23/07/2012

Paciente de convênio espera até 5 horas por atendimento



Folha de S.Paulo
Com dores na coluna, a analista Isabel Cristina Pires, 28 anos, esperou cinco horas para fazer raio-X e tomar medicação no Hospital São Luiz, na zona sul de SP.
Durante esse tempo, contou 30 pessoas de pé, uma deitada no chão e outras cinco em cadeiras de roda à espera de atendimento.
"Para que pagar plano de saúde caro? Para ser tratada em um hospital conceituado como paciente do SUS?", diz.
Do outro lado da cidade, na zona leste, a aposentada Zenaide Muniz, 78 anos, ficou oito horas aguardando leito de internação.
Só foi para o quarto após a filha ameaçar armar um barraco no hospital da operadora GreenLine, que disse que prestou todo o atendimento.
Cenas assim, comuns em hospitais públicos, têm se tornado cada vez mais frequentes em unidades privadas da capital, que trabalham com taxa de ocupação máxima de 95%. O ideal seria até 85%, para evitar a falta de leitos para urgências.
Elas são só um exemplo das dificuldades que usuários de planos têm enfrentado, ao lado da demora na marcação de consultas, exames e cirurgias.
Aquecimento
Em razão do crescimento econômico do país, mais pessoas têm contratado planos de saúde. Na capital, o número de conveniados subiu 13% desde 2009.
A rede hospitalar, no entanto, não cresceu à altura. Nesse período, o número de leitos de internação e de UTI caiu 8,4% --parte da queda ocorreu pelo fechamento de oito hospitais em 2010 e 2011, com 600 leitos, diz o Sindicato dos Hospitais.
Para o presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão, a situação é "problemática". Segundo ele, os planos "remuneram mal os hospitais, que, por sua vez, têm dificuldade de expandir a rede."
Resposta
A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa 15 dos maiores grupos de operadoras, diz que suas afiliadas "vêm fazendo contínuo esforço de investimento na ampliação da capacidade de atendimento".
A Amil afirma que tem a maior rede credenciada do país, que o levantamento do Procon-SP é baseado no total de reclamações, independente do número de beneficiários, e que cumpre a legislação.
A GreenLine diz que, no último ano, ampliou a rede em cerca de 60%, período em que os beneficiários aumentaram 30%. A Intermédica afirma que até 2011 teve o menor número de reclamações no Procon, entre as cinco maiores operadoras do país, e que deve haver engano na avaliação.
A Unimed Paulistana afirma que todas as reclamações encaminhadas têm retorno ao reclamante. Já a Golden Cross informa que é bem avaliada pela ANS em relação ao tempo de atendimento aos beneficiários.
A Bradesco diz que as reclamações correspondem a um percentual mínimo em relação ao número de clientes e que cumpre os critérios da ANS.
A Prevent Senior afirma que a maioria dos casos acaba sendo solucionada. E a SulAmérica informa que está abaixo da média de reclamações na ANS.
Todas afirmam que têm uma rede credenciada adequada e em constante ampliação. Itálica, Universal e Trasmontano não se pronunciaram.
O Hospital São Luiz admite que tem recebido muitos pacientes e que fez mudanças para reduzir a espera. A Prevent Senior diz que não negou o exame à paciente.

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