09/03/2012

Manual de treinamento do Hopi Hari foi desrespeitado


Folha de S.Paulo

Campinas - O manual usado no treinamento de funcionários do parque Hopi Hari, em Vinhedo (79 km de SP), foi desrespeitado em ao menos dois pontos no dia do acidente que matou Gabriella Nichimura, 14 anos.
O documento ao qual a reportagem teve acesso, de dez páginas, orienta os funcionários do parque a agir nas diversas funções de operação dos brinquedos, mas não traz recomendações específicas sobre cada atração.
Um dos itens afirma que o operador deve seguir um check-list antes de ligar o brinquedo e, se encontrar itens que possam trazer risco, avisar seu superior --responsável por liberar a atração após a solução do problema.
O funcionário Marcos Antônio Leal disse à polícia que notou que a trava da cadeira de Gabriella estava frouxa no dia do acidente e avisou o supervisor Lucas Martins.
Mas, segundo ele, ouviu que o brinquedo poderia operar enquanto a equipe de manutenção se dirigia ao local. Martins ainda não foi ouvido pela polícia.
Outro trecho do manual diz que o funcionário que cuida do embarque e desembarque deve checar se todos estão "devidamente acomodados e com as travas fechadas". Se notar problemas, deve avisar outro atendente para interromper a operação.
O funcionário responsável pela sessão em que a família de Gabriella se sentou no La Tour Eiffel --ainda não identificado pela polícia-- não notou que a garota estava ocupando uma cadeira sem cinto de segurança.
Segundo o parque, aquele assento estava desativado há dez anos e, por isso, não tinha o acessório.
A polícia afirmou que funcionários de diversos níveis hierárquicos serão responsabilizados pelo acidente.
Resposta
O advogado Alberto Toron, que representa o Hopi Hari, disse não ter "a menor dúvida" de que o manual foi desrespeitado. Segundo ele, o parque pode até responder civilmente pelos atos de funcionário, mas a responsabilidade criminal é "pessoal e intransferível".
O supervisor do Hopi Hari, Lucas Martins, que teria sido avisado sobre o problema na trava da cadeira de onde Gabriella caiu, não foi localizado ontem, assim como seu advogado.
O advogado do funcionário Marcos Antônio Leal, Bichir Ale Bichir Júnior, foi procurado pela reportagem, mas não ligou de volta até a conclusão desta edição.

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