O mais recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que o planeta deve ter um aumento médio de temperatura entre 2,9°C a 3,4°C neste século, mesmo com os compromissos do Acordo de Paris, no ano passado.
O relatório também estima que as emissões em 2030 devam atingir de 54 a 56 gigatoneladas de dióxido de carbono, pelo menos 12 gigatoneladas acima do necessário para tentar limitar o aquecimento global a 2°C neste século, uma meta considerada importante pelos cientistas para reduzir a probabilidade de impactos climáticos severos como tempestades intensas, secas longas, aumento do nível do mar, entre outros.
Para o economista Hugo Penteado, autor do livro Eco-Economia, Uma Nova Abordagem (Editora Lazuli), o atual sistema econômico é insustentável por ser linear (extrai/produz/consome/descarta), degenerativo, com a introdução de materiais que a natureza não tem como lidar (agrotóxicos, inseticidas, queima de combustíveis fósseis, químicos, plásticos, etc.) e infinito, por visar um crescimento desenfreado.
Já a Terra é o oposto, ela tem um sistema circular, que reaproveita tudo, regenerativo, com a purificação da água e regulagem do clima através de seus elementos, dos seres vivos e da atmosfera, e finito.
“Sustentabilidade significa imitar a natureza. Precisamos criar uma economia finita, regenerativa e circular. O sistema tradicional vem promovendo a maior extinção da vida dos últimos 65 milhões de anos. Se não for estancado imediatamente, a humanidade irá desaparecer em algumas décadas”, diz Hugo.
Para ele, os cientistas demoraram a aceitar o cenário crítico no qual vive a humanidade. Ela pode chegar à extinção através do fim da água, que é um subproduto da mudança climática já em ritmo acelerado e da comida, associada à destruição dos ecossistemas e pressionada pela demanda de pessoas e do sistema produtivo que cresce exponencialmente sobre um planeta finito.
Hugo também critica o termo economia verde que mantém o mito de separação do ser humano com o planeta, reforçando a teoria econômica tradicional. Além disso, muitas empresas transformaram o conceito em uma farsa ligada a áreas de marketing e comunicação para promoção da marca.
Outro grande erro apontado pelo especialista é a utilização do Produto Interno Bruto (PIB) como principal forma de medir o sucesso das economias com a justificativa de que o crescimento é o único caminho para a erradicação da pobreza. “A humanidade atingiu um nível de concentração de renda jamais visto e estudos mostram que parcelas mínimas da riqueza produzida chegam para os mais pobres”, diz.
“Só haverá salvação social se houver salvação ambiental. E só haverá salvação ambiental se houver salvação social. Enquanto mantivermos a maior parcela da sociedade alheia a qualquer participação e decisão sobre o futuro da Terra, com um sistema educacional que só os ensina a consumir e ajudar as empresas a vender bens de consumo, se tudo isso não mudar radicalmente, a extinção seguirá como o cenário mais provável”, conclui Hugo.
Por Daiane Brito
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