Recessão econômica agravada pelos políticos interessados em retirar a presidente eleita Dilma Rousseff por meio de um golpe parlamentar e a crise decorrente da Operação Lava Jato derrubaram a geração de riquezas do setor de construção civil pelo segundo ano seguido, em 2015; segundo o IBGE, o setor encolheu 9,6% em 2014, ano em que a Lava-Jato foi deflagrada, e 7,8% em 2015, ano em que a recessão se agravou; queda de receitas chegou a R$ 14,6 bilhões, encolhendo para R$ 172,61 bilhões
21 DE JUNHO DE 2017 ÀS 10:53 // 247 NO TELEGRAM
247 - A recessão econômica agravada pelos políticos interessados em retirar a presidente eleita Dilma Rousseff por meio de um golpe parlamentar e a crise decorrente da Operação Lava Jato derrubaram a geração de riquezas do setor de construção civil, indicador equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) do setor, pelo segundo ano seguido, em 2015. Segundo dados da Pesquisa da Indústria de Construção Civil (Paic), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor encolheu 9,6% em 2014, ano em que a Lava-Jato foi deflagrada, e 7,8% em 2015, ano em que a recessão se agravou. Queda de receitas chegou a R$ 14,6 bilhões, encolhendo para R$ 172,61 bi.
Veja mais na matéria do IBGE sobre o assunto.
Em 2015, as empresas do setor realizaram incorporações, obras e/ou serviços no valor de R$ 354,4 bilhões, com retração (-16,5%), em termos reais, em relação a 2014. A receita operacional líquida (R$ 323,9 bilhões), também apresentou recuo de 18,7%, em termos reais. Todos os setores relativos à indústria da construção tiveram variações negativas no valor adicionado nesse mesmo tipo de comparação.
A construção de edifícios se manteve, em 2015, como o setor que mais contribuiu para o valor corrente (R$ 165,7 bilhões) das incorporações, obras e/ou serviços, com participação de 46,7%. As obras de infraestrutura ficaram em segundo lugar, apesar de registrarem redução na participação entre 2014 e 2015. Já os serviços especializados para construção tiveram aumento de participação.
Havia 131,5 mil empresas ativas que ocuparam 2,4 milhões de pessoas, cerca de 455 mil a menos do que em 2014. A participação do gasto com o pessoal ocupado foi de 33,3% nos custos e despesas dessas empresas, levemente superior à de 2014 (32,8%). O salário médio mensal recuou 1,4% em termos reais, passando de R$ 1.970,05 em 2014 para R$ 1.943,43 em 2015.
Entre as Grandes Regiões, o Sul teve aumento na participação no pessoal ocupado, de 13,9% para 15,1%, de 2014 para 2015, bem como no valor das incorporações, obras e/ou serviços, de 12,8% para 14,5%.
Essas e outras informações estão na 25ª edição da Pesquisa Anual da Indústria da Construção – PAIC, que retrata o segmento empresarial da construção, fornecendo aos órgãos governamentais e privados subsídios para o planejamento e aos usuários, em geral, informações estatísticas para estudos setoriais. A publicação completa pode ser encontrada aqui.
Tabela 1 - Dados gerais da indústria da construção - Brasil - 2014-2015
Ano | Dados gerais da indústria da construção | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Número de empresas ativas | Pessoal ocupado | Salários, retiradas e outras remunerações | Gastos de pessoal | Total dos custos e despesas | Valor das incorporações, obras e/ou serviços | Valor das obras e/ou serviços | Construções para entidades públicas | Receita operacional líquida | |
1.000.000 R$ | |||||||||
2014 | 128.012 | 2.894.458 | 74.129 | 108.110 | 329.406 | 395.132 | 382.687 | 129.780 | 370.783 |
2015 | 131.487 | 2.439.429 | 68.577 | 99.691 | 299.206 | 354.359 | 337.949 | 103.495 | 323.971 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2014-2015.
Construções contratadas por entidades públicas perderam participação de 2014 para 2015
Em 2015, o valor corrente das obras e/ou serviços da construção atingiu R$ 337,9 bilhões, sendo que deste montante, R$ 103,5 bilhões vieram das obras contratadas por entidades públicas, que representaram 30,6% do total das construções, participação menor do que a verificada em 2014 (33,9%).
A receita operacional líquida atingiu o valor de R$ 323,9 bilhões, recuando 18,7%, em termos reais, em relação a 2014.
Ano foi marcado por retração no mercado de trabalho formal da indústria da construção
Em 2015, o universo de empresas da indústria da construção totalizou 131,5 mil empresas ativas. O ano foi marcado pela retração acelerada no mercado de trabalho formal da indústria da construção, com o número de pessoas ocupadas passando de 2,9 milhões para 2,4 milhões. O gasto com o pessoal ocupado correspondeu a 33,3% do total dos custos e despesas dessas empresas, resultado superior à participação em 2014 (32,8%). O salário médio mensal recuou 1,4% em termos reais, passando de R$ 1.970,05, em 2014, para R$ 1.943,43, em 2015.
