A CNBB (conferência Nacional dos Bispos do Brasil) emitiu uma nota intitulada O GRAVE MOMENTO NACIONAL A nota começa com uma pergunta: O que está acontecendo com o Brasil? E aponta a grave crise ética que vivemos. E faz alertas importantes para os Brasileiros:
1-) A democracia corre grande risco na medida em que aumentam o descrédito e o desencanto com a política, especialmente quando o Congresso e o governo golpista não houve a voz do povo que não aceita a destruição de seus direitos duramente conquistados e promove barganhas sem escrúpulos para aprovar o “roubo “ dos direitos do povo. O crescimento da anti política pode nos levar para a barbárie, visto que somente a ação política possibilita uma saída negociada dos graves conflitos sociais que vivemos. A saída sugerida na nota é o aprofundamento da democracia, ao afirmar que é necessário “construir uma democracia verdadeiramente participativa”. Veja o trecho abaixo:
O Estado democrático de direito, reconquistado com intensa participação popular após o regime de exceção, corre riscos na medida em que crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os Poderes da República cuja prática tem demonstrado enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população. É preciso construir uma democracia verdadeiramente participativa. Dessa forma se poderá superar o fisiologismo político que leva a barganhas sem escrúpulos, com graves consequências para o bem do povo brasileiro.
2-) Urge uma reforma política profunda no sistema político. O descrédito da ação política favorece o crescimento de “salvadores da pátria” e o surgimentos de ditaduras e de regime de exceção. Chama a atenção que tem de ser abandonar a velha prática política do “toma lá, dá cá”; No fundo reforça a necessidade de que somente pela ação política será possível salvar a democracia. Veja o trecho:
“É sempre mais necessária uma profunda reforma do sistema político brasileiro. Com o exercício desfigurado e desacreditado da política, vem a tentação de ignorar os políticos e os governantes, permitindo-lhes decidir os destinos do Brasil a seu bel prazer. Desconsiderar os partidos e desinteressar-se da política favorece a ascensão de “salvadores da pátria” e o surgimento de regimes autocráticos. Aos políticos não é lícito exercer a política de outra forma que não seja para a construção do bem comum. Daí, a necessidade de se abandonar a velha prática do “toma lá, dá cá” como moeda de troca para atender a interesses privados em prejuízo dos interesses públicos”.
3-) Os interesses do mercado não podem estar acima da dignidade da pessoa humana. Esta lógica humanista está presente neste documento e ressalto esta passagem que diz muito sobre o atual governo usurpador:
“Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista. Recorde-se, com o Papa Francisco, que “o dinheiro é para servir e não para governar (Evangelii Gaudium 58).
4-) Os retrocessos sociais atingem os mais pobres e a “ausência de políticas públicas que atendam à população” aumenta a exclusão e semeia a violência, como se verifica no “massacre de trabalhadores rurais no município de Colniza, no Mato Grosso, e o ataque ao povo indígena Gamela, em Viana, no Maranhão, são barbáries que vitimaram os mais pobres”.
5-) No grave momento atual as reformas são necessárias, mas deve-se ouvir as reais aspirações do povo e espera-se que o judiciário cumpra seu papel institucional e não haja de modo seletivo, ou seja ,veiculo de justiçamento e perseguição a pessoas. Da mídia, espera-se que realmente cumpra o papel de informar o cidadão, que infelizmente vimos muito pouco na cobertura da última greve geral por parte de grandes veículos de imprensa. Veja o trecho citado:
“No esforço de superação do grave momento atual, são necessárias reformas, que se legitimam quando obedecem à lógica do diálogo com toda a sociedade, com vistas ao bem comum. Do Judiciário, a quem compete garantir o direito e a justiça para todos, espera-se atuação independente e autônoma, no estrito cumprimento da lei. Da Mídia espera-se que seja livre, plural e independente, para que se coloque a serviço da verdade”.
E por último a nota aponta que “não há futuro para uma sociedade na qual se dissolve a verdadeira fraternidade”.
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