19/11/2016

Jornalistas livres mostram o prédio do Geddel na Bahia...

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3 h
Pouco depois do seu pedido de demissão do Ministério da Cultura, Marcelo Calero afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que foi pressionado pelo secretário degoverno Geddel Vieira Lima (PMBD - Bahia), para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador. A liberação do projeto do edifício La Vue, onde Geddel havia comprado uma unidade, havia sido concedida pelo escritório do IPHAN na Bahia, mas cassada pela entidade nacional: o projeto teria que ser adequado de 30 para 13 andares.
O que é o La Vue: uma anomalia arquitetônica que está sendo construída na Barra, bairro histórico de Salvador e com as praias mais frequentadas e populares da cidade. Um grotesco edifício previsto para ter, originalmente, 106 metros, o triplo da altura dos prédios mais altos em seu entorno mais próximo, destoando e modificando totalmente a paisagem na qual pretende se inserir, ao redor de seculares edificações históricas tombadas pelo patrimônio público federal e estadual, entre as quais a Igreja de Santo Antônio da Barra, o Forte de São Diogo, o Cemitério dos Ingleses e o Forte de Santa Maria, sombreando a Praia do Porto. Ainda assim sua construção foi "estranhamente" autorizada pelo excelentíssimo golpista e prefeito desta cidade, senhor ACM Neto e pelo ex-diretor do IPHAN Bahia, senhor Carlos Amorim - uma indicação de Geddel, segundo Calero -, indo contra diversos pareceres técnicos, inclusive do próprio IPHAN, e vem sendo motivo de contenda judicial entre moradores da Barra, movimentos sociais e empreiteiras, estas sempre vencendo no lobby com a justiça.
Esse escândalo vem mostrar o quanto o patrimônio arquitetônico de Salvador vem sendo ameaçado por um gestor que, além de prefeito, é um agente do mercado imobiliário. Há pouco mais de uma ano os senhores Carlos Amorim e ACM Neto foram os responsáveis pela derrubada de mais de 30 casarões tombados no centro da cidade, área que vem se valorizando e passa por um intenso processo de gentrificação. Vem trazer à tona também o quanto o IPHAN, em vez de ser um órgão responsável por garantir a integridade do patrimônio histórico nacional, vem sendo usado para legitimar a sua destruição. Ser diretor do IPHAN se tornou um ótimo negócio: um cargo de segundo escalão, mas que por lidar com a especulação imobiliária, se tornou objeto de tráfico de influências e lugar privilegiado para o enriquecimento ilícito.
Por Tainá Moraes, para os Jornalistas Livres

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