Cerca de 400 pessoas se reuniram na Prefeitura e seguiram para a avenida, onde grupo tentou depredar farmácia, provocando tumulto
Bruno Paes Manso e Thiago Mattos
Cerca de 400 manifestantes fizeram uma passeata tensa pelo centro de São Paulo, na noite desta quinta-feira, 2. O grupo tentou depredar uma farmácia na Avenida Paulista, mas as portas já haviam sido fechadas, justamente para prevenir danos durante o protesto. Onze pessoas foram detidas e uma mulher, ferida, após ser atingida por um PM com um cassetete na Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Lanchonetes e até uma viatura da Polícia Civil foram pichadas.
Após os dois últimos protestos, na terça e na sexta-feira, terminarem com um rastro de agências bancárias depredadas, os PMs decidiram fazer cordões de isolamento na frente dos bancos. O protesto teve a participação dos anarquistas do grupo Black Blocs. O policiamento reforçado não conseguiu impedir que alguns manifestantes jogassem pedras na farmácia Onofre, na esquina da Paulista com a Rua Bela Cintra.
Os suspeitos foram detidos depois da tentativa de vandalismo e podem ser soltos nesta sexta-feira, 3. Um deles foi acusado de tentar invadir o local e outro teria agredido um policial, segundo o major da PM Genivaldo Antônio. Dos detidos, a polícia divulgou o primeiro nome de três: Vinícius, Igor e Cleiton. No grupo também está um adolescente. Uma mulher chegou a ser arrastada até um camburão. Na confusão, os dois sentidos da Avenida Paulista chegaram a ser bloqueados. A via só foi completamente liberada às 21h45.
Quando as prisões começaram, a maior parte dos manifestantes cercou as viaturas e hostilizou os policiais, exigindo a liberação dos suspeitos, mas sem sucesso. Os detidos foram levados para o 78.º DP (Jardins) e a maior parte do grupo que participava do protesto decidiu seguir até a delegacia, na Rua Estados Unidos. No caminho, um McDonald’s e um Habib’s foram pichados.
Até as 23h30, cerca de 30 manifestantes ainda protestavam na frente do 78.º DP. Com o impasse na frente da delegacia, o grupo pichou "Fora PM" em um carro da Polícia Civil.
Hostilizados. Durante todo o protesto, as palavras de ordem eram contra a polícia ("PM assassina, chega de chacina") e os governos estaduais do Rio e de São Paulo. A pergunta "Cadê Amarildo?", que questiona o desaparecimento do pedreiro carioca se tornou um "meme" estampado em faixas e entoado em gritos de guerra.
Na concentração do protesto, na frente da Prefeitura, por volta das 18 horas, um dos manifestantes abordava pedestres e perguntava: "Sabe quem é Amarildo?" Se a pessoa não sabia, vinha a explicação: "Ele é um pedreiro que desapareceu no Rio, depois de ser abordado pela polícia na Rocinha. Ajuda a gente a divulgar essa história..."
Com medo de vandalismo, muitos comerciantes fecharam as portas. Antes de a marcha sair do Executivo paulistano, o major Antônio havia conversado com representantes do protesto e pedido para que não houvesse depredação. Caso contrário, avisou, seria necessário o uso da força.
Além da polícia, alguns repórteres foram hostilizados durante o protesto. "Eles me deram uma canelada, mas está tudo bem", disse o jornalista Fábio Pannunzio, da TV Bandeirantes. Bruno Torturra, da Mídia Ninja, foi alvo de críticas e acusações de ligação com o PT.
Trânsito. Às 18h45, o grupo saiu em passeata e, 15 minutos depois, bloqueou a Avenida 23 de Maio no sentido zona sul. Nesse horário, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou 180 quilômetros de lentidão na capital paulista - índice acima da média para o horário (162 km).
O protesto seguiu na direção da Paulista pela Avenida Brigadeiro Luís Antônio, onde começou uma correria de alguns manifestantes. Um policial militar tentou parar o grupo e atingiu com um cassetete uma das mulheres. Ela teve um corte no supercílio, que sangrou. Os participantes do protesto então reclamaram com PMs, que usaram cassetetes mais uma vez. Os manifestantes seguiram então pela Avenida Paulista, fecharam o sentido Consolação e atacaram a farmácia.
COLABOROU FERNANDO OTTO
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