Governador do Piauí, Wellington Dias avalia que o PT precisa discutir estratégias para não ficar isolado no cenário político brasileiro; segundo ele, o partido "tem moral. E tem um legado. As marcas dos nossos governos estão em todos os municípios do Brasil; "Mas o PT não pode ficar no isolamento. Há um conjunto de forças pulverizadas em vários partidos. Enxergo dois caminhos: ou se cria uma nova legenda ou se faz uma fusão. Poderíamos ter algo parecido com a Frente Ampla do Uruguai", afirma; para estimular a economia sem aumento de impostos, o petista defende o uso de uma parte das reservas cambiais
28 DE SETEMBRO DE 2016 ÀS 12:36 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM
Piauí 247 - O governador do Piauí, Wellington Dias, avalia que o PT precisa discutir estratégias para não ficar isolado no cenário político brasileiro. De acordo com o chefe do executivo, o partido "tem moral. E tem um legado. As marcas dos nossos governos estão em todos os municípios do Brasil. São unidades básicas de saúde, iluminação, sistemas de água, rodovias asfaltadas, conjuntos habitacionais".
"Ninguém fez tanto quanto os nossos governos. Mas o PT não pode ficar no isolamento. Há um conjunto de forças pulverizadas em vários partidos. Enxergo dois caminhos: ou se cria uma nova legenda ou se faz uma fusão. Poderíamos ter algo parecido com a Frente Ampla do Uruguai", disse ele durante entrevista à Carta Capital.
"Quando olho o mapa estadual de líderes afinados em torno de um mesmo projeto, vejo que estamos cinco vezes maiores do que éramos em 2003, quando o Lula assumiu a Presidência da República. Tire tudo o que foi feito no Brasil durante os governos Lula e Dilma. O que sobra? Um país atrasado, sem ferrovias, sem hidrelétricas, sem aeroportos reformados, sem inclusão social", complementou.
Segundo o governador, "é cada vez mais urgente a reforma política. O modelo atual é caro e impede cidadãos sérios de se candidatarem". "Dito isso, o PT voltou à oposição e tem de reapresentar um projeto para o Brasil. Não podemos apenas dizer 'somos contra' isso ou aquilo".
Cenário econômico
Questionado se é possível equilibrar as contas do setor público sem aumento de impostos, o governador reforçou que o Brasil só crescerá com "o aumento do investimento público". "O setor privado não fará isso sozinho. No mundo, o Estado sempre dá o primeiro passo. Há cerca de 30 mil obras espalhadas pelo Brasil, grande parte delas parada. Imagine se o governo federal decidisse reativá-las? No mínimo iríamos gerar mais 1 milhão de novos empregos. O Brasil poderia usar uma parte das reservas cambiais, cujo custo de manutenção é alto, para estimular a economia", disse.
"Nossas reservas cambiais se aproximam de 380 bilhões de dólares. O Brasil, sabe-se, atravessa qualquer choque externo com reservas na casa dos 350 bilhões. Minha proposta é: usar tudo o que ultrapassar essa marca em prol da reativação da economia interna", acrescentou.
Segundo o petista, "quem se dispuser a analisar com seriedade a proposta verá que ela faz sentido. Podemos usar o excedente para abater parte da dívida pública. Com essa folga, tanto o setor privado quanto a União, estados e municípios podem tomar mais empréstimos no exterior, com taxas de 2%, 3%, no máximo 4%, prazo de carência de três, quatro anos e mais 20, 25 anos para pagar".
Negociações com o governo
Wellington foi um dos organizadores de uma carta assinada por 20 dos 27 governadores expôs as dificuldades das finanças públicas estaduais. Divulgado no último dia 20, o documento pede tratamento semelhante ao dispensado ao Rio de Janeiro, que, após decretar “estado de calamidade”, recebeu um apoio financeiro da União equivalente R$ 2,9 bilhões.
O governador disse que "a dívida pública dos estados é muito concentrada. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul respondem por 87% do total. O Piauí, que administro, e o Tocantins não devem nada à União. Outras unidades da federação devem muito pouco".
"A dívida dos 20 estados que assinam a carta não passa de 9% do montante. Mas temos contas a pagar. E não me parece natural, justo, que o governo federal negue um repasse de 14 bilhões de reais. É um dinheiro nosso, gerado pela Lei Kandir. Uma receita que a União, a partir de suas decisões, retirou da receita desses estados. A negociação visa a continuidade de serviços básicos essenciais, hospitais, escolas. Vamos analisar o exemplo do Rio de Janeiro", disse.
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