CONCENTRAÇÃO
Em quatro meses, grupo de especialistas pretende divulgar dados dos 40 maiores grupos de mídia do país. Controle dos grandes grupos impede a livre circulação de ideias
por Redação RBA publicado 07/07/2017 10h16, última modificação 07/07/2017 12h01
VINI OLIVEIRA
São Paulo – Em mais uma etapa na luta pela democratização dos meios de comunicação, no Brasil, a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) e o coletivo Intervozes lançaram na última semana, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a versão brasileira do Media Ownership Monitor (MOM), iniciativa que pretende mapear quem são os proprietários da mídia no país.
A pesquisa terá quatro meses de duração e culminará na divulgação de dados dos 40 maiores grupos de mídia do país. Apesar de o foco ser nos grandes grupos, há uma preocupação de abarcar também a questão das disparidades regionais. O levantamento MOM já foi realizado em outros 10 países – como Colômbia, Peru e Turquia – e em 2017, além do Brasil, alcança outros três.
"É fundamental a gente ter um levantamento de dados disponível para toda a população, com um fácil acesso, sobre quem são os donos da mídia, quem controla a mídia, que é a pergunta que essa pesquisa quer responder. Sem isso, a gente continua impossibilitado de fazer esse debate público sobre os danos da monopolização da comunicação no Brasil", afirmou André Pasti, do coletivo Intervozes, em entrevista à repórter Clara Araújo, para o Seu Jornal, da TVT.
"Não há democratização da sociedade sem democratização da mídia. Uma coisa está estritamente atrelada a outra. Para democratizar a sociedade, a gente precisa primeiro conhecer a mídia que temos para poder discutir como vamos democratizá-la", ressalta a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Suzy Santos, que também integra o conselho de especialistas do MOM no Brasil.
Com grande parte dos meios concentrados nas mãos de um pequeno grupo de proprietários, esses mesmos grupos exercem controle desproporcional sobre o debate público, definindo que temas e pontos de vistas merecem ser discutidos ou escondidos.
"A gente não consegue discutir uma cidade mais democrática porque não é essa a agenda desses agentes midiáticos. A gente não consegue discutir saúde para todos, o direito a saúde, por exemplo. A gente não tem uma diversidade de posições efetivamente circulando. Toda a agenda de direitos, toda agenda de avanços que a gente possa pensar para o Brasil, passa por ter a possibilidade de ter um debate amplo sobre esses assuntos. A gente só vai conseguir isso com uma mídia mais democrática", diz Pasti.
Assista à reportagem do Seu Jornal:
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