05/09/2017

Cláusula de barreira teria atingido 14 partidos se estivesse em vigor em 2014


Essas legendas perderiam acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV. Projeto pode ser votado na Câmara nesta semana.

Por Gustavo Garcia, G1, Brasília
 

Levantamento feito pelo G1 mostra que, se a cláusula de barreira em discussão na Câmara estivesse em vigor nas eleições de 2014, 14 partidos teriam perdido acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV.
A proposta da claúsula de barreira ganha espaço nas discussões da reforma política, diante da falta de consenso no Congresso em torno de outros temas, como a criação de um fundo para bancar campanhas com dinheiro público.
O texto, que pode ser votado nesta semana, estabelece uma exigência de desempenho mínimo nas urnas para que uma legenda tenha acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV. Os critérios vão aumentando aos poucos entre as eleições de 2018 e 2030 (veja os detalhes mais abaixo).
Entre os partidos que teriam sido afetados caso a regra estivesse valendo na última eleição, seis têm atualmente representantes na Câmara: PEN, PHS, PRP, PSL, PT do B e Podemos.
Outros oito, que não elegeram deputados em 2014, também seriam atingidos: PCB, PCO, PMN, PPL, PRTB, PSDC, PSTU e PTC.
O levantamento não leva em consideração as legendas criadas após 2014 e que têm bancadas na Câmara: Rede e PMB.
A proposta atual foi flexibilizada com relação à do Senado. Se prevalecesse a versão original do texto, 19 partidos seriam barrados. Siglas tradicionais, como o PPS e o PC do B, seriam afetadas. Outras, de criação mais recente, também seriam prejudicadas. É o caso de PSOL, PROS e PV.

Tramitação

Apresentado pelos senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Aécio Neves (PSDB-MG), o projeto foi aprovado pelo Senado em 2016 e encaminhado à Câmara.
Para aprovar a proposta na comissão especial, a relatora, deputada Séridan (PSDB-RR), flexibilizou as regras. O parecer da parlamentar foiaprovado no último dia 23 de agosto.
Agora, o tema aguarda votação no plenário da Câmara, o que pode acontecer na próxima semana.
tempo é curto, pois, para valer nas eleições de 2018, a cláusula de barreira precisa ser aprovada pelo Congresso até a primeira semana de outubro deste ano.

Requisitos para 2018

O texto estabelece uma cláusula de desempenho mínimo nas urnas para que uma legenda tenha acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV. Os critérios vão aumentando aos poucos entre as eleições de 2018 e 2030.
Para as eleições de 2018, os requisitos serão os seguintes:
  • Os partidos terão de obter, nas eleições para deputado federal, pelo menos 1,5% dos votos válidos, distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com ao menos 1% dos votos válidos em cada uma delas;
  • Ou ter eleito pelo menos 9 deputados, distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da federação.
Desempenho dos partidos em 2014 de acordo com regras da cláusula de barreira
PARTIDORecebeu no mínimo 1,5% dos votos?Em quantos estados recebeu pelo menos 1%Em quantos estados elegeu pelo menos um deputadoPassaria na cláusula de barreira?
DEMSim2114Sim
PC do BSim179Sim
PCBNão00Não
PCONão00Não
PDTSim2216Sim
PENNão51Não
PHSNão105Não
PMDBSim2727Sim
PMNNão53Não
PPSim2518Sim
PPLNão20Não
PPSSim138Sim
PRSim2618Sim
PRBSim2612Sim
ProsSim148Sim
PRPNão63Não
PRTBNão41Não
PSBSim2517Sim
PSCSim149Sim
PSDSim2417Sim
PSDBSim2523Sim
PSDCNão62Não
PSLNão41Não
PSOLSim93Sim
PSTUNão10Não
PTSim2721Sim
PT do BNão61Não
PTBSim2016Sim
PTCNão12Não
PTNNão54Não
PVSim125Sim
SDSim2315Sim

Alternativa

Às siglas que seriam atingidas pela cláusula de barreira, a proposta propõe uma alternativa: a chamada federação de partidos.
Legendas com afinidade ideológica e de programa poderiam se unir em federação, que terá os mesmos direitos e atribuições regimentais dos partidos nas Casas legislativas.
Esses grupos teriam direito aos recursos do fundo partidário e ao horário gratuito de rádio e TV, seria levada em consideração a soma dos votos válidos recebidos pelas siglas integrantes da federação.
Esses partidos, no entanto, teriam de atuar como um bloco parlamentar ao longo da legislatura, sem a possibilidade de dissolução da federação nesse período.

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