O recuo verificado reflete a desaceleração da atividade econômica do país, representada pela variação de -3,8% do PIB trimestral de 2015 em relação a 2014 (maior retração da série histórica iniciada em 1996) e evidenciada, no âmbito da demanda interno, pela perda de dinamismo do consumo das famílias, que apresentou queda de -3,9% em relação a 2014. Além disso, o aumento da taxa de juros (Selic) e a redução do volume de crédito influenciaram no resultado.
Construção de edifícios permaneceu com maior participação no valor corrente
A construção de edifícios se manteve como o setor que mais contribuiu para o valor corrente (R$ 165,7 bilhões) das incorporações, obras e/ou serviços, com participação de 46,7% do total em 2015. O segmento de obras de infraestrutura (R$ 119,9 bilhões) foi o segundo em termos de participação, com 33,9% em 2015, embora registrando uma queda de participação em relação a 2014 (38,3%). Por sua vez, o setor de serviços especializados para construção (R$ 68,7 bilhões) apresentou ganho de participação, passando de 17,9%, em 2014, para 19,4%, em 2015.
Obras e/ou serviços de construção perderam participação, mas continuaram à frente da estrutura de receita bruta
Entre os itens da receita bruta, as obras e/ou serviços da construção executados pelas empresas de construção representaram a parte fundamental na estrutura da receita do setor, totalizando R$ 329,3 bilhões em 2015, o que corresponde a 93,3% do total contra 94,4% observado em 2014. A receita proveniente das incorporações de imóveis construídos por outras empresas ficou em segundo lugar, com R$ 16,4 bilhões, representando 4,6% do total da receita bruta em 2015, contra 3,1% do total registrado em 2014.
Gastos com pessoal correspondem a um terço dos custos e despesas da indústria da construção
Na estrutura dos custos e despesas da indústria da construção, o item que mais se destaca é o referente ao gasto de pessoal, com 33,3% de participação em 2015, percentual superior ao assinalado em 2014 (32,8%). O consumo de materiais de construção obteve 22,4% em 2015, proporção inferior à obtida em 2014 (24,7%).
Todos os setores de atividade tiveram variação negativa do valor adicionado entre 2014 e 2015
Tabela 4 - Valor corrente, variação absoluta e variação relativa do valor adicionado da atividade construção, segundo as divisões de atividades da indústria da construção - Brasil 2014-2015
Atividades da construção | Valor adicionado da atividade de construção | |||
---|---|---|---|---|
Valor corrente | Variação | |||
Absoluta | Relativa (%) | |||
2014 | 2015 | 2014-2015 | 2014-2015 | |
Total | 187.228.031 | 172.612.300 | -14.615.731 | -7,8 |
Construção de edifícios | 78.127.686 | 77.876.689 | -250.997 | -0,3 |
Obras de infraestrutura | 66.842.383 | 53.637.380 | -13.205.003 | -19,8 |
Serviços especializados para construção | 42.257.962 | 41.098.231 | -1.159.731 | -2,7 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2014-2015.
Nota: Valor adicionado e variação absoluta em 1000 reais.
Nota: Valor adicionado e variação absoluta em 1000 reais.
Conforme mostra a Tabela 4, todos setores de atividade de construção obtiveram variação nominal negativa no valor adicionado. A divisão que mais contribuiu para o valor adicionado da atividade de construção foi construção de edifícios, com 45,1% do total em 2015; a segunda divisão em termos percentuais foi obras de infraestrutura, com 31,1%; e, por último, serviços especializados para construção, com 23,8%.
Região Sul tem maior crescimento de participação no valor corrente entre 2014 e 2015
Embora o Sudeste continue liderando a participação regional no valor das incorporações, obras e/ou serviços, houve queda de 52,3% para 50,9% de 2014 para 2015. Norte e Centro-Oeste tiveram variações negativas nessa comparação, de 6,9% para 6,8% e de 9,3% para 8,9%, respectivamente. Já a Região Sul apresentou crescimento de 12,8% em 2014 para 14,5% em 2015. O Nordeste teve pequena variação positiva, de 18,7% para 18,9%.
Valor total das incorporações, obras e/ou serviços teve queda real (-21,7%), para as empresas com 30 ou mais, de 2014 para 2015
Na análise dos produtos da construção executados pelas empresas com 30 ou mais empregados (estrato certo da pesquisa), verificou-se que, em 2015, o valor total das incorporações, obras e/ou serviços da construção foi de R$ 271,1 bilhões, assinalando uma queda de 21,7% em relação a 2014, descontados os efeitos inflacionários.
As obras de infraestrutura, grupo de maior peso na construção, reduziu o valor de R$ 138,9 bilhões, em 2014, para R$ 106,9 bilhões, em 2015, e sua participação no total das incorporações, obras e serviços da construção passou de 43,1% para 39,5%. As obras de infraestrutura são influenciadas pelos desembolsos efetuados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES direcionados a esta finalidade, que reduziram nominalmente 20,4%, passando de R$ 69,0 bilhões, em 2014, para R$ 54,9 bilhões, em 2015.
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