
Ministro do Supremo Luís Roberto Barroso defendeu a operação da PF de "robustas e previsíveis reações" que, "se bem-sucedidas, impedirão a mudança de patamar ético de que o país precisa"; ele acrescentou, no entanto, que o necessário respeito à transparência "não legitima vazamentos seletivos, venham da acusação, da defesa ou da polícia"; nessa semana, o ministro Gilmar Mendes, também do STF, desferiu críticas contra os procuradores da força-tarefa da operação, e pediu "freios" à atuação dos investigadores
26 DE AGOSTO DE 2016 ÀS 13:44 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM 

247 – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso defendeu nesta sexta-feira 26 a Operação Lava Jato de "robustas e previsíveis reações" que, "se bem-sucedidas, impedirão a mudança de patamar ético de que o país precisa".
As reações, segundo ele, "incluem ataque ao Ministério Público, tentativas de reverter a jurisprudência do Supremo que permite a execução de condenações após o segundo grau, articulações para preservar mandatos maculados com mudanças legislativas que façam tudo ficar tão parecido quanto possível com o que sempre foi".
Barroso acrescentou, porém, que o necessário respeito à transparência "não legitima vazamentos seletivos, venham da acusação, da defesa ou da polícia".
Nos últimos dias, causou polêmica o vazamento de trechos da delação premiada do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, à revista Veja, com citação ao ministro do STF Dias Toffoli. O ministro Gilmar Mendes passou então a fazer duros ataques aos procuradores da operação, pedindo "freios" à atuação da força-tarefa.
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Barroso critica vazamentos seletivos em investigações sobre corrupção
Daniel Mello - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso criticou hoje (26) a exposição de informações sigilosas de investigações sobre corrupção. "O dever de transparência por certo não legitima vazamentos seletivos, venham da acusação, da defesa ou da polícia. A realização da Justiça desperta interesses e paixões, mas jamais poderá prescindir a boa-fé objetiva", disse ao participar de palestra em seminário sobre liberdade de expressão promovido pelo Google e pela Editora Abril.
Uma matéria da revista Veja do último fim de semana afirma que o ministro Dias Toffoli teria sido citado pelo ex-presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, durante negociação com o Ministério Público Federal (MPF) para delação premiada relacionada à Operação Lava Jato. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chefe do Ministério Público Federal, negou hoje (23) que os procuradores do órgão tenham recebido acusações contra Toffoli.
Barroso, entretanto, elogiou o modo como vem sendo conduzida a Operação Lava Jato. "A corrupção precisa ser enfrentada no Brasil não com arroubos retóricos ou como trunfo contra os adversários. Isso é o que sempre se fez. A novidade é que ela tem sido enfrentada nos últimos tempos com investigação séria, cooperação internacional, tecnologia e técnica jurídica. Essa é a grande diferença e grande virtude do presente momento", ressaltou.
O ministro ponderou ainda sobre a necessidade de se observar os direitos fundamentais dos acusados. "Evidente, o combate à corrupção, como tudo mais na vida democrática, deve ser concretizado dentro das normas constitucionais e legais, com respeito ao direito de defesa, com proporcionalidade e transparência", acrescentou.
Porém, o sucesso nos esforços para combater os crimes envolvendo a administração pública tem, na opinião de Barroso, insuflado ações em sentido contrário. "Existem robustas e previsíveis reações contra investigações de corrupção em geral", enfatizou. Ele citou em seguida algumas ações que percebe nesse sentido.
"Essas reações incluem ataques ao Ministério Público, tentativas de reverter a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que permite a execução de condenações após o segundo grau, articulações para preservar mandatos maculados e mudanças legislativas que façam tudo ficar como tudo sempre foi", enumerou.
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