247 - A repressão do golpe não tem limites.
O estudante de 21 anos Felipe Gonzales Zolezi é réu em processo que o acusa de corrupção de menores e associação criminosa sob a denúncia de que levou uma câmera fotográfica a uma manifestação, em 2016, contra Michel Temer. Ele está entre os 18 réus em ação penal que corre sob sigilo no Tribunal de Justiça de São Paulo movida pelo Ministério Público Estadual. Todos eles foram presos em flagrante ao lado do capitão infiltrado do Exército, Willian Pina Botelho, hoje major.
No dia 4 de setembro de 2016, 18 adultos foram detidos e 3 adolescentes apreendidos em ato pelas ruas da cidade de São Paulo. Naquela noite, um deles não foi detido – o capitão infiltrado do Exército, William Pina Botelho, que trabalhava para o serviço de inteligência. Assim como outros jovens, ele não foi levado para o Deic, nem preso por uma noite. Na manhã seguinte, o juiz Paulo Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo mandou soltar todos os jovens afirmando que a prisão era ilegal. O caso foi divulgado inicialmente pelo jornal El País.
Botelho usava um perfil com nome falso – ‘Balta Nunes’ – nas redes sociais para se comunicar com os manifestantes. Dois inquéritos abertos pelo Ministério Público Federal de São Paulo para investigar se o flagrante dos jovens teria sido forjado junto à PM de São Paulo estão a caminho de serem arquivados. Outro, na Procuradoria Militar, já foi enterrado. Botelho foi promovido a major após os 18 jovens detidos junto com ele virarem réus por organização criminosa em um processo no qual não é denunciado e nem citado pela promotoria estadual de São Paulo. Ele foi arrolado como testemunha da defesa.
Os dezoito jovens respondem pela acusação de corrupção de menores e associação criminosa do promotor de Justiça Fernando Albuquerque Soares Sousa. Na denúncia, de cinco páginas, dez são acusados por dividir o porte de uma barra metálica e um disco de ferro. As únicas testemunhas de acusação são policiais militares.
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