POR GUILHERME MAZIEIRO, ESPECIAL PARA O ESTADO
02/06/2016,
05h00
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Registros
de ataques sexuais tiveram aumento de 129%, em 2015; foram pelo menos 9
estupros por dia
Foto: Marco Zaoboni.
Os casos de violência
contra a mulher cresceram 44,74%, em 2015, se comparado ao ano anterior. Dados
da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 indicam que ano passado foram
registradas 76.651 denúncias, ante 52.957, em 2014. Isso representa um caso de
violência a cada sete minutos no Brasil, em 2015. As ocorrências específicas de
violência sexual – estupro, assédio e exploração – saltaram 129%, de 1.517 para
3.478 relatos. No país foram 9,5 estupros por dia.
A maior parte de
todos os casos registrados, em 2015, é relativa a violência física,38.451
ocorrências, ou seja 50,15% to total. Outros casos mais recorrentes foram de
violência psicológica 23.247 (30,33%) e 5.556 de violência moral (7,25%). Esses
são os dados nacionais mais recentes, divulgados em março.
Michelle Dias, que
integra a Comissão de Instrução do Conselho Regional de Serviço Social de São
Paulo (CRESS-SP), considera que o aumento nos números é reflexo da força que as
mulheres ganham na sociedade. “Com vários mecanismos governamentais e ação
feminista nas ruas e em redes sociais, nós nos sentimos mais seguras e
fortalecidas para registrar as ocorrências. Porém ainda há culpabilização da
vítima e minimização da agressão durante o relato nas delegacias”, afirmou.
Michelle critica o
funcionamento das Delegacias da Mulher, em São Paulo, as quais operam em
horário comercial durante a semana. “Grande parte das agressões físicas está
ligada ao alcoolismo e uso de drogas, e a maior incidência é nos finais de
semana”, declarou.
Sobre o anúncio do
presidente interino Michel Temer (PMDB) de criar uma área especializada em
atendimento às mulheres na Polícia Federal, a assistente social ponderou.
“Claro que é importante. Mas é um mecanismo que talvez não seja efetivo. Para
se combater a violência contra a mulher a atenção afetiva é fundamental e não
um mecanismo emergencial, lançado durante um caso de abrangência nacional (a
suspeita de estupro coletivo a uma adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro,
na última semana).”
“O papel da mulher na
sociedade, hoje, é de luta pelos seus direitos e para desconstruir o machismo.
Falta um caminho tenso e extenso, mas é a única saída para mudar realidade do
Brasil”, disse.
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