Fraco para aprovar o que prometeu ao mercado, Temer vende o Brasil-2018

lutepriva
Os movimentos de aceleração da venda de patrimônio público e da absurda adoção de um tal “semipresidencialismo” que é um mero disfarce, como registra Bernardo Mello Franco hoje na Folha, “para o velho parlamentarismo, que os brasileiros já rejeitaram em dois plebiscitos” não são desconexos.
É que precisam manietar o governo que virá das urnas para que – mesmo sem contar com a certeza de que ele terá propor a revogação de uma série de atos – se ofereçam aos investidores estrangeiros as fatias do Brasil  que se apressam a juntar para oferecer com preços de banana.
Porque é assim que o mercado está enxergando o arroubo privatista de Temer, com o qual substitui a já evidentemente derrotada “pauta de reformas”.
E  o “mercado”, enquanto Temer se segura no poder, festeja.
Meu experientíssimo colega Mário Marona separou, no Facebook, uma série de  declarações dos “mercadistas”, antecipando o que será a privatização da Eletrobras.
Para André Rosenblit, diretor de Mercado de Capitais e Renda Variável do Santander, “os olhos dos investidores brilharam” com o anúncio porque querem “um controlador cujo foco esteja no lucro, não nos problemas estruturais do país”.
— A privatização vai aumentar o valor da tarifa. Os leilões das usinas Ilha Solteira e Jupiá (em novembro de 2015) tiveram megawatt/hora de cerca de R$ 123. Portanto, maior que o valor do regime de cotas. O valor atual de R$ 60 é insuficiente. Há muitas pressões de preços para as tarifas — destacou Ricardo Savoia, diretor da Thymos Energia.
Marcelo Davanzo, diretor financeiro da Safira Energia, o fim do regime de cotas vai aumentar o valor da tarifa. Ele cita o preço atual dos contratos de longo prazo no mercado livre, cujo megawatt/hora varia entre de R$ 150 e R$ 170. No caso do mercado de curto prazo (spot), o preço chega a cerca de R$ 450:
— A privatização é positiva, pois vai resolver problemas na companhia. Mas o fim do regime de cotas vai elevar o preço daqui para frente. Isso porque as empresas vão vender energia a preço de mercado e não com um valor fixo.
Olga Simbalista, presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), também avalia que o preço deve subir, mas pondera que é preciso esclarecer como ficarão as usinas nucleares e a de Itaipu.
— O impacto da privatização das usinas cotizadas na conta de luz está calculado em alta de 7%. Tirando o sistema de cotas, o preço vai subir.
Quem vai assumir este setor? Empresas de infraestrutura nacionais, detonadas pela Lava Jato? Empresas estrangeiras de energia, que quebraram a cara com a política de implantação de termoelétricas, no “apagão” de FHC  – com a garantia de preço alto, que acabaram tendo de ser assumidas pela Petrobras, para não pararem de operar.
Mais: que investimento estes grupos farão, para recuperar em oito a dez anos, prazo em que uma hidrelétrica  leva para começar a ser remunerada? A que juros tomarão este dinheiro, sem mesmo a TJLP do BNDES, que está sendo extinta no Congresso? A ideia de que se poderá subsidiar com recursos orçamentários, quando as contas públicas estão sendo espremidas até o talo à procura de reduzir déficits?
O “brinde” de Temer ao mercado é o comprometimento do futuro do país. Depois que ele for, como deseja o povo, jogado no lixo em 2018, ainda se passará muito tempo jogando fora o lixo do mal que ele está causando ao país.
E um novo presidente, se lhe tirarem a vassoura, ficaria impotente para faze-lo.
Deixando os ratos à vontade no monturo.

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