Protesto no Rio termina em confronto e depredação

FELIPE WERNECK - O Estado de S. Paulo

Policiais militares usaram bombas de efeito moral, balas de borracha, paintball e até pedras para acabar com mais um protesto na noites desta terça-feira, 27, na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, zona sul do Rio, onde fica o Palácio Guanabara, sede do governo estadual. O tumulto se alastrou pelo bairro e pelo menos cinco agências bancárias, uma concessionária da Volkswagen e abrigos de ônibus foram destruídos na Rua das Laranjeiras. Várias barricadas com lixo queimado e pregos de quatro pontas foram montadas para tentar impedir a aproximação de caminhonetes do Batalhão de Choque.
Jovem é ferida durante protesto no Rio - Marcos Arcoverde/AE
Marcos Arcoverde/AE
Jovem é ferida durante protesto no Rio
O confronto entre policiais e os cerca de 300 manifestantes, que mais uma vez protestavam contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), começou por volta de 20h30, quando uma rapaz tentou impedir que PMs revistassem sua mochila. Houve tumulto e a grade de ferro que interditava a Pinheiro Machado na esquina com Álvaro Chaves, impedindo a aproximação do Palácio, foi empurrada. PMs usaram armas de paintball para marcar manifestantes, que lançaram pedras. Em seguida, caminhonetes com policiais do Choque começaram a perseguir "Black Blocs", que rapidamente montaram barricadas. Até um táxi que passava perto da Pinheiro Machado foi obrigado a retornar e usado como "escudo" por manifestantes.
Ainda na Pinheiro Machado, antes da chegada do Choque, houve uma guerra de pedras entre "Black Blocs" e PMs que usavam apenas armas de choque e de paintball. Pelo menos três jovens foram arrastados por PMs e agredidos com chutes e cassetetes. Além de pedras, manifestantes lançavam rojões. Os grupo de PMs que recolhia pedras para jogar nos militantes acabou recuando e voltou para se proteger na barreira policial. Depois, começou a caçada do Choque pelo bairro.
Antes do tumulto na rua do Palácio, quando os manifestantes ainda se agrupavam no Largo do Machado, uma menina que atravessava a praça foi atingida na testa por uma bala de borracha. A confusão começou quando PMs detiveram um ativista que estava sem documento. Alguns lançaram pedras e policiais jogaram uma bomba de efeito moral e atiraram balas de borracha. A menina atingida na testa, que seria estudante de direito da UFRJ, foi atendida por socorristas em um banco da praça.
Alguns manifestantes afirmaram ter recolhido cápsulas de projéteis no Cosme Velho, o que indica que policiais não teriam usado apenas armas consideradas não letais. PMs do Choque usavam toucas ninja e não estavam com identificação na farda. A reportagem do Estado estava ao lado de um menino negro com camisa do Botafogo quando um desses policiais veio na direção dele e disse em seu ouvido: "Você estava no Catete. Vou te pegar depois", possivelmente referindo-se ao protesto ocorrido no bairro na semana passada.
Um advogado que acompanhava a manifestação disse que pelo menos oito pessoas tinham sido detidas até as 22h30. Com o tumulto, várias ruas do bairro foram interditadas. 

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