26/01/2017

Em demissão coletiva, membros do Conselho de Política Penitenciária denunciam Moraes

25 de janeiro de 2017 às 19h41

  
alexandre moraes
Da Redação
No dia 20 de janeiro, republicamos post do Justificando sobre a manobra de Alexandre de Moraes para ter maioria no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e impor os rumos do setor.
Na matéria, Victor Pimenta, mestre em Direitos Humanos e ex-coordenador geral de alternativas penais do Ministério da Justiça, antecipou que era possível até a renúncia coletiva dos conselheiros legítimos contra a medida de Moraes:
“O CNPCP, importante órgão de formulação de diretrizes criminais e penitenciárias, vai implodir. Seus conselheiros legítimos podem chegar até a renunciar coletivamente, esvaziando completamente o colegiado”.
Nesta quarta-feira (25/01), a previsão se confirmou.
Membros do Conselho de Política Penitenciária pedem demissão coletiva em protesto contra Alexandre de Moraes
Integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Cidadania, renunciaram coletivamente aos seus cargos nesta quarta-feira (25).
Os conselheiros denunciam a política de “mais armas e menos pesquisas” e advertem que a ação do governo “sem diálogo e pautada na força pública, tenderá, ainda mais, a produzir tensões no âmago de nosso sistema prisional”.
É a primeira vez que tal iniciativa ocorre desde a criação do colegiado em 1980.
Os agora ex-conselheiros alegam um “notório desprezo conferido ao Conselho” pelo Ministério da Justiça. Em entrevista de agosto de 2016, Moraes havia afirmado que a prioridade no Brasil deveria ser mais armamento e equipamentos bélicos e ridicularizou o trabalho de pesquisadores.
Um dos principais motivos alegados pelos antigos conselheiros para pedirem a renúncia foi o fato de Moraes ter investido “diretamente contra a autonomia e finalidade” do conselho. Segundo eles, há “uma clara tentativa de controle da voz e da opinião deste CNPCP”.
Os ex-conselheiros mostram-se contrariados pela decisão de recente de Moares de abrir oito novas vagas de suplência no conselho, por meio de portaria.
O objetivo de Moraes é buscar formar uma maioria de indicados pelo atual governo. Atualmente, o CNPCP conta com 18 integrantes, 13 deles indicados durante a gestão de Dilma Rousseff e outros cinco durante o governo de Michel Temer.
A criação da Comissão do Sistema Penitenciário Nacional por Moraes também é criticada pelo fato de o ministro ter assumido a indicação de integrantes do CNPCP para a comissão, sem dar poder ao próprio conselho de estabelecer quem serão seus representantes.
Na carta, os ex-conselheiros reclamam da negligência de Moraes com relação a decisões do colegiado. Uma delas refere-se ao indulto natalino, publicado pelo ministério em dezembro passado, no qual foi suprimida a comutação, ou seja, a substituição de uma pena mais dura por outra mais branda para detentos, bem como restringiu o direito ao indulto de natal a presos.
“Dias antes da crise prisional atingir patamar alarmante, a minuta de decreto de indulto aprovada pelo colegiado do CNPCP foi deixada integralmente de lado, optando-se pela formulação de um texto normativo que é, talvez, o mais restritivo em termos de liberdades já editado na história recente e republicana. ”
Os ex-integrantes do CNPCP criticam ainda o lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública “sem qualquer debate com a sociedade ou com as instâncias consultivas do Ministério. “Ao mesmo tempo, incentiva-se uma guerra às drogas no Brasil que vai, outra vez, na contramão das orientações contemporâneas das Nações Unidades e de diversas experiências bem-sucedidas em países estrangeiros”.
Assinam a carta de renúncia o agora ex-presidente do conselho Alamiro Netto e os conselheiros Gabriel Sampaio, Hugo Leonardo, Leonardo Bandeira, Leonardo Yarochewsky, Marcellus Uggiette e Renato Vitto, este último ex-diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional durante o governo Dilma Rousseff e atualmente assessor-chefe do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Conselho Nacional de Justiça, presidido por Carmem Lúcia, também presidente do Supremo Tribunal Federal.
Abaixo, a íntegra da carta dos conselheiros a Alexandre de Moraes.
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