09/03/2012

Testes dobram número de panes no Metrô



CAIO DO VALLE
Cresceu o número de falhas registradas no Metrô de São Paulo. Dados da estatal obtidos pelo Jornal da Tarde revelam que, nos últimos dois anos, a quantidade de ocorrências operacionais na rede quase dobrou, passando de 32 em 2010 para 59 em 2011.
São interferências que prejudicaram a circulação dos trens, causando atrasos e agravando os efeitos da superlotação. Variadas, as panes vão de bloqueios das portas por usuários a defeitos técnicos nos sistemas de controle das composições. A estatística não inclui a Linha 4-Amarela, gerenciada pela ViaQuatro.
A situação foi pior na Linha 2-Verde, onde os casos mais do que triplicaram no período, subindo de 7 para 24. As linhas 1-Azul e 3-Vermelha tiveram, cada uma, 15 ocorrências em 2011, ante, respectivamente,11 e 10 no ano anterior. Na 5-Lilás, a menos carregada, as panes variaram de 4 para 5.
Entre as explicações para mais falhas estão o aumento da demanda e os testes de um novo sistema de sinalização, o CBTC (sigla em inglês para “controle de trens baseado em comunicação”). Esse mecanismo começou a ser instalado na Linha 2-Verde há cerca de um ano e meio, entre as estações Sacomã e Vila Prudente. Quando estiver operando em todo o ramal, ainda neste ano, deve fazer o intervalo das composições cair.
O diretor de operações da estatal, Mário Fioratti Filho, diz que, no ano passado, a implantação do aparato ainda estava em seu início. Nesse período são esperadas mais panes devido à adaptação do mecanismo ao uso diário.
“Durante o primeiro semestre de 2011, nós tivemos um número de falhas no sistema de sinalização muito maior do que a média admitida como normal, porque era um sistema novo entrando em operação”, diz Fioratti. A quantidade de ocorrências teria diminuído nos meses seguintes.
Passageiros que usam com frequência a Linha 2 reclamam da lotação. “Está muito cheio. De manhã, chego a esperar cinco trens passarem para conseguir embarcar”, diz o gerente de segurança Claudio Luis da Silva, de 30 anos. A fisioterapeuta Daniele Miranda, de 25 anos, não aguenta mais tantas paradas “para aguardar a movimentação do trem à frente”. “Estão cada vez mais comuns.”
O Metrô informa que, no ano passado, os trens percorreram 1,7 milhão de quilômetros a mais do que em 2010, o que também ampliou as chances de falhas. Como a previsão é de que mais quilômetros sejam percorridos neste ano, o número de falhas pode subir. Até o último dia 29, foram contabilizadas oito ocorrências.
Expansão da rede
Para Rogério Belda, diretor da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), a rede metroviária de São Paulo precisa ser expandida, para que haja uma melhor distribuição de usuários no sistema, evitando a lotação excessiva e, consequentemente, riscos de falhas. “Lembro que na rede de Paris, podiam fechar um trecho para reparos que ainda existiriam outras maneiras de chegar ao mesmo destino de metrô. Estamos longe disso, com poucas linhas.”
O secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, deve ser convocado a explicar o aumento de ocorrências operacionais nas linhas do Metrô na Assembleia Legislativa. O deputado estadual Donizete Braga (PT), que enviou ao Metrô ofício sobre o assunto, disse que fará a solicitação nesta semana. A ViaQuatro não respondeu quantas panes ocorreram na Linha 4 nos últimos anos.

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