A entrada do Consórcio Sorocaba no lugar da TCS - nas linhas da zona norte - ainda não trouxe melhorias
Jornal Cruzeiro do Sul
Carlos Araújo
A substituição da antiga empresa Transportes Coletivos Sorocaba (TCS) pelo Consórcio Sorocaba, que desde o fim do ano passado passou a operar as linhas da zona norte, não mudou a rotina de lotação e atrasos dos ônibus nos horários de pico. "Não tem corredor (de ônibus), os carros (ônibus) não andam", reclamou um motorista que preferiu não se identificar. "Mesma coisa, não mudou nada, sempre lotado", disse a empregada doméstica Isabel Campos, de 40 anos, na fila do Mineirão segunda-feira, no terminal Santo Antônio.
Na mesma fila, a aposentada Maria Aparecida Silva, de 65 anos, também culpou o comportamento dos passageiros dentro dos ônibus: "O povo não respeita ninguém. Ficam todos na frente (do ônibus) e não vão para trás. Quando uma pessoa quer descer no meio do caminho e não tem espaço, ficam bravos, xingam." Isabel e Maria Aparecida embarcaram no ônibus da linha do Mineirão na tarde de segunda-feira, às 17h50. As duas trabalham no condomínio Granja Olga e moram no Mineirão.
O motorista que preferiu não se identificar disse que o número de carros na rua é tão grande que prejudica o fluxo dos ônibus. Segundo ele, acontecem casos em que dois ônibus saem do terminal Santo Antônio com intervalos de 15 minutos e, na rua Hermelino Matarazzo, estão um atrás do outro. Simplesmente porque o ônibus que saiu à frente ficou travado pela intensidade do trânsito e não conseguiu fazer a viagem no ritmo normal.
Segundo o motorista, a quantidade de ônibus é suficiente mas há "muito carro" em Sorocaba. A solução, no seu entender, é a criação de corredores exclusivos para ônibus e nos quais o movimento de embarque e desembarque seja feito pelo lado esquerdo dos veículos, utilizando-se plataformas nos canteiros centrais de avenidas como a General Carneiro, General Osório, Ipanema e Itavuvu. Ele calcula que transporta cinco mil passageiros por dia em seis viagens de ida e volta.
A cozinheira Fátima Almeida, de 34 anos, antes de entrar no ônibus prefixo 1111 da linha Itavuvu, às 18h05 de segunda-feira, observou que tem aumentado o número de ônibus naquele trecho: "Só que mesmo assim continuam lotados." O pedreiro Paulo Freiras, de 41 anos, que estava na fila para entrar no ônibus da linha Vitória Régia 2, prefixo 1058, falou: "Cada vez a população tem aumentado, lotado, cheio, todo dia desse jeito, não melhora." Dentro do ônibus, em plena subida da General Osório, a doméstica Amara Rita da Conceição, de 49 anos, comparou a expectativa da entrada da Consórcio Sorocaba na linha, em substituição à antiga TCS: "Falaram que ia melhorar, mas a gente não está vendo nada."
Sem parar
Sandra Regina Santos, de 39 anos, em companhia do filho Gustavo Soares dos Santos, de 11 anos, chegou às 18h25 no ponto da avenida Hermelino Matarazzo próximo entroncamento com a avenida Ipanema e rua J.J. Lacerda. Logo passou um ônibus Laranjeiras/São Camilo, mas estava lotado e não parou por causa de lotação. "Esse horário é assim mesmo, demora e quando vem, vem lotado", lamentou Sandra. Perguntada sobre solução, ela foi direta: "Mais ônibus." E também arriscou uma comparação entre os serviços prestados pela TCS e a Consórcio Sorocaba: "Não vejo nenhuma diferença, é a mesma coisa."
A mesma opinião é compartilhada pela funcionária de administração Elisângela Ribeiro, de 35 anos, que reclama do problema dos atrasos. Enquanto esperava o Paineiras ou Laranjeiras num ponto da rua Hermelino Matarazzo, ela disse que esses ônibus costumam atrasar 10 a 15 minutos no terminal Santo Antônio. "Se atrasam no terminal, atrasam aqui (no meio do caminho)", ela afirmou.
Dificuldades
Enquanto isso, no mesmo ponto da rua Hermelino Matarazzo, o aposentado Mariano Messias Filho, de 61 anos, fez sinal para um ônibus da linha Maria Eugênia parar. O ônibus, também lotado, com pessoas paradas nos degraus, passou direto, ignorando o seu sinal. "Eles estão desfazendo dos idosos, não é fácil", queixou-se Mariano. Dez minutos depois surgiu outro ônibus do Maria Eugênia e desta vez o veículo parou para o seu embarque.
Também nesse ponto, por volta das 18h30 de segunda-feira, um homem não identificado, ao perceber que o ônibus não ia parar, reclamou com gestos e o motorista acabou por atendê-lo. Ele entrou, ficou parado no degrau da porta da frente e, atrás dele, também no degrau, ficou um menino.
O motorista que pediu para não ser identificado falou também do estresse causado pelas situações de lotação. Ele lembrou que a função do motorista é dirigir, parar nos pontos, tratar bem o passageiro. Diante de problemas dentro dos ônibus, disse que há passageiros que xingam os motoristas: "O que ele tem a ver? A função dele é dirigir."
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