Corretor confirmou depoimentos de delatores da empreiteira que citam repasses ao PMDB e ao PT
Beatriz Bulla e Fabio Serapião, de Brasília
12 Setembro 2017 | 05h00

Lucio Funaro. Foto: André Dusek/AE
O operador financeiro Lúcio Funaro afirmou em delação premiada que o presidente Michel Temer tinha conhecimento do pagamento de propina pela Odebrecht por contrato da Diretoria Internacional da Petrobrás.
As declarações de Funaro foram usadas pela Polícia Federal no relatório conclusivosobre a formação de uma organização criminosa pelo PMDB da Câmara, o chamado “quadrilhão” do PMDB.
Os repasses ao PMDB, segundo o herdeiro da empreiteira Marcelo Odebrecht, foram solicitados a Márcio Faria, diretor de Oléo e Gás do grupo Odebrecht, pelos então deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Por parte do PT, os repasses teriam sido tratados com o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto.
Faria, também delator da Odebrecht, disse à Procuradoria-Geral da República que Temer comandou em 2010 uma reunião na qual se acertou pagamento de US$ 40 milhões em propina ao PMDB, referente a 5% do contrato com a Petrobrás. O encontro, segundo o delator, aconteceu no escritório político do então candidato vice-presidente da República, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
Em delação, Funaro confirmou acusações da Odebrecht de que Temer estava ciente do pagamento de propina. O corretor disse que quem lhe passou a informação foi Cunha.
A delação de Funaro já foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas permanece em sigilo. O relatório da Polícia Federal e as revelações do operador financeiro devem embasar a segunda denúncia contra o presidente da República que vem sendo preparada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
COM A PALAVRA, MICHEL TEMER
Em nota, o presidente Michel Temer afirmou por meio de assessoria que “não tem relação pessoal com Lúcio Funaro” e que, “se esteve com ele, foi de maneira ocasional e, se o cumprimentou, foi como cumprimenta milhares de pessoas”.
COM A PALAVRA, EDUARDO CUNHA
O advogado Délio Lins e Silva Júnior afirmou que “a defesa nega de forma veemente todas as acusações e prestará os devidos esclarecimentos oportunamente.”
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