Joesley compromete PT, PMDB e PSDB, diz que Temer é o chefe da quadrilha e reforça o discurso da PGR-Globo contra o acordão de Jucá

17 de junho de 2017 às 13h09

  
Da Redação
Chama-se spin a tentativa, muito comum em propaganda política, de trabalhar os fatos para apresentar uma versão que seja benéfica a este ou aquele interesse.
Quem inventou o spin foi um sobrinho de Sigmund Freud, Edward Bernays, tido como o pai das relações públicas, que aplicou com sucesso suas teorias na nascente sociedade de consumo dos Estados Unidos. Começou confundindo o ato de fumar com “libertação feminista”, bombando a indústria do cigarro com a adesão de milhões de mulheres ao tabaco.
Nas últimas horas, diante da entrevista concedida pelo empresário Joesley Batista à Época, o spin é de que o dono da JBS inocentou Lula e jogou toda a culpa pela corrupção no Brasil nas costas de Michel Temer.
A leitura da entrevista completa (ver abaixo) não autoriza esta interpretação.
O empresário atira igualmente no PT, no PMDB e no PSDB. Aliás, localiza a origem dos fatos que denuncia no primeiro governo Lula. Embora afirme que nunca teve uma conversa direta com o ex-presidente sobre o pagamento de propinas, diz que os esquemas do PT eram feitos com intermediação do ex-ministro Guido Mantega.
Ele pode ter mentido, mas é impossível dizer que Joesley fala a verdade sobre o PMDB, mas mente quando menciona o PT. Não dá para fazer uma leitura seletiva da entrevista.
Podemos, sim, especular. Por que ele falou agora e à revista Época?
Estamos na véspera de uma semana crucial para o futuro do governo Temer, que claramente a PGR, a Globo e a Veja buscam exterminar.
Por que a Globo decidiu-se por jogar ao mar Aécio Neves, cujo pedido de prisão será julgado pelo STF na próxima terça-feira?
De novo, podemos apenas especular: com seu discurso antipolítica, a Globo aposta numa solução tecnocrática, indireta, via Congresso, que permita a retomada da agenda ultraneoliberal sem o peso de carregar Temer e sua gangue.
O que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez, ao pedir que Temer renuncie e chame eleições gerais já, pode ter sido apenas um recado à Globo: se vocês insistirem, vamos às eleições gerais correndo o risco de reeleger Lula ou algum outro governo que vocês, da família Marinho, não controlem!
Jogada esperta.
Em sua entrevista, Joesley compromete PT, PMDB e PSDB. Denuncia Lula e Dilma.
Mas — e aqui é o que realmente interessa à PGR — retoma a ofensiva contra Temer e sua base de apoio no Congresso e deixa o STF numa saia justa diante do pedido de prisão de Aécio Neves.
É óbvio que o powerpoint do procurador Deltan Dallagnol, apontando todos os dedos em direção a Lula, perde a força — se algum dia teve –, mas também é óbvio que esta é uma questão subsidiária no grande confronto do momento, que une PGR-Globo-Lava Jato de um lado e o acordão antecipado por Romero Jucá, “com o STF, com tudo”, de outro.

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