Explosão de casos de dengue lota UBSs e deixa sorocabano em estado de alerta

Unidades de saúde das vilas Nova Sorocaba e Barão estavam cheias de pessoas com sintomas da doença
Giuliano Bonamim
giuliano.bonamim@jcruzeiro.com.br

A dengue tem avançado sem controle em Sorocaba e preocupa a comunidade. Pacientes com suspeita ou diagnóstico comprovado da doença superlotaram ontem as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em busca de atendimento. Na Vila Nova Sorocaba, um dos pontos mais críticos, o número de casos registrados neste ano saltou de 93 para 107 no intervalo de 24 horas. Na Vila Barão, 58 pessoas com sintomas procuraram o auxílio médico entre às 8h e às 11h15 e, em 20 delas, foi identificada a presença do vírus. O receio de o povo ser picado pelo mosquito transmissor é tão grande que o comércio já começou a registrar um aumento nas vendas de repelentes e raquetes elétricas.

A Secretaria de Saúde de Sorocaba não atualizou ontem o número de casos oficiais de dengue, apesar de a cidade estar em estado de emergência devido à epidemia. O último relatório divulgado anteontem, com dados referentes aos 28 dias de janeiro, mostrava 547 pessoas infectadas no município.





Esse número, certamente, já está desatualizado. A UBS da Vila Nova Sorocaba passou o dia lotada de pacientes com sintomas da dengue. Nas três primeiras horas de funcionamento foram identificadas 40 pessoas com pelo menos três sinais da doença: febre, manchas avermelhadas na pele e dores de cabeça, no corpo, atrás dos olhos e nas juntas.
A enfermeira Graziela Monteiro, que trabalha na UBS da Vila Nova Sorocaba, relatou que o movimento de pacientes com suspeita da doença tem aumentado diariamente. Tanto que, há uma semana, um espaço do prédio foi batizado de "sala de dengue" para atender a demanda. No local, a pessoa passa por uma triagem e tem uma mostra de sangue retirada do corpo para a comprovação do diagnóstico - que demora aproximadamente três dias.

Segundo Graziela, a procura pelo atendimento relacionado à dengue provocará até uma alteração no horário de funcionamento da UBS da Vila Nova Sorocaba. A partir de segunda-feira, o local fechará às 22h. Atualmente, o serviço é feito entre 8h e 19h.
Os assuntos relacionados à doença são explorados em todos os cantos da UBS da Vila Nova Sorocaba. Desenhos do mosquito estão expostos na sala de espera ao lado de dezenas de avisos. Um recado logo na entrada orienta os enfermos: "Pacientes com suspeita de dengue serão atendidos preferencialmente. Favor dirigir-se à sala de dengue". 

Na UBS da Vila Barão, outra concentração de casos em Sorocaba, o quadro de avisos mostrava anteontem o número de 37 registros da doença no bairro. Esse cálculo também já ficou para trás, pois somente pela manhã foram confirmadas mais 22 pessoas com o vírus.
De acordo com a Prefeitura, a transmissão tem ocorrido com mais intensidade nas regiões dos bairros Vila Barão, Lopes de Oliveira, Maria Eugênia, Nova Esperança, São Guilherme, Parque São Bento, Vila Angélica, Maria do Carmo, Fiori, Mineirão e Nova Sorocaba. Alguns focos foram registrados no sudoeste e norte da cidade, enquanto a zona leste está na fase inicial da proliferação. 

Infectados


Basta andar pelos bairros mais infectados para encontrar pessoas que estiveram ou estão com o vírus. O motorista Américo Dias da Silva, 67, teve o diagnóstico confirmado da dengue na quarta-feira. A sua esposa, Maria Aldina de Almeida Silva, 63, até ontem tinha somente os sintomas da doença. Ambos moram na Vila Nova Sorocaba e estiveram na UBS para dar continuidade ao tratamento.
Américo estava com o semblante triste, cansado, típico de um doente. "Não desejo essa doença a ninguém", afirma. "Os sintomas começaram no dia 24 e passei a noite delirando, com febre de 39 graus", conta. Maria Aldina teve como principal sintoma o vômito. "Começamos a passar mal no mesmo dia", relembra. 

A dona de casa Marisa Lima de Oliveira, 35, moradora do bairro Humberto de Campos, tem sofrido com o filho doente. Guilherme, 14, contraiu a doença nesta semana e esteve ontem na UBS da Vila Barão para ser examinado. "E eu conheço muito mais gente que pegou dengue neste ano, entre elas a minha irmã, uma vizinha e amigos", relata.

Já o empreiteiro Adenílson Alves, 33, acompanhou ontem a irmã e a sobrinha à UBS da Vila Barão. Ambas moram no bairro e contraíram a doença. "Elas estão muito debilitadas, mal conseguem ficar em pé e sentem muitas dores", relata.

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