita por ser humano, e ser humano é corrupto por natureza".
A frase se refere a uma pesquisa encomendada pela Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e Rotary Club.
A pesquisa apontou que nove em cada dez ribeirão-pretanos são contrários à ampliação da Câmara --prevista em projeto já aprovado pelo Legislativo municipal de 20 para 27 vereadores.
A declaração de Romano revoltou as entidades de classe que patrocinaram a pesquisa e repercutiu na cidade.
Na última sexta-feira (11), representantes dessas entidades foram até o gabinete dele para entregar um ofício exigindo a retratação, mas o documento não foi recebido porque, segundo o parlamentar, o assessor responsável não estava presente.
À Folha Romano confirmou a declaração feita a uma repórter do diário durante uma entrevista por telefone.
"Foi uma frase infeliz e fora de contexto", disse ele, que afirmou ser favorável à realização de um plebiscito.
Nesta segunda-feira (14), Romano se reuniu com os presidentes José Carlos Carvalho (Acirp) e Ricardo Giuntini (OAB) e se retratou pessoalmente.
Giuntini confirmou a reunião. "Iríamos entregar a notificação na quarta-feira [dia 16], mas iremos aguardar a retratação [por escrito] que ele se comprometeu a fazer."
O vereador prometeu entregar às entidades nesta terça-feira uma nota oficial com a retratação.
REPERCUSSÃO
Por conta da frase, Romano foi alvo de críticas também na internet. Integrantes de grupos de discussão no Facebook, como o "Por Uma Ribeirão Melhor", debateram a frase durante toda a semana.
A pesquisa, feita pela Fundace (Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia), ouviu 1.150 pessoas em 25 pontos da cidade no mês passado.
Encabeçadas pelo Ciesp, várias entidades de classe iniciaram uma campanha contra o aumento do número de vereadores na cidade.
Elas defendem que número de parlamentares deve continuar o mesmo --20 atualmente-- e que, em vez promover gastos com os novos vereadores, a cidade deveria investir em outras prioridades.
Um dos slogans da campanha era: "precisamos de mais creches, e não vereadores".
O projeto que prevê a ampliação da Câmara foi aprovado pelos próprios parlamentares no ano passado e o novo número de vereadores passaria a valer a partir de 2013.
Após a pressão das entidades, a própria Câmara sugeriu um plebiscito para saber a opinião dos eleitores de Ribeirão. O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) analisa essa possibilidade.
Sobre a declaração de Romano, a Câmara não tomou nenhuma atitude, apesar da repercussão.

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