Lucas Ferraz, que revelou o ‘aecioporto’: vitória do jornalismo

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Há dois dias, este blog registrou a confirmação, nos grampos realizados pela investigação das relações entre Aécio Neves e a JBS, de que o aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, era e continuava a ser “propriedade privada” da família, que detinha suas chaves e o seu uso.
Hoje, quer fazer justiça ao jornalista Lucas Ferraz, que, em artigo veiculado no site da Pública, uma agência de jornalismo, conta um pouco da saga que é ser repórter contra os poderosos, revelando os seus abusos, sempre “inacreditáveis” e protegidos pelo favoritismo na imprensa e no judiciário.
Leia um trecho:
Por muito tempo, contudo, essas acusações foram utilizadas por seu grupo político e simpatizantes para atacar o jornalismo que o revelou. Mesmo entre jornalistas, a versão do tucano – de que não houve ilegalidade na obra, uso privado ou que ela tenha beneficiado sua família – ganhou muito mais do que voz. Uma pena, pois foram muitos os que desprezaram os princípios do ofício para se dedicar à propaganda política.
(…)Seguiu-se à publicação da reportagem uma intensa – e em alguns momentos perversa – campanha contra os fatos relatados e documentados que não se restringiu à política. O trabalho jornalístico nunca sofreu reparos judiciais ou editoriais, mas isso não bastou para que eu fosse caluniado até por colegas de profissão. Durante a fratricida campanha eleitoral e até depois, foram muitos os ditos jornalistas que endossaram a fantástica estratégia de blindagem de Aécio Neves.
Adepto antigo do pós-verdade, Aécio Neves passou a campanha eleitoral se referindo ao episódio como um “equívoco” cometido por um “jornal paulista”. Até o ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto entrou no jogo: contratado por R$ 56 mil pela campanha do tucano, ele elaborou um parecer – sem nunca ter pisado em Cláudio – atestando a total legalidade da obra.
Passado o furor eleitoral, o Ministério Público de Minas Gerais concluiu pela segunda vez a investigação sobre a construção da pista. Como era esperado, os promotores mineiros não viram nenhuma irregularidade. Era mais uma investigação conveniente ao grupo político de Aécio: a Promotoria não levou em consideração nenhuma das provas apresentadas na reportagem.
Há mais, muito mais sobre o comportamento de políticos, mídia e Justiça na íntegra do texto, que pode ser lida aqui.
Na profissão, tanto quanto é preciso cuidado para não incorrer em erro, é necessário ter paciência e teimosia para enfrentar essa gente.
Mas é bom, afinal, poder dizer, como Lucas Ferraz, que “o jornalismo, por fim, venceu”.

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