HERTONESCOBAR-Estadão
03 Junho 2016 | 15:18
Cientistas brasileiros estão articulando uma campanha digital pela restauração do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), recentemente fundido com o Ministério das Comunicações, na reforma ministerial promovida pelo governo interino de Michel Temer. Muitos estão substituindo suas fotos de perfil nas redes sociais, e até mesmo em seus currículos Lattes (a mais importante referência profissional de qualquer cientista no Brasil), por imagens com a hashtag #ficaMCTI ou #voltaMCTI.
O ex-ministro Sérgio Rezende, que no início desta semana deu entrevista aoEstado criticando a fusão dos ministérios, foi um dos primeiros a trocar sua foto na Plataforma Lattes: http://goo.gl/Be8fjE
Manifestações de rua também estão sendo programadas para este fim de semana; sábado no Rio de Janeiro e domingo, em São Paulo. Mais detalhes no Jornal da Ciência, da SBPC: http://goo.gl/0NyEjw
O novo ministro, Gilberto Kassab (ex-prefeito de São Paulo), disse esta semana que quem foi extinto foi o Ministério das Comunicações, e que a pasta de Ciência e Tecnologia, na verdade, sai fortalecida da fusão. Mas é difícil apostar nisso.
A preocupação da comunidade científica tem fundamento: É menos gente, com menos dinheiro, para fazer em um único ministério o que se fazia em dois. Essa é a conta, basicamente; e não tem como chegar a um resultado positivo. Na melhor das hipóteses, as duas áreas são prejudicadas.
Na hora de pagar as contas e distribuir recursos, qual vai ser a prioridade? Atender às demandas das empresas de TV e telefonia, que movimentam quantias imensas de dinheiro e poder; ou atender às necessidades dos pesquisadores nas universidades, cada vez mais quebradas e sucateadas? Entre dar dinheiro para pesquisar células humanas, versus construir células de telefonia celular, quem vai levar a melhor?
O presidente em exercício Michel Temer disse recentemente que está disposto a reconhecer erros e voltar atrás, quando necessário. Já voltou atrás no caso do Ministério da Cultura. Agora é a vez da Ciência.
Post atualizado às 17h15, com mais informações.
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