Matheus Nachtergaele
Eu achei, sim, que se
ia investigar o tal Temer. A política venceu o bom senso. Uma presidente foi
caçada, um país desmontado novamente, mais uma geração condenada à miséria de tudo por causa de um negócio que não saberemos qual é,
posto que a nós resta pagar em silêncio os impostos para a manutenção dessa
babel que é Brasilia. Para nós não haverá escola, hospital ou transporte
decente. Não haverá penicilina, nem água limpa. As chuvas inundarão pra sempre
as ruas sujas e sem esgoto, e as crianças nossas serão marginais, criadas no
país do desamor, da cocaína, das igrejas evangélicas, do futebol a todo custo.
Teremos sido o país castrado da festa, e transformado em campo de guerra e
feiúra. Não haverá, por muito tempo ainda, nenhuma alegria que não seja
conquistada apenas por nós mesmos, nas reuniões singelas da dança e da festa.
Teremos tido a melhor música do mundo, as mais lindas aves, as praias e a vasta
fartura engolidas numa corrupção des-humanista e doente. Teremos sido o país do
futebol...grande bobagem. De minha parte, vou seguir fazendo filmes, peças e
séries de televisão que me pareçam investigadoras do homem do brasil ( com
minúscula mesmo, porque estou triste ), do que poderia ter sido uma
brasilidade, e serei um dos arautos sinceros do que é bonito e feio em nós.
Farei isso até a exaustão de mim. É o que sei fazer como artesanato. Nas horas
mansas, vou cantarolar um samba canção de arte e meus olhos vão se encher de
água impura. Aos poucos, o que era o futuro será o passado, mesmo. Tendo
sobrevivido a isso tudo, morrerei sem ter visto o país que ia inventar o novo.
Tudo é um negócio. Sorte pra nós. Beijo.
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