Serviço hospitalar sobe mais que o dobro da inflação



GISELE TAMAMAR
O consumidor sem plano de saúde terá de gastar ainda mais pelos serviços hospitalares este ano. A tendência é que os preços dos serviços ligados à área médica subam acima da inflação, que tem uma projeção de 5,29% para 2012. Só no ano passado, a alta média dos preços de cirurgias e internações foi de 14,53%, mais que o dobro da inflação geral de 6,49% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a Grande São Paulo.
De acordo com José Luiz Toro, advogado especialista em direito da saúde, de maneira geral, a inflação da área médica é maior que a inflação geral porque tem algumas particularidades. “Uma delas é a inclusão de novas tecnologias, que não substituem as anteriores. Elas ajudam a melhorar. Esse incremento reflete no preço cobrado para o consumidor, mas nem sempre o benefício é proporcional ao aumento do preço.”
Outro ponto que impacta nos preços é o aumento da expectativa de vida. “Nossa população está vivendo mais e precisa de mais atenção na área da saúde. Isso aumenta os custos médico-hospitalares e o número de ocupação hospitalar”, pontua Toro.
Além da tecnologia e envelhecimento, o consultor da área de gestão da saúde da Fazio Consultoria, Pedro Fazio, aponta outro ponto que pode influenciar na média dos preços: muitos procedimentos atualmente não necessitam de internação. Assim, apenas os casos mais complexos são direcionados para hospitalização, o que eleva o preço médio do tratamento.
Fazio destaca que os orçamentos das empresas da área da saúde são projetados levando em consideração cinco pontos porcentuais acima da inflação devido às particularidades citadas, além de novas doenças e eventuais surtos.
Quem não tem plano de saúde fica “refém” do sistema público, que está sobrecarregado, ou vai precisar pagar por serviços particulares. “Não é à toa que o plano de saúde é o segundo objeto de consumo. O primeiro é o imóvel”, diz Toro.
E a última pesquisa divulgada pelo IBGE sobre o assunto não é animadora. O levantamento mostra que a despesa per capta das famílias com bens e serviços de saúde foi de R$ 835,65 em 2009, um número 29,5% maior que o gasto per capita da administração pública no mesmo período, que foi de R$ 645,27.
No caso dos preços relacionados aos laboratórios de análises na capital, a alta foi bem menor: 0,74% em 2011. Já a inflação geral foi de 5,81%, segundo o índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, Paulo Azevedo, informa que 90% dos exames laboratoriais são feitos por meio dos planos de saúde. “O repasse dos planos para os laboratórios não tem reajuste há anos e eventualmente os pacientes particulares podem sofrer um repasse de custos”, diz.
Ele afirma que a alta do dólar em 2011 contribui para os custos, já que cerca de 90% dos insumos, como filme de radiologia, são importados.

